Enquanto assistia a Boxballet, curta animado russo dirigido por Anton Dyakov, lembrei da Olívia Palito e do Brutus do desenho do Popeye. O curta mostra uma história de amor entre Evgeny, um boxeador grandalhão e quase monstruoso, e Ilya, uma bailarina esbeltíssima que parece um cabo de vassoura. Dyakov conta a história deles com a brevidade de quinze minutos e sem diálogos, o que torna seu filme um belo exercício de cinema animado.

É um bom filme, mas não chega a ser ótimo. O traço da animação é exagerado, caricatural demais. Embora isso renda alguns breves instantes de humor, esse aspecto provoca uma distância entre espectador e os personagens. Ainda assim, essas pitadas de humor e uns floreios interessantes aqui e ali – um pôster de Rocky, Um Lutador (1976) desenhado, uma referenciazinha ao Mickey Mouse, uma bela transição – fazem de Boxballet uma experiência bonita, mas não muito além disso.

A comparação com Olívia Palito e Brutus não parece despropositada, pelo menos visualmente. Mas eles tinham mais vida interior do que as figuras de Dyakov. Apesar de o diretor brincar com a justaposição dos opostos, em termos formais e temáticos – a violência do boxe contra a delicadeza do balé – suas figuras acabam não tendo vida suficiente para despertar muita emoção. Boxballet tem seu charme, mas falta-lhe um pouco mais de vida dentro das suas figuras bidimensionais.

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