Michael Bay é famoso por sua máquina de destruição explosiva que compõe a narrativa de todos os seus filmes: “A Rocha”, “Bad Boys”, “Armageddom” e a franquia “Transformers”. Apesar da crítica ser impiedosa com a forma como Bay faz cinema, o público e bilheteria sempre foram mais amistosos com o diretor.
Com as plataformas de streaming fazendo grandes investimentos em projetos cada vez mais ambiciosos, era questão de tempo até ele conseguir emplacar um projeto em alguma delas. E a vez chegou com “Esquadrão 6” na Netflix.
Em uma história que parece ter saído de uma graphic novel mediana de Mark Millar (“The Authority”), Ryan Reynolds (no piloto automático) interpreta One, um bilionário que forja a própria morte e monta uma equipe para combater ditadores espalhados pelo mundo. Um roteiro com uma ideia interessante, escrito pela dupla Paul Wernick e Rhett Reese (dos dois filmes “Deadpool”), mas que se perde pela loucura megalomaníaca do diretor e por diálogos bizarros.
PACOTE DE DESGRAÇA
Com um elenco de apoio interessante, com nomes como Melánie Laurent (“Bastardos Inglórios”) é uma pena que qualquer desenvolvimento de personagem fica para trás por conta de uma edição tão frenética. A falta de nomes dos personagens, diálogos toscos, idas e vindas em flashbacks confusos só atrapalham na hora de criar qualquer envolvimento com um dos seis protagonistas. Isso para não falar da patriotada tão presente nos filmes do diretor.
Aliás, já passou da hora de alguém sentar com o Sr.Bay e explicar que não é necessário excessivos cortes para criar tensão ou algo frenético. Adepto do quanto mais melhor, o diretor deveria ter a noção que isso pode causar vômitos e convulsões e não encantamento com quem assiste.
Isso sem falar do humor fora de hora, fazendo a Marvel parecer até ases do humor neste quesito. Em “Esquadrão 6”, atropelamentos de pedestres e de enterros, personagens fazendo sexo após massacrarem dezenas de pessoas a sangue-frio são tratados com gracinha, o que acaba demostrando como aqueles personagens são mais doentios do que engraçados. O pacote de desgraças fica completo com a montagem tresloucada, impossível de fazer entender até mesmo o que se passa em uma sequência em câmera lenta, os erros de continuidade terríveis da perseguição pelas ruas italianas e a fotografia pseudo-estilizada de Bojan Bazelli (“O Chamado”).
“Esquadrão 6” é um Michael Bay legítimo, o que significa, um verdadeiro desastre.