Analisar o “cinema-catástrofe” não é lá muito fácil. Se em todos os gêneros e filões a quantidade de filmes ruins que saem todos os anos é absurdamente maior que a de produções realmente memoráveis, imagina em um tipo de cinema que pede muitos efeitos especiais. É fácil sucumbir a isso e esquecer que há uma história para ser contada. Por isso, resolvi selecionar aqui cinco filmes – bem diferentes uns dos outros – que conseguem unir a arte de construir e destruir uma história, no bom sentido.

Apollo 13 lista 5 melhores filmes-catástrofe

5. Apollo 13 (1995)

Filmes de viagens espaciais dão certa agonia. Não os ruins, mas os bons, que conseguem nos deixar com claustrofobia e medo pelo que vai acontecer. Quando o filme é baseado em uma história real e é bem executado, o negócio pega. Dirigido pelo sempre execrado Ron Howard, “Apollo 13” lembra a missão da nave de mesmo nome, que precisava retornar à Terra após um acidente enquanto viajava para a Lua. Toda a mão-de-obra gasta por Tom Hanks e companhia nessa volta nos deu momentos memoráveis em frente à telona. De quebra, “Apollo” deixa como legado uma das frases mais icônicas do cinema: “Houston, temos um problema”, saída dos áudios originais da viagem.

Gojira Godzilla lista 5 melhores filmes-catástrofe

4. Gojira (1954)

Os últimos “Godzillas” (de 1998, 2000 e o mais recente, de 2014) não me cativaram. A versão definitiva – até agora – da história do réptil criado após mutação nuclear que ataca a cidade de Tóquio, para mim, ainda é a de 1954. Lançado em plena guerra nuclear como resposta aos ataques a Hiroshika e Nagasaki na Segunda Guerra Mundial, “Gojira” tem efeitos especiais risíveis nos dias de hoje, mas é de uma importância inquestionável para o subgênero dos filmes-catástrofe.

Melancolia Lars Von Trier lista 5 melhores filmes-catástrofe

3. Melancolia (2011)

Um filme que usa a catástrofe como metáfora para a depressão de sua protagonista merece estar aqui, sim. Depois de “Anticristo”, todos pensaram que Lars Von Trier já tinha conseguido torturar suas personagens femininas de várias formas possíveis e imagináveis. Bom, tem sempre a chance de um planeta cair e destruir a Terra. Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte Gainsbourg) resolvem suas diferenças e enfrentam suas catástrofes pessoais sob o céu cheio de incertezas de Von Trier. Para o grande público, o filme é mais lembrado por aquela polêmica chata do diretor dinamarquês no festival de Cannes. No entanto, “Melancolia” é mais que isso e mostra que um filme-catástrofe não precisa de mil explosões para nos deixar sem chão.

Aeroporto 1970 lista 5 melhores filmes-catástrofe

2. Aeroporto  (1970)

As catástrofes que sempre passam pela minha cabeça geralmente envolvem aviões. Então, não dá para ignorar esse filme de George Seaton e Henry Hathaway na lista. Sim, “Aeroporto” tem seus momentos cafonas, mas o roteiro e as atuações conseguem tornar críveis esse avião repleto de tipos problemáticos, em volta de um passageiro que ameaça explodir a aeronave! (pausa para imaginar esse filme sendo produzido no pós-11 de setembro…) O impacto do filme também é digno de nota – além das sequências e da célebre sátira “Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu”, “Aeroporto” deu início à série de filmes-desastre que seriam produzidos nos anos 1970 e 1980. Ou seja, nem mesmo o PAVOR (com letras maiúsculas mesmo) de avião dessa que vos escreve deixa passar esse baita filme.

Novos Clássicos: Titanic, de James Cameron

1. Titanic (1997)

Falem o que quiserem, mas “Titanic” merece, sim, o seu lugar na história do cinema. A produção megalomaníaca de James Cameron cumpre perfeitamente o seu papel de entreter e de deixar o público na beira dos assentos. A história da primeira e única viagem do navio que “nem Deus poderia afundar” é um espetáculo visual e equilibra os momentos de tensão com os alívios cômicos e o romance cafona – basicamente tudo o que Roland Emmerich e Michael Bay sempre tentaram emular, mas nunca conseguiram.

O pior:

2012, de Roland Emmerich filmes-catástrofe

2012 (2009)

Poderia botar aqui toda a carreira de Roland Emmerich, mas tive que escolher apenas um filme para “coroar” esse cinema tão desastroso (em mais sentidos que um) do cineasta. Em 2012, pairava no ar aquela tal previsão maia, que dizia que o mundo ia acabar ao fim daquele ano. Alguém tinha que aproveitar e tentar lucrar com isso, né? E quem melhor que nosso diretor preferido? “2012” é mais que um filme mercenário. É absurdo. As referências bíblicas são até interessantes, mas a forma como surgem… É uma sucessão de erros e situações que não passariam no crivo da mais gentil das suspensões da descrença – se você é rico e bem esclarecido, vai ter um final feliz e um novo mundo todinho para si. É, talvez não esteja tão longe da realidade assim. Hollywood, você é demais!