“Alice no País das Maravilhas” encontra o néon e a atmosfera neo noir de “Blade Runner”.

Podia sair coisa boa dessa mistura, mas podemos definir “Terminal” como uma bobagem pretensiosa. Em certo momento, me lembrou até o “Demônio de Néon” de Nicolas Winding Refn: visualmente bonito, porém vazio.

No filme, acompanhamos uma trama rocambolesca cheia de idas e vindas em que é melhor o espectador estar atento para não se perder. Dois assassinos (Dexter Fletcher e Max Irons) recebem um “serviço”, enquanto Annie (Margot Robbie) uma bela garçonete que esconde muitos mistérios, acompanha toda a situação com muito interesse. Enquanto espera a execução do trabalho, Annie tem uma conversa reveladora com um cliente (Simon Pegg).

O diretor Vaugh Stein usa e abusa das cores (verde, vermelho), mas, ao em vez de procurar algum simbolismo e entregar sentido ao que mostra, aparentemente, ele só queria deixar a cena visualmente bonita. A sequência do corredor vermelho e sua conclusão é de uma tolice ímpar, principalmente, quando um personagem ressalta o “mistério” somente com o intuito de valorizá-lo. Margot Robbie tem carisma e talento de sobra para interpretar uma “Femme Fatale”, mas poderia ter escolhido um projeto melhor para trabalhar e produzir.

Fica a questão: como Vaugh convenceu a atriz a entrar nessa barca iluminada e furada?

Pode até ser interessante vermos Simon Pegg deixando a sua veia cômica um pouco de lado e interpretando um papel mais “adulto”, mas quando o roteiro não ajuda, nada pode ser feito. Cheio de diálogos estúpidos e pretensiosos – em que todas as sentenças proferidas tentam ser importantes – em que parafraseiam e criam rimas com Lewis Caroll, “Terminal” falha copiosamente ao tentar ser original.

Agora o que o filme tem de pior mesmo são suas confusões ao tentar criar suspense e entregar vários plot twists até que previsíveis ao final do terceiro ato. Até a revelação final, talvez, você já tenha adivinhado o grande segredo da protagonista, pois os sinais são expostos e explorados a todo momento pelo diretor, seja por diálogos expositivos ou cenas com cortes rápidos.

“O Terminal”, ao fim, é uma bela bagunça para ser esquecida.