O primeiro “M.I.B Homens de Preto” (Barry Sonnenfeld, 1997) é um filme leve, divertido, que consegue casar muito bem comédia, ficção cientifica e brincar com o grotesco sem ser forçado. Além do ótimo roteiro e direção inteligente, o filme conta com as excelentes atuações e química da dupla Will Smith e Tommy Lee Jones, na pele dos agentes da organização secreta.
Dito isto, é aceitável que a indústria cinematográfica tenha produzido mais dois filmes com a dupla de estrelas e aposte em uma nova continuação, agora com novos atores e diretor. Neste novo filme, “M.I.B” fica a cargo de F Gary Gray (“Velozes e Furiosos 8“), que se utiliza da química já vista em “Thor: Ragnarok” da dupla Tessa Thompsom e Chris Hemsworth como os agentes M e H.
O longa também conta com nomes de peso como Liam Neeson (agente T) e Emma Thompsom (agente O) na tentativa de fazer com que a saga respire. No entanto, após conferir “MIB Internacional”, consigo afirmar que esse reboot do clássico de 97 respira mesmo é por aparelhos.
O longa conta a história de Molly (Tessa), que após uma experiência com um alienígena e ser testemunha do trabalho dos Homens de Preto na infância, passa seus 20 anos à procura da agência de serviço secreto. Certo dia, ela consegue rastrear o sistema MIB e, por sua sagacidade, acaba sendo aceita para um estágio na organização, tornando-se a agente M. Lá, ela conhece o agente H (Hemsworth) e, após a morte de um importante alienígena, saem em missão para capturar uma arma e impedir que caia nas mãos dos inimigos.
Que Hollywood tem o hábito de produzir continuações dos seus grandes sucessos ao longo das décadas, chegando muitas vezes à exaustão, isso ninguém tem dúvida. Em alguns casos, como, por exemplo, as franquias “007” e “Star Wars” levam até hoje centenas ou milhares de fãs às salas de cinema, mantendo a alma dos filmes precurssores, casando com a inovação de maneira pontual e sábia.
Uma pena que MIB não consiga obter o mesmo êxito, podendo ser comparado aos recente “Missão Impossível: Efeito Fallout”: sobra estética com efeitos visuais incríveis e falta o desenvolvimento de uma trama, no mínimo, coesa.
GRACINHAS PARA COMPENSAR HISTÓRIA POBRE
Recheado de referências ao clássico de 97 – a mesma jornada de descobertas e aprendizados de um novo agente, caçada aos alienígenas, utilização de armas e carros potentes -, “MIB Internacional” não fica só no título e utiliza bem seu orçamento de US$ 110 milhões, onde as missões saem de Nova York e tem como pano de fundo cidades como Paris, Londres e até Marrakech (Marrocos). O longa inova também trazendo pela primeira vez uma mulher na pele da agente protagonista M, mas nem mesmo esse símbolo de empoderamento feminino tão valorizado na sétima arte nos dias atuais, não consegue dar folego à trama.
Um ponto positivo na obra de Gray é que ela é completamente despretensiosa em sua construção, focando simplesmente na química do casal protagonista, nas cenas de ação e no desfecho esperado. Os arcos dramáticos dos personagens não são desenvolvidos de uma forma aceitável, o roteiro é simplista e quase amador, tornando o filme uma reprodução pobre do sucesso de 1997.
Não há uma assinatura notável na direção de Gray, a fotografia e o design de produção são meticulosos, assim como os efeitos especiais. O roteiro aposta em uma referência a Thor, quando o agente H segura um martelo e tenta desenvolver um alívio cômico, outro fator mal desenvolvido no filme. É engraçado afirmar que o único personagem que funciona é Pawny, um alienígena que simula a peça de peão do jogo de xadrez. Ele é responsável pelas falas mais engraçadas do longa.
No mais, “M.I.B Internacional” é a prova viva que nem tudo no cinema é estética e efeitos especiais: é preciso, no mínimo, dedicar um pouquinho de tempo ao roteiro.