Vamos admitir: além dos prêmios (claro) e momentos emocionantes, o que nos faz lembrar de certas cerimônias do Oscar são as situações constrangedoras que marcaram a maioria delas. A premiação deste ano, por exemplo, já chegou envolta em polêmica e parte de mim (e de você também, que eu sei) está #atenta para ver se os discursos da noite terão shades para a Academia, que resolveu se superar dessa vez e tomar um monte de decisões equivocadas (ainda bem que o presidente da Ampas, John Bailey, resolveu voltar atrás e dar ouvidos à indústria e aos cinéfilos de todo o mundo).

Pois bem, a uma semana da premiação, o Cine Set fez uma viagem no tempo em busca das melhores (ou piores) tortas de climão já protagonizadas em cima (ou não) do palco mais badalado de Hollywood. Bora!

10. Um invasor sem roupa

Era 1974 quando aconteceu um dos momentos mais aleatórios do Oscar: David Niven se preparava para anunciar Elizabeth Taylor como apresentadora de Melhor Filme quando um homem passou atrás dele. Detalhe: sem roupa. O ator foi espirituoso e conseguiu fazer piada na hora. O homem era o ativista Robert Opel, que deu até uma coletiva de imprensa após o ocorrido e participou de programas de TV.



9. Adrien Brody ataca Halle Berry no palco

Já especulei, algumas vezes, como seria recebida em 2019 a vitória de Adrien Brody ao vencer seu Oscar por “O Pianista”. Não digo nem pela assinatura de Roman Polanski, mas sim pela reação que o ator teve ao ouvir seu nome. Para quem não lembra, ele subiu ao palco e tascou um beijo em Halle Berry, que apresentava a categoria. A atriz pareceu levar na brincadeira, mas a reação de muitas mulheres em casos de assédio é o famoso “rir de nervoso”. Nessa confusão toda, o belo e emocionante discurso de Brody sobre o pós-11 de setembro ficou em segundo plano.



8. Hosts sem timing

Apresentar o Oscar não deve ser a tarefa mais fácil. É um programa televisivo assistido por milhões e, não importa o quão bem você vá, as críticas negativas aparecerão em enxurrada. Isso foi dito por alguém com conhecimento de causa e um certo trauma desse trabalho. Me refiro a Anne Hathaway, que teve a tarefa de dividir a apresentação da cerimônia com um apático James Franco, que parecia não querer estar ali. O insucesso não passa batido nem em hosts consagrados, como Ellen DeGeneres, que, no meio daquela cerimônia super amada de 2014, teve tempo para fazer uma piada transfóbica com Liza Minnelli. Alguns anos antes, Chris Rock quis tirar gracinha com o então onipresente Jude Law e provocou a ira de Sean Penn. Nem mesmo Billy Crystal passou incólume: host que marcou a década de 1990, ele voltou para uma última apresentação muito da sua sem graça em 2012.



7. A desastrosa cerimônia de 2005

A cada notícia que sai sobre a premiação deste ano, a comparação com 2005 é inevitável. Foi naquele ano que várias ideias nada legais apareceram: alguns prêmios foram entregues na plateia, enquanto em outras categorias, os candidatos ficavam todos no palco, tipo concurso de miss. Horrível também foi o que fizeram com Jorge Drexler e os outros indicados a melhor canção original. Dos performers originais das músicas daquele ano, apenas os Counting Crows e Josh Groban subiram ao palco – este último, no entanto, fez um dueto com Beyoncé, que cantou ainda outras duas canções indicadas. À música de Drexler, foi reservado o pior destino: a bela “Al Otro Lado del Rio”, de “Diários de Motocicleta”, foi apresentada por um desafinadíssimo Antonio Banderas. Mas a justiça não demorou muito para vir: Drexler surpreendeu e venceu o prêmio de Melhor Canção Original e, ao fazer seu discurso, não quis saber de política da boa vizinhança e cantou a música vencedora à capella. Chupa, Academia!



6. Branca de Neve

Um prospecto não muito bacana pros produtores da cerimônia deste ano: a última vez que o Oscar não teve apresentador também marcou uma das transmissões mais criticadas da premiação. Tudo culpa de Rob Lowe. Isso mesmo. O ator protagonizou, junto a uma atriz vestida de Branca de Neve, um número musical vergonhoso, com direito a uma versão de “Proud Mary” que não chegou nem ao dedo mindinho de Tina Turner. Naquele mesmo ano, outra apresentação musical bem vergonha alheia reuniu as “estrelas do futuro” que eram as apostas para serem vencedores do Oscar dali a alguns anos: Corey Feldman, Ricki Lake, Patrick Dempsey… Bem, digamos que essa aposta passou longe.



5. Discursos polêmicos

Os discursos são sempre os momentos de maior tensão para os produtores da cerimônia. Além do medo de que alguém faça que nem Greer Garson e fique a vida inteira no palco, há sempre aquela expectativa para ver o que nomes mais controversos falarão ao microfone. Não há como esquecer de Michael Moore e seu discurso inflamado em plena Guerra do Iraque, em 2003, mas outro que é sempre lembrado é o de Vanessa Redgrave, premiada no fim dos anos 1970 por “Julia”. A britânica chegou a ser vaiada ao criticar os zionistas que a taxaram de anti-Semita, além de comparar a situação com a perseguição aos comunistas durante o Macarthismo.



4. Elia Kazan recebe uma homenagem polêmica

Já que o assunto é Macarthismo e controvérsia, voltemos à cerimônia de 1999, quando Elia Kazan recebeu um prêmio de conjunto da obra que dividiu opiniões. Enquanto parte da plateia se levantou para aplaudir o diretor de “Sindicato de Ladrões”, teve muita gente que ficou de braços cruzados, em um claro protesto contra o fato de Kazan ter delatado colegas comunistas nos anos 1950. Entre os que se recusaram a aplaudir o cineasta, estavam Ed Harris e Nick Nolte.



3. Joan Crawford leva a rivalidade com Bette Davis a outro nível

Ainda não rolou um verdadeiro momento Kanye West no Oscar, apesar de uns ensaios para isso. O maior deles aconteceu nos anos 1960, quando Joan Crawford, revoltada por Bette Davis ter sido indicada a melhor atriz por “O Que Terá Acontecido a Baby Jane” e ela não, procurou as outras finalistas da categoria e se ofereceu para receber o prêmio caso alguma delas não pudesse comparecer à cerimônia. Anne Bancroft deu autorização para Crawford e a eterna Mildred Pierce teve o seu momento de glória no palco do Oscar, enquanto a rival Davis teve que manter o sorriso amarelo.



2. Perdedores que não levaram na esportiva

Falando em sorriso amarelo, aquela janelinha com as reações de todos os indicados continua a trair até mesmo aqueles que a gente sempre julgou serem os melhores atores. O palavrão claramente dito por Samuel L. Jackson, as caras de poucos amigos de Bill Murray e Eddie Murphy e a tentativa de Sally Kirkland de fingir que não estava nem um pouco P da vida são grandes concorrentes ao título de pior reação, mas o troféu mesmo vai para Lauren Bacall. Mas, sejamos justos, ela foi colocada em uma saia justíssima: vencedora do Globo de Ouro e do SAG, ela era a favorita absoluta ao prêmio de coadjuvante em 1997 por “O Espelho Tem Duas Faces”, mas tinha um Harvey Weinstein e um drama arrasa-quarteirão pelo caminho. Aconteceu o improvável: Juliette Binoche venceu e Lauren saiu de mãos abanando. Para piorar, a atriz francesa estava tão chocada que se limitou a dizer que “achava que Lauren iria ganhar, e que ela realmente merecia o prêmio”. Poxa, crush.



1. La La Land, ops, Moonlight

Essa foi uma situação tão surreal que provavelmente nunca será superada. Parecia que ia ser tudo lindo, com a presença icônica da dupla de “Bonnie e Clyde”, Warren Beatty e Faye Dunaway, mas foi justamente dos dois que saiu aquele erro inesquecível. Não bastava ler o nome errado, precisava ser na categoria principal e justamente com aquele que era o favorito absoluto. No fim das contas, a torta de climão foi substituída por aquele que se tornou um dos momentos mais emocionantes da história do Oscar, com o discurso de Barry Jenkins e a reações dos atores do filme e da plateia, que foi da incredulidade às lágrimas.