Caio Pimenta analisa as conquistas de “1917” e “Era uma vez em Hollywood” no Globo de Ouro 2020, além de uma nova batalha entre os estúdios e a Netflix na temporada de premiações.

Foi bem interessante este Globo de Ouro, principalmente, nas categorias de Drama. É inegável que a Netflix tomou uma verdadeira surra. Afinal, quando você tem três concorrentes em Melhor Filme, você espera que um deles, pelo menos, vença. E foi justamente isso que não aconteceu com o triunfo de “1917”.

O discurso do Sam Mendes ao receber Melhor Filme foi um indício do que deve ser a campanha que vai dominar o Oscar de agora em diante: o streaming x o cinema. Até porque isso deu certo ano passado quando “Roma” perdeu para o “Green Book”. Claro que ali tinha a questão de ser uma produção mexicana e falada em espanhol, mas, ficou evidente nos bastidores que este duelo pesou.

Eu não sou defensor de estúdio e serviço de streaming nenhum; são empresas bilionárias e não precisam do apoio de qualquer crítico e jornalista do mundo inteiro, mas, esse tipo ainda de visão tradicionalista da sala de cinema, cara, me parece ultrapassado. Eu adoro, amo ir ao cinema, mas, está cada vez mais claro que as salas serão destinadas mais e mais para os blockbusters, aquelas produções repletas de efeitos visuais de última geração. Enquanto as produções de “menor” porte – dramas, comédias românticas, policiais – estão caminhando para o streaming, infelizmente. Pelo conservadorismo cada vez maior dos estúdios, será que investiriam US$ 150 milhões em um filme de 3h30 protagonizado por atores na faixa dos 70?

De qualquer modo, “1917” consegue se colocar mais forte no radar dos votantes da Academia bem próximo ao fim do prazo de votação dos indicados ao Oscar. A questão é que muitas vezes vencer o Globo de Ouro serve para aumentar a artilharia da campanha dos rivais: o “La La Land” que o diga.

Quando saiu recordista do Globo de Ouro, o musical do Damien Chazelle entrou na mira de muita gente, sendo detonado em Hollywood e no mundo inteiro a tal ponto de perder força e o Oscar.

E aí, eu li duas coisas bem interessantes relacionadas ao “1917”: um pelo lado positivo e a outra negativo. O positivo é que como você tem uma temporada de premiações das mais fortes com filmes considerados obras-primas, “O Irlandês”, “Parasita” e “Era uma vez em Hollywood”, a produção que se coloca no meio delas pode ser beneficiar e ficar no meio delas, aproveitando possíveis tropeços.

Já o lado negativo aponta o momento político que nós estamos vivendo próximo de uma guerra Irã e EUA, além de um ano eleitoral com o país bastante dividido. Logo, a campanha dos rivais de “1917” pode convergir para uma ideia de que não é a hora apropriada para premiar uma produção de guerra. E aí vale lembrar das edições pós-11 de setembro em que tivemos nos dois anos seguintes “Chicago” e “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” como vencedores, produções bem menos pesadas.

Nisso, quem pode se dar bem é “Era uma vez em Hollywood”. O filme do Tarantino mandou bem com três estatuetas: Melhor Comédia/Musical, Roteiro e Ator Coadjuvante com Brad Pitt.

Nesta linha de estúdios de cinema versus streaming, tem um detalhe que ajuda o filme do Tarantino: a Sony Pictures não leva o Oscar principal há 32 anos desde “O Último Imperador”, do Bernardo Bertolucci. Logo, pode ser um momento ideal para encerrar este jejum. Fora que você tem caras muito pesados da indústria do cinema para fazer campanha como Leonardo DiCaprio e Brad Pitt.

OS DISCURSOS DE RENÉE E JOAQUIN

Quanto às categorias de atuação, tudo correu como se imaginava com as vitórias Awkwafina, Laura Dern e Brad Pitt. Para quem acredita que discurso ganha Oscar, a Renée Zellweger encaminhou o dela com uma fala muito bonita, tocante sobre recomeço, segundas chances. Acho que ela mandou bem.

Diferente do Joaquin Phoenix: é consenso que esse cara é fantástico, que o trabalho dele no “Coringa” é excepcional, mas, todo mundo sabe que ele não é um cara fácil, coisa que ele mesmo admitiu no Globo de Ouro. E aí ele sobe no palco e detona a temporada de premiações, o Globo de Ouro, o Oscar, o SAG, o Bafta e ainda dizendo um monte de palavrão. É sensacional? Óbvio que é, mas, é um risco absurdo porque dá munição a quem for fazer campanha para os outros indicados. Infelizmente, é assim que a banda toca.

Fechando a turma dos atores, o Taron Egerton mostrou que veio para ficar em Melhor Ator. Como eu disse no vídeo da vitória dele que você pode acessar aqui no canal, ele, hoje, é praticamente nome certo no Oscar. Sobrou uma apenas uma vaga.

Nas categorias menores, “Parasita” demonstrou o quanto é amado em Hollywood levando Melhor Filme Estrangeiro e o Elton John já sabe que vai levar o Oscar em Melhor Canção Original. Já a vitória do “Coringa” em trilha sonora pode terminar com o jejum de mulheres há mais de 20 anos sem Oscar na categoria e o incrível resultado de Melhor Animação em que “Link Perdido” venceu sabe Deus como os favoritos “Toy Story 4” e “Frozen 2”. Duvido que isso se repita dia 9 de fevereiro, mas, quem sabe pode ter ajudado a conseguir uma vaguinha no Oscar?

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