O Opala foi paixão nacional durante as décadas de 1960 a 1980. Primeiro veículo de passeio fabricado pela General Motors no país, o Chevrolet saiu de linha em 1992, mas, ainda segue no imaginário de muita gente. Jimmy Christian que o diga: o premiado fotógrafo amazonense e diretor de curtas-metragens adquiriu um modelo antigo, na OLX.

Para trazer para Manaus o carro deixado em Brasília na casa do irmão, ele decidiu se aventurar pelas estradas de terra e rio da Amazônia e Centro-Oeste. Durante a aventura, Jimmy, ao lado da esposa, do filho e de um amigo, resolveu fazer um road-movie. No melhor estilo ‘uma câmera na mão e uma ideia na cabeça’ e com apenas 10 páginas de roteiro, “Opala Conexão Amazônica” tornou-se um longa-metragem com estreia marcada para este sábado (9) no Cine Teatro Guarany, localizado na Avenida Sete de Setembro, nº 1.546, Centro, anexo a Vila Ninita. A sessão começa a partir das 18h com entrada gratuita.

A história mistura pega o ponto de partida da viagem para criar ficção: o repórter fotográfico, Jean Molla (o próprio Jimmy), desempregado e endividado, resolve levantar uma grana traficando drogas e trazendo um Opala Clássico de Brasília para Manaus. No caminho, encontra seu parceiro de viagem, Diabo Loiro (o amigo do diretor, Evandro Menezes), paraibano que perdeu o olho nas manifestações de 2013. Cansados da política, os dois embarcam em uma aventura rasgando as estradas do Brasil.

A inspiração veio do maior road-movie da história do cinema: “Easy Rider – Sem Destino“, dirigido e estrelado por Dennis Hopper com Peter Fonda e Jack Nicholson no elenco. Porém, não foi apenas no roteiro que Jimmy faz referência ao longa: se a bandeira americana aparece no tanque da moto do clássico de 1969, em “Opala Conexão Amazônica”, o personagem do ator/diretor usa uma jaqueta com a bandeira do Amazonas.

“Inicialmente, o carro viria em caminhão-cegonha, mas fiz muita pesquisa de opinião para saber o que achavam de trazer o Opala pela estrada. Muita gente dizia que não ia dar certo por ser um carro velho e iria quebrar, enquanto outros deram apoio, achavam um sonho americano (risos)”, disse Jimmy. A jornada começou pela BR-153, a rodovia Brasília-Belém, por quatro dias. A cada trecho, uma gravação. O que estava previsto como um curta-metragem de apenas 10 páginas de roteiro começou a ganhar horas de filmagem. “Tive que criar uma história. Meio Bodanzky, sabe”, recorda o diretor, remetendo ao clássico “Iracema – Uma Transa Amazônica”.

Orçamento? O suficiente para dar uma pequena manutenção no carro, alimentação e hospedagem. Planejamento também não foi o forte da produção. “Por uns percalços ocorridos no meio do caminho, vim nervoso na estrada. Às vezes, esquecia que tinha que filmar, mas o pessoal não deixou a peteca cair e foram filmando. Depois na ilha de edição que vi que tinha uma história”, lembra Jimmy.

Mesmo com todos os percalços, o quarteto chegou à capital paraense para a segunda etapa da aventura: uma viagem de barco de cinco dias até Manaus. Já na cidade natal, Jimmy realizou gravações para o início e o fim da trama.


Rock amazonense e Fora Temer com Temer Fora

Como todo bom road-movie, a trilha sonora é elemento fundamental da trama. E Jimmy Christian rende uma homenagem ao rock produzido no Amazonas: músicas das bandas Espantalho, Chá de Flores, Johnny Jack Mesclado e Deskarados estão presentes em “Opala Conexão Amazônica”. “Gosto muito deste aspecto do filme tanto que deixei algumas canções quase na totalidade”, declarou.

Gravado em janeiro de 2016, o filme conta com o espírito do ambiente de contestação política que tomava conta do Brasil naquela época, incluindo, cenas das manifestações populares de junho de 2013. A demora para ficar pronto, porém, deixou alguns dos discursos defasados. “Ele se passa na época do #ForaTemer, que, por acaso, o presidente já até saiu (risos). De qualquer maneira, o meu recado está dado no filme: minha insatisfação com a atual política do nosso país, essa depressão que a politica vem passando, choque ideológico”.

O processo de montagem de “Opala Conexão Amazônica” é um capítulo à parte: Jimmy realizou toda esta etapa em quatro meses, utilizando apenas o celular com o software iMove. Nada foi feito no computador, segundo ele. “Tive que editar por partes porque o software não aguentava uma trilha de uma hora e meia. Daí, a trilha do som descarrilhava e tinha que começar tudo de novo. Foi, muitas vezes, frustrante”, afirmou. Detalhe: o longa possui 93 minutos de duração.

Nem mesmo todos os improvisos no roteiro, falta de orçamento, atrasos na finalização desanimaram Jimmy: para ele, a experiência do filme foi positiva. “Acima de tudo, foi uma possibilidade de exercitar as técnicas do cinema”.

CONFIRA O TRAILER DE “OPALA CONEXÃO AMAZÔNICA”:

MAIS FOTOS DE “OPALA CONEXÃO AMAZÔNICA”

 

Jimmy Christian (de chapéu) viajou ao lado do filho, esposa e do amigo Evandro Menezes

Sonho de consumo de Jimmy, o Opala se tornou o ponto de partida do longa

Evandro e Jimmy mostrando estilo pelas vilas da Amazônia

Jimmy Christian se inspirou no clássico road-movie “Easy Rider – Sem Destino”

Toda a edição do filme foi feita no iMove, da Apple

CONFIRA OUTROS FILMES DIRIGIDOS POR JIMMY CHRISTIAN: