A atriz escocesa Tilda Swinton definitivamente teve um bom ano. Idolatrada pelos fãs, ela dividiu seu tempo desmentindo descontraidamente no Twitter boatos “exóticos” como a especulação de que ela teria manteria um relacionamento estável com dois homens simultaneamente, ao passo em que também figurou em filmes recorrentes nas listas de melhores de 2014, tudo isso mantendo sempre seu jeito cool de quem está ali só pela diversão.

tilda swinton amantes eternosO grande público adora Tilda desde que o mainstream decidiu abraçar sua figura andrógina e magnética em filmes como “As Crônicas de Nárnia” (2005) e “Constantine” (2005), no qual, inclusive, interpretou um anjo, Gabriel. Porém, é nas produções alternativas que a atriz consegue mostrar todo o seu potencial, em especial nos projetos ousados. Que o digam as parcerias com os diretores Derek Jarman (“Caravaggio”, 1986; “The Last of England”, 1988; “The Garden”, 1990; “Edward II”, 1991; e “Wittgenstein”, 1993) e Jim Jarmusch (“Flores Partidas”, 2005; “Limites do Controle”, 2009; e “Amantes Eternos”, 2013).

Falando em Jarmusch, ele deu a Tilda um de seus papeis de destaque em 2014: o da vampira imortal Eve em “Amantes Eternos”. Ainda mais pálida do que normalmente é, com cabelos descoloridos e os característicos caninos sobressaltados, a atriz personificou com perfeição a imagem do vampiro lânguido e já totalmente desconectado da brevidade da vida humana. Com essa atuação, Swinton cede novamente a esse personagem mítico a profundidade que a saga Crepúsculo retirou com louvor nos últimos anos, explorando a dualidade de um ser que sempre transborda uma aparente calma, apesar de seus instintos assassinos de sobrevivência.

Outra parceria que só pode ser definida como linda nesse ano foi a de Tilda com o diretor americano Wes Anderson em “O Grande Hotel Budapeste”. A maquiagem pesada, aliada ao talento da atriz, transformou-a na Madame D., uma ricaça de mais de 80 anos que se hospeda no hotel-título e cuja morte engrena toda a aventura vivida pelo personagem principal, Gustave H. (Ralph Fiennes). Ainda que com tempo reduzido na tela, sua presença é luminosa na comédia e mostra a versatilidade de Swinton ao colocá-la num ambiente mais ameno se comparado às situações pesadas que ela encarou nos dramas “Precisamos Falar Sobre o Kevin” (2011) e “Michael Clayton” (2007), pelo qual ganhou um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

tilda swinton snowpiercer

Além dos trabalhos com Jarmusch e Anderson, o encontro de Tilda Swinton com o diretor sul-coreano Joon-Ho Bong resultou em outro filme de lista de melhores do ano. Trata-se de “Snowpiercer”, uma distopia pesada na qual ela interpreta Manson, uma das líderes de uma sociedade que junta o que restou da raça humana num enorme trem dividido em dois grandes grupos, um de subtrabalhadores e outro de nobres, enquanto o mundo lá fora sofre uma grande era glacial. Se a sinopse parece séria, o mesmo não se pode dizer de Manson, uma vez que Tilda se aproveita dos recursos do figurino e maquiagem para criar um visual hilário, aliado a uma performance afetada no melhor sentido da palavra. Ela é, ao mesmo tempo, o alívio cômico e a sinistra faceta do grupo dominante do trem.

Finalizando o ano de Swinton, a única participação dela num filme que não foi ovacionado em 2014 foi em “O Teorema Zero”. Porém, para os altos (e estranhos) padrões da atriz, isso equivale a ser coadjuvante um aguardado filme de um diretor cult (no caso, Terry Gilliam) e ter seu nome ao lado do de Christoph Waltz. Resumindo a história: basicamente tudo que Tilda Swinton tocou em 2014 virou ouro. E que venha mais dela em 2015, para a alegria dos cinéfilos!