Infelizmente, não deu para o Brasil: “Indústria Americana” é o grande vencedor do Oscar de Melhor Documentário. A produção marca a segunda vitória da Netflix na categoria: a primeira vez foi em 2018 com “Icarus”. Apesar da frustração, é preciso admitir que o filme produzido pelo casal Obama é muito bom.
“Indústria Americana” mostra os choques de visões trazidos após uma empresa chinesa se instalar em uma fábrica na cidade de Dayton, no Estado de Ohio. O documentário toca em assuntos globais como a precarização da mão de obra, baixos salários, perda do poder aquisitivo, o temor do desemprego culminando em condições de trabalho inadequadas e perigosas, o enfraquecimento dos sindicatos, além do choque de culturas, modelos de vida e pensamentos distintos entre China e EUA no dia a dia.
O mais brilhante do documentário é discutir essa crise do capitalismo, entre a busca por maior produtividade e lucro versus os direitos e a qualidade de vida dos trabalhadores, colocando como protagonistas pessoas como nós e não teóricos, pensadores que poderia transformar o filme em algo muito frio. É justamente essa aproximação com aquelas pessoas que toca quem assiste e, consequentemente, gera a reflexão que o filme pede.
Seria incrível se “Democracia em Vertigem” tivesse vencido, mas, é melhor perder para “Indústria Americana” do que para “A Vida é Bela”.