Atenção: Este texto possui spoilers

Mais uma vez, o nome Tomb Raider aparece de uma franquia de filmes, além do apelo relacionado ao jogo, o filme de 2001 também ficou conhecido pelo protagonismo de Angelina Jolie e o destaque nas bilheterias. Desta vez, a história de Lara Croft (Alicia Vikander) ocorre por meio da protagonista lidando com o sumiço e suposta morte de seu pai.

É a partir desta premissa sentimental que a heroína embarca em inúmeras aventuras envolvendo esforços sobre-humanos. Inicialmente, ocorre a apresentação da personagem, após sete anos o desaparecimento de seu pai, ela continua negando para si mesma que ele esteja morto da mesma forma que rejeita os bens herdados com o nome Croft. Assim, flashbacks mostram a relação próxima que tinha com Richard Croft (Dominic West) e como esta ausência continua interferindo em sua conduta badass.

Ao descobrir quase que magicamente as pistas que seu pai lhe deixou, Lara reafirma que sua maior qualidade é a esperteza com a qual consegue lidar com situações adversas. Obstinada a procurar respostas, ela decide embarcar na mesma viagem que seu pai fez antes de desaparecer, ao chegar em seu destino, as aventuras e cenas de ação começam a surgir na trama, criando uma mistura do místico com o mundo físico.


Problemas no roteiro

O roteiro se torna o principal ponto fraco do filme, sem contribuir sequer para que a história se torne aceitável mesmo que como entretenimento fácil. As cenas que deveriam ser ápice devido à carga sentimental e o fácil relacionamento com o público são esquecidas para que a trama mística assuma lugar. Esta, por sua vez, é também deixada de lado para que ameaças mais condizentes e reais sejam mostradas, assim todo rumor sobre magia se tratava na verdade de uma possível arma química.

Até chegar nesta conclusão várias cenas são apresentadas de forma que só resta a público aceitar, pois, na possibilidade de questionamentos, estes realmente ficam sem resposta. Exemplo? Em uma sequência de fuga, Lara sofre um ferimento que em nada interfere em sua performance no restante do filme, assim como objetos que somem e aparecem em cena apenas quando são convenientes.

Além de vários momentos sem uma explicação minimamente plausível, o roteiro também fica devendo muito ao espectador quando se trata de seus personagens. Sem contar com os Crofts, todas as figuras restantes são esquecíveis, suas histórias e motivações ficam por conta da imaginação do público ao mesmo modo que estes se tornam reduzidos à condição de solução, como Lu Ren (Daniel Wu) ou impedimento, no caso de Mathias Vogel (Walton Goggins)


Protagonista feminina não quer dizer protagonismo feminino

Um dos únicos méritos do filme fica por conta da caracterização da protagonista. Em 2001, Jolie aparecia com a mesma proposta aventuresca de forma hipersexualizada (uma lembrança fiel do jogo de vídeo game). Este ano, Alicia Vikander é apresentada de forma bem mais relacionável com o contexto que está inserida, com um figurino adaptável tanto para as cenas urbanas quanto cenas de aventura no estilo Indiana Jones.

Além disso, o desempenho de Vikander também se destaca tentando dar sentido e salvar diversos momentos do filme. Entretanto o roteiro já citado anteriormente neste texto também não proporciona tanto destaque para sua protagonista. Torna-se até mesmo um paradoxo falar isso, porém à medida que o filme se desenvolve uma série de personagens masculinas vão tomando conta da trama esquecendo a cena inicial que apresentava uma pretensão de um protagonismo mais persistente.

Este fator não chega a ser um grande defeito, porém o mau aproveitamento da atriz é de dar pena, a evolução física de Lara, por exemplo é surpreendente na trama. No início o espectador toma conhecimento de que ela sabe lutar e que tem uma condição física condizente, porém conforme as cenas de ação vão sendo inseridas, Lara poderia facilmente se chamar Diana, pois assim como a mulher-maravilha somente com superpoderes para realizar tanto de algo que nunca tinha sido visto.

Talvez o pior sobre a conclusão deste filme é a pretensão de sua continuidade. Após toda aventura, Lara ainda tem vontade suficiente para conectar a herança de seu pai com conflitos presentes deste o início do filme, estes serão o foco das próximas continuações. Assim, os fãs do nome Tomb Raider podem experimentar um misto de sensações com o alívio ao saber que mais conteúdo da franquia será produzido e a preocupação de assistir outros filmes desta mesma competência.