Continuação do sucesso de 2012, “Wi-Fi Ralph Quebrando a Internet” encanta muito mais pelo incrível visual cheio de cor e soluções criativas para transpor os recursos virtuais para a tela do cinema do que necessariamente por ter uma trama forte suficiente. De certo modo, lembra a própria Internet: a estética prevalece sobre o conteúdo desde que seja divertido.

A trama começa com Ralph mais feliz do que nunca, enquanto Vanellope está incomodada com a mesmice da vida. A situação muda quando o controle do jogo dela quebra e a máquina será descartada. Os dois, então, partem rumo à Internet para conseguirem comprar o controle. No meio disso, a dupla descobre as infinitas possibilidades do meio virtual.

“Wi-Fi Ralph” pode ser encarado como uma espécie de tutorial sobre o funcionamento da Internet. Conhecemos como funciona os caminhos que nos levam aos sites, os mecanismos de busca, os chatos pop-up, a entrada de vírus no computador, além de mostrar o poder de um viral na sociedade e até mesmo os comentários maldosos tão comuns na rede. O que poderia soar chato ou difícil demais de ser assimilado se torna encantador devido à forma com que tudo é apresentado pelo design de produção colorido e didático da animação.

Através de avatares, linhas percorrendo os caminhos dos usuários, grandes prédios mostrando gigantes como Google, Buzzfeed e YouTube unidos no BuzzTube até os passarinhos do Twitter, somos convidados a embarcar neste mundo mágico. No parque de diversões virtual, a Disney, claro, acaba sendo o momento mais espetacular com referências desde “Star Wars” passando por Stan Lee, “Zootopia”, “Branca de Neve” e, claro, o encontro das princesas do estúdio.

Esta sequência, aliás, traz como ponto alto a transformação recente das protagonistas femininas da Disney ao trazer uma sátira às princesas clássicas. Enquanto elas estão sempre esperando serem salvas pelos príncipes, as personagens mais recentes como Moana, Merida, de “Valente” e da própria Vanellope possuem mais autonomia da figura masculina. Isso demonstra a inteligência do estúdio em saber se adaptar às mudanças sociais mesmo falando para um público infanto-juvenil.

Por outro lado, “Wi-Fi Ralph” traz uma história previsível demais, capaz de qualquer prever o que irá acontecer após 15 minutos de filme. A relação quase paterna dos personagens e o drama sobre a emancipação do mais jovem já foi vista de forma muito mais complexa em “Procurando Nemo” e “Lady Bird” (isso só para citar longas com diálogo para o público de faixa etária semelhante). Além disso, os desafios da dupla são obtidos de forma muito fácil vide como eles conseguem o objetivo que o levaram à internet.

“Wi-Fi Ralph” é divertido e entretém pais e filhos facilmente pelas duas horas de duração. Poderia ser mais ousado se quisesse, mas, cumpre o prometido.