Caio Pimenta apresenta a história das transmissões do Oscar na televisão brasileiro da TV Tupi até as exibições na Globo.
DA TUPI À GLOBO
Se nos EUA, a primeira transmissão televisionada do Oscar aconteceu em 1953, aqui, no Brasil, foi preciso esperar um pouquinho mais. A TV Tupi exibiu a cerimônia pela primeira vez no país em 1970. Depois, em 1972 e 1973, a TV Record, Rio e a Difusora de Porto Alegre fecharam uma parceria para mostrar o Oscar no Brasil.
Mas, foi a partir de 1974, que a Globo assumiu o comando da exibição do Oscar no Brasil com presença do repórter Hélio Costa direto de Los Angeles. Já entre 1975 e 1980, o Hilton Gomes apresentou. Foi na cerimônia de 1980, aliás, que o Rubens Ewald Filho passou a integrar a equipe comentar os resultados e assim foi durante os próximos 10 anos.
Na década de 1980, o Renato Machado também foi apresentador do Oscar na Globo. O comando mudou em 1991 com a Doris Giesse e o Maurício Kubrusly, mas, voltou para o Renato Machado no ano seguinte e em 1993. E, então, veio uma grande mudança.
CHEGADA DO SBT
Na renovação do contrato, a Globo não aceitou uma cláusula da ABC, a detentora dos direitos para venda internacional, que incluía o Oscar junto com um pacote de 30 filmes e uma linha de produtos da emissora. A Globo só queria o Oscar, bateu o pé, o Silvio Santos e levou a festa para o SBT.
Apesar de uma ou outra gafe, o SBT mandou muito bem com uma ampla cobertura na programação, anúncios de jornal e a exibição do tapete vermelho e da cerimônia na íntegra ao vivo, algo que a Globo não fazia. A apresentação foi do Boris Casoy com o Rubens Ewald Filho. Nos anos seguintes, o Boris deu lugar para a Marília Gabriela e, em 1996, aliás, a audiência superou a Globo na hora do anúncio de Melhor Filme em Língua Inglesa. Na época, “O Quatrilho” estava indicado.
Porém, não durou muito e o Oscar voltou para a Globo em 1997, mas, de novo, em segundo plano. Pelo menos, a gente começou a ter a exibição no Telecine com comentários do José Wilker, gerando uma opção para os cinéfilos. O SBT recuperou os direitos da festa em 2000 e exibiu a cerimônia até 2004. A Babi Xavier e a Maria Cândida apresentaram a festa ao lado do Rubens Ewald Filho.
DE VOLTA À GLOBO E O PROBLEMA DO BBB
E, então, de 2005, o Oscar sossegou na Globo. O José Wilker comentou durante muito tempo a cerimônia até a precoce morte dele em 2014. Daí, tentaram vários comentários: o Lázaro Ramos, a Dira Paes e o Miguel Falabella até que não comprometeram, bem diferente do micaço digno de meme da Glória Pires. A apresentação dos últimos anos ficou com a Maria Beltrão e os comentários do Artur Xexéo.
O grande problema na Globo tem sido sempre a preferência da emissora por outras atrações que não o Oscar. Quando é o carnaval, eu até compreendo por ser a maior representação da cultura popular brasileira, agora, ceder para exibir o Big Brother Brasil não dá. Aliás, em 2020, a gente ainda viu a Globo trocar o Oscar pelo jogo da Seleção Pré-Olímpica, um negócio maluco.
O ex-diretor de programação da emissora, o Roberto Buzzoni, chegou a explicar, lá nos anos 1990, essa certa rejeição ao Oscar: para a emissora, é um produto que dá pouco audiência e um retorno de faturamento abaixo do que se imagina. Porém, fica a pergunta: se é para ser exibido como sobra da programação, por que não abrir mão e deixar outra emissora como, a Band, por exemplo, exibir?
Ainda bem que existe a TNT que, pode não ter a transmissão mais perfeita do mundo, mas, permite assistir o evento com a possibilidade da sempre bem-vinda opção do áudio original.