Nada como uma boa diversão inofensiva, né? Tem dias que pedem (se bem que, sendo brasileira, isso é a todo momento). Foi com isso na cabeça que comecei a assistir a “Maldivas”, nova série nacional da Netflix. No caso dessa produção, é difícil desassociar-se da antecipação que ela causou nos últimos tempos. Não por fofocas de bastidores, mas pela aposta alta em seu elenco, encabeçado pela agora Hollywoodiana Bruna Marquezine e por uma Manu Gavassi já na era fenômeno do marketing (que teve seu auge com o BBB 20). 

A premissa não é das mais elaboradas, mas isso pouco importa. Um condomínio de luxo na Barra da Tijuca é o cenário de uma morte misteriosa, que entrelaça os destinos de Liz (Marquezine), Milena (Gavassi), Rayssa (Sheron Menezes), Kat (Carol Castro) e Verônica (Natalia Klein, que também é a showrunner). 

É até interessante ver o condomínio como símbolo de poder, crime e segredos. Não é muito diferente de outra série ambientada em um prédio, a deliciosa “Only Murders in The Building”, mas, se é para efeitos de comparação, talvez o tom fique mais próximo a “Desperate Housewives”, com a relação de um grupo de mulheres que podem ou não estar envolvidas na morte que dá o pontapé para a história. 

No meio de tudo isso, o drama da personagem de Marquezine ainda parece meio deslocado, sem despertar tanto o interesse, pelo menos, desta que vos escreve, mas acaba sendo curioso vê-la novamente com Vanessa Gerbelli, interpretando filha e mãe, quase 20 anos após a novela “Mulheres Apaixonadas” (primeiro trabalho de destaque da estrela de ‘Besouro Azul’). Ainda nesse tema, bacana ver Narjara Turetta de volta e em um papel que, assim como o de Jackie Hoffman em “Only Murders”, parece ser mais do que a superfície mostra (aí eles vão lá e não dão nenhuma função para além das reações desesperadas e a frase anterior se torna obsoleta como lágrimas na chuva). 

O Cine Set teve acesso aos três primeiros episódios (são oito, no total), e, por eles, já deu para perceber que a espinha dorsal não foge muito das já citadas produções norte-americanas. Contudo, “Maldivas” tem como trunfo a narração de Natalia Klein, que rouba a cena com mais do que as famosas frases de efeito, tão cansadas em produtos como este. A dinâmica quase que canastrona impressa nas cenas entre Klein e Manu Gavassi é a promessa de que, pelo menos ali, vai ter camp. 

Mesmo assim, sobra espaço para momentos risíveis demais até para uma série que não se propõe a tanto, como a fala “você precisa decidir quem você é na vida: uma pessoa que come foie gras ou o coitadinho do ganso”. É como eu costumo dizer. Farofa é bom, mas em demasia pode causar indigestão.