Em 2015 Toy Story comemora seu vigésimo aniversário. O tempo passa e a cada ano o legado excepcional de Pixar ganha mais relevância. Os quinze anos que separam o lançamento do primeiro Toy Story do lançamento do terceiro capítulo da trilogia marcaram uma fase sem precedente no cinema, na qual a Pixar se tornou o grande nome do entretenimento mundial sem cometer praticamente nenhum erro em cada um dos seus filmes mágicos. Por isso mesmo, não é fácil relacionar os cinco melhores filmes do estúdio, pelo simples fato de que há muita coisa boa para escolher.

Porém, nos últimos cinco anos a Pixar perdeu um pouco da sua aura especial, começando a lançar filmes com histórias menos inspiradas e parecendo mais preocupada com o marketing e a venda de produtos derivados do que com a qualidade dos seus projetos. Coincidência ou não, foi justo nesse período que a empresa-mãe da companhia, a Disney, começou a exercer mais força sobre o estúdio.

Agora que Divertida Mente está chegando com promessas de revitalizar a Pixar depois de um período de vacas magras, criativamente falando, vamos recordar um pouco da sua história mágica (e reclamar dos seus últimos filmes) neste ranking pessoal aqui no Cine Set…

Ratatouille (Pixar)

5 – Ratatouille (2007)

A história estrelada por um rato que quer ser chef de cozinha demonstra como a Pixar costumava ser marcada pela ousadia. A premissa é estranha e o filme nem tenta esconder isso. Mas quanto maior o desafio, maior é o herói, e o ratinho Remy consegue, com ajuda dos amigos, conquistar o objetivo que parece impossível e estranho. Sem contar que Ratatouille acaba se tornando também uma bela história sobre a arte e o seu poder para provocar mudanças na sociedade. Afinal, “Nem todo mundo pode se tornar um grande artista, mas um grande artista pode vir de qualquer lugar”, é uma das grandes mensagens do estúdio.

Toy Story

4 – Toy Story (1995)

Vinte anos depois, o primeiro Toy Story ainda retém sua magia. A animação em alguns momentos parece estranha aos olhos atuais, mas a jornada de Buzz (sim, a história é dele) para aceitar quem é, e aprender a fazer o melhor com sua condição de brinquedo, continua divertida e emocionante. Sid é um grande vilão, há ação e comédia de sobra e a amizade entre Buzz e Woody é o coração de um filme feito no computador, porém mais vivo do que muitos com atores reais.

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3 – Toy Story 3

O filme que, à época, parecia encerrar uma das melhores trilogias do cinema é uma façanha contraditória. Ao mesmo tempo em que é divertidíssimo e repleto de aventura e drama, é também um filme com subtextos até sombrios e imagens assustadoras. Esses aspectos conflitantes, ao invés de enfraquecê-lo, só o tornam mais interessante e rico. Prova do talento e da inteligência por trás da equipe da Pixar: eles se notabilizaram por trabalhar com conceitos adultos dentro das suas histórias aparentemente infantis. É o melhor da trilogia, uma das grandes animações de todos os tempos e o encerramento perfeito para as aventuras de Woody e cia. Por isso mesmo, é preocupante a notícia de que a Pixar vai fazer um quarto longa…

Os Incríveis

2 – Os Incríveis (2004)

Esqueçam Vingadores. Desculpem aí, X-Men. O melhor filme de super-heróis em equipe do cinema ainda é Os Incríveis, a sensacional realização do diretor Brad Bird. O filme basicamente é uma homenagem ao Quarteto Fantástico, à magia do conceito de super-heróis e ao cinema de aventura e fantasia, tudo isso misturado dentro da história de uma família que, como qualquer outra, precisa aprender a se aceitar. É um dos filmes que não canso de ver e sempre que bate aquela vontade de simplesmente ver algo divertido e emocionante para me colocar para cima, ele é um dos primeiros que aparecem na minha mente.

Wall-e

1 – Wall-E (2008)

Mesmo com Toy Story, Os Incríveis e diversas outras produções dignas de nota – observem que nem falei de Up: Altas Aventuras (2009) ou Procurando Nemo (2003) – para mim Wall-E é a maior realização da Pixar. Sua primeira meia hora é cinema em estado puro, criando um clima sem igual fazendo uso apenas de sons e imagens arrebatadoras. E no resto do filme, a doçura dos heróis robôs Wall-E e EVA consegue conquistar até o mais duro dos corações. Esse pertence à linhagem dos filmes que considero perfeitos, sem nenhum defeito aparente, e é capaz de emocionar qualquer um que o veja.

Carros 2

E o pior: Carros 2 (2011)

Gosto do primeiro Carros (2006), mas este segundo é indefensável. Se fosse um filme da Dreamworks ou da Sony Animation, talvez ele fosse até melhor aceito. Mas ver um filme como ele sair da Pixar foi o primeiro passo em falso do estúdio. O mais decepcionante em Carros 2 é o fato dele ser, claramente, o primeiro filme Pixar feito com o propósito de ganhar dinheiro com a venda de brinquedos. O primeiro Carros arrecadou uma fortuna e foi um dos mais populares filmes junto às crianças, então certamente deve ter havido pressão, interna e externa, para fazer uma continuação. Pena que não conseguiram criar uma história boa o suficiente para justificar uma sequência, e o resultado fraco não diz nada de novo sobre os personagens nem introduz novos ressonâncias ao universo de Carros, ao contrário das continuações de Toy Story. Ele arrecadou milhões, como esperado, mas hoje só é lembrado como um momento abertamente mercadológico e o ponto mais baixo da trajetória do estúdio.

Nada contra querer ganhar dinheiro com um filme. Mas esse nunca deveria ser o objetivo principal, ou único, de uma produção cinematográfica. Os outros grandes filmes do estúdio arrecadaram bastante dinheiro contando grandes histórias, e nós ficamos felizes em pagar por eles. Mas não no caso de Carros 2, que sinalizou o começo do fim do nosso caso de amor com a Pixar.