Saindo do formato documental de seu curta-metragem anterior, H2O”, e retornando ao tom satírico de “Televisão”, Moacyr Massulo brinca com o inusitado e o quase nonsense em “Mau Hábito“, uma de suas duas produções selecionadas para a I Mostra do Cinema Amazonense, que acontece esta semana.

Fruto de mais uma parceria do grupo Planos em Sequência, do qual o diretor e o roteirista, Rod Castro, fazem parte, “Mau Hábito” acompanha um sujeito (vivido pelo próprio Massulo) que acorda no meio da noite para fumar, mas não consegue fogo para acender o cigarro de jeito nenhum. A busca por qualquer coisa que acenda o bendito cigarro o leva a uma série de situações inesperadas – numa referência confessa do diretor a “Depois de Horas”, de Martin Scorsese.

Logo de cara, a montagem ágil e dinâmica combinada ao uso de closes e ângulos inclinados se destacam como pontos altos do curta e colaboram para atingir o efeito cômico de algumas cenas, como o momento do insólito encontro com um ladrão. Pena que os óbvios problemas de captação e mixagem de som e a trilha sonora desencontrada acabem prejudicando até mesmo o entendimento de alguns diálogos, como a referência engraçadinha a “Onde os Fracos Não Têm Vez”, que quase se perde totalmente.

Talvez com uma melhor produção em termos técnicos e mais do que seus rápidos quatro minutos, “Mau Hábito” pudesse render mais situações tão bizarras quanto as do original de Scorsese. De qualquer forma, vale como experiência divertida; e lembrete: sempre tenha um isqueiro ou seus fósforos por perto.