MELHOR FILME DE 2016
- Elle – 130 PONTOS
- Aquarius – 120 PONTOS
- Boi Neon – 87 PONTOS
- A Grande Aposta – 68 PONTOS
- A Bruxa e O Abraço da Serpente – 56 PONTOS
Caio Pimenta
- Boi Neon
- Elle
- Fogo no Mar
- O Regresso
- Mãe Só Há Uma
- A Chegada
- O Futebol
- A Grande Aposta
- Creed
- Carol
Comentário
“Boi Neon” é um retrato desse Brasil em constante transitoriedade e ainda em processo de descoberta. Tudo feito de maneira elegante e delicada pelo trabalho de um cada vez mais maduro Gabriel Mascaro. “Elle” coloca o espectador em estado permanente de desafio e reflexão, enquanto “Fogo no Mar” é um registro fundamental sobre uma das mais graves crises humanitárias da atualidade. Iñarritu e DiCaprio nos deram um épico que coloca o público em um esgotamento quase físico na grande produção de ação do ano. Já Muylaert acerta, mais uma vez, em uma história excelente e com complexidade para todos os personagens (eis o grande pecado de “Aquarius”). “A Chegada” já valeria pela ótima ficção científica, porém, a guinada do roteiro a partir da revelação e a montagem brilhante elevam o filme a um patamar que o credencia a qualquer lista de melhores do ano.
Com o mínimo, Sérgio Oksman trouxe o brilhante e desconhecido documentário brasileiro “O Futebol”. Descubra! Adam McKay e companhia tiraram sarro da nossa ignorância econômica nos chamando o tempo todo de ‘tapados’ (pior que somos no assunto!) em “A Grande Aposta”. “Creed” pode repetir tudo o que “Rocky” já fizera, mas, que energia dada por Ryan Coogler ao filme. Por fim, “Carol” demonstra como a sutileza e elegância também possuem seu valor.
Camila Henriques
- Aquarius
- Boi Neon
- Anomalisa
- O Quarto de Jack
- Rogue One
- Carol
- Mogli – O Menino Lobo
- A Chegada
- Rua Cloverfield, 10
- Creed
Comentário
Menções honrosas: A Bruxa, O Filho de Saul, Steve Jobs, Deadpool, As Cinco Graças, Zootopia, Janis – Little Girl Blue, Amanda Knox.
Assim como fiz na lista de diretor, ficou difícil não dar os dois primeiros lugares a dois títulos que representaram muito bem o cinema nacional. A medalha de ouro foi para Aquarius, título que continua o ‘estudo’ sobre a especulação imobiliária que Kleber Mendonça Filho já havia trabalhado em O Som ao Redor. Os oscarizáveis O Quarto de Jack, Caro e Creed também mereceram destaque, enquanto Anomalisa e Mogli foram ousados e humanos na mesma medida. Rua Cloverfield um dos grandes títulos do dito cinema de gênero no ano. Por fim, A Chegada é uma ficção científica recheada de alma, enquanto Rogue One fez todo mundo respirar aliviado com muito fan service e ótimas cenas de ação.
Danilo Areosa
- Elle
- A Bruxa
- Brooklyn
- Certo Agora, Errado Antes
- Aquarius
- Creed – Nascido Para Lutar
- Spotlight – Segredos Revelados
- Carol
- Julieta
- Belos Sonhos
Comentário
Menções Honrosas: Invasão Zumbi; Capitão América 3 – Guerra Civil; Rastro da Maldade; Sing Street – Amor e Música; Nossa Irmã Mais Nova; O Convite; Mate-me Por Favor.
Pelo menos seis filmes na minha lista, apresentaram mulheres fortes, complexas e marcantes, indicando um ótimo ano feminino no cinema. Elle lidera a lista, até porque Verhoeven realiza um estudo intenso da natureza humana perversa através de um roteiro complexo em discutir as situações amorais da sociedade. A Michele de Huppert, é a mulher pragmática que luta contra as adversidades de um meio machista. Em segundo, A Bruxa de Robert Eggers pontua a feminilidade frente ao fanatismo religioso e a mentalidade conservadora. É um terror sofisticado e enigmático.
A superação feminina também foi vista em três filmes: Brooklyn emociona pela forma como constrói a jornada de amadurecimento da protagonista; Carol, encontra sua força nas sutilezas das relações e olhares entre duas mulheres, daquilo que não pode ser expressado. E o que dizer da cena final? uma carta de amor aos românticos inveterados. Kleber Mendonça Filho transforma sua Clara – Braga, a maravilhosa Sônia – de Aquarius no cinema político de resistência, em debater o mosaico de conflitos oriundos da urbanidade caótica entre o antigo e o moderno. Ótimo para refletir neste Brasil intolerante de hoje.
Julieta de Almodóvar oferece uma delicadeza impar na construção das metáforas do luto melancólico nas relações familiares. O italiano Belos Sonhos de Marco Bellocchio encena um trauma familiar através de um olhar poético estupendo. Na América, Creed aposta na nostalgia de Rocky para repaginar a série, sob o olhar dramático frente ao legado. Spotlight utiliza uma montagem envolvente e a direção sobria de Tom McCarthy para fazer uma reflexão crítica da igreja e do senso moral e ético das bases do jornalismo. Fechando a lista, Certo Agora, Errado Antes do artesão asiático Sang-soo, desenha o adorável exemplar das relações contemporâneas, dos afetos e das palavras na relação a dois. É a simplicidade da vida cotidiana sendo contemplativa e fascinante.
Diego Bauer
1 – Elle
2 – O Abraço da Serpente
3 – A Grande Aposta
4 – Jovens, Loucos e Mais Rebeldes
5 – Boi Neon
6 – Os Oito Odiados
7 – Anomalisa
8 – Aquarius
9 – O Quarto de Jack
10 – Para Minha Amada Morta
Comentário
Elle é um filme raro, difícil de classificar, inevitavelmente polêmico e controverso, mas ao mesmo tempo de indiscutível complexidade. O Abraço da Serpente é um verdadeiro ritual, uma experiência audiovisual diferenciada, espetacular, memorável. A Grande Aposta consegue o que pouquíssimos filmes realizam: uma comédia repleta de zoeira e escracho, mas com uma noção de responsabilidade muito clara, respeitando a dor de muitas famílias que se prejudicaram nesse esquema. Grande filme!
Jovens, Loucos e Mais Rebeldes é a continuação de um clássico, que possui outros conflitos, num outro contexto, guiado por um mestre do cinema que trata do cotidiano. O melhor filme brasileiro de 2016 é Boi Neon, trabalho de direção segura e elenco excelente, que sabe o que quer e é paciente para chegar onde almeja.
Os Oito Odiados é uma espécie de Cães de Aluguel alongado. Podemos discutir horas se isso é bom ou ruim. Na minha opinião, mais um filmaço de Tarantino. Anomalisa é o retorno da conhecida melancolia super específica de Charlie Kaufman. Precisa dizer mais? Aquarius é um filme desafiador, extremamente bem realizado, que por ter tantas camadas, acaba nos afastando em algumas escolhas. Mesmo assim, um dos filmes brasileiros essenciais dos últimos anos.
A cada minuto que passa O Quarto de Jack vai se mostrando mais complexo e surpreendente, num filme de trabalhos extraordinários desde a direção até o elenco. Filme atmosférico e envolvente, Para Minha Amada Morta é a muito promissora estreia de Aly Muritiba em longas-metragens de ficção, num filme que te envolve numa névoa de vingança e tensão, e não te larga até o final.
Gabriel Oliveira
- Carol
- Aquarius
- A Chegada
- O Abraço da Serpente
- A Bruxa
- O Quarto de Jack
- O Regresso
- Elle
- Kubo e as Cordas Mágicas
- Rogue One: Uma História Star Wars
Comentário
Desculpa, Aquarius, mas Carol me envolveu numa experiência tão íntima que foi quase como se sentir chorando com Cate Blanchett e Rooney Mara bem do lado. Pela surpreendente imersão cinematográfica no universo tão pessoal das duas personagens, o topo da lista fica com o filme de Todd Haynes. Mas sem crise de pânico para o filme de Kleber Mendonça Filho: ele vem logo atrás, e completa a tríade dos tour de force do ano com A Chegada logo em seguida.
No mais, foi um ano de jornadas pessoais e experiências íntimas que nos levaram a arcos narrativos poderosos, seja pela comoção ou pela provocação – O Quarto de Jack, O Regresso, Elle, A Bruxa –, histórias que precisavam ser contadas – O Abraço da Serpente – e blockbusters que lembraram a importância de se construir boas fábulas ou de buscar reinventar histórias já marcantes no nosso imaginário – Kubo e as Cordas Mágicas e Rogue One. Que venha 2017!
Ivanildo Pereira
- A Bruxa
- Elle
- Spotlight
- A Grande Aposta
- Os Oito Odiados
- A Chegada
- Creed: Nascido Para Lutar
- Sing Street
- Aquarius
- A 13ª. Emenda
Comentário
Minha lista de Melhores Filmes traz: um documentário de tema importante e absolutamente sedutor como cinema (A 13ª. Emenda), o filme nacional emblemático do ano (Aquarius), uma história emocionante sobre dois homens, um jovem e um velho, encontrando um novo lugar no mundo (Creed), o mais irresistível filme “feel good” do ano (Sing Street), a maior ficção-científica do ano (A Chegada), o petardo de Quentin Tarantino sobre o racismo e o sangrento passado e presente americanos (Os Oito Odiados), um exemplo de grande jornalismo transformado em grande cinema (Spotlight) e uma surpreendentemente divertida radiografia econômica sobre a confusão em que vivemos (A Grande Aposta).
No segundo lugar, uma história que desafia as percepções do espectador e tudo aquilo que ele considera lógico, enfatizando a loucura tão bem enterrada sob uma aparência de profissionalismo e frieza (Elle). E no primeiro lugar, um filme cuja história enganosamente simples dá margem para que vários subtextos sejam trabalhados: amadurecimento sexual, a força do fanatismo religioso que se alimenta de si mesmo, e a capacidade (ou não) do ser humano de escapar dos seus próprios demônios, sejam eles reais ou imaginários. Por ser tão rico, e ao mesmo tempo excepcional cinema, A Bruxa é o meu número 1 de 2016. Black Phillip! Black Phillip!
Lucas Jardim
1. Aquarius
2. O Abraço da Serpente
3. Elle
4. O Regresso
5. Mãe Há Só Uma
6. Boa Noite, Mamãe
7. O Lagosta
8. Deadpool
9. Tangerine
10. Boi Neon
2016 foi um excelente ano para o que vou chamar de “cinema de questões”: filmes que estão menos preocupados com a narrativa do que trazer importante temas para o espectador. A despeito de algumas falhas e autoindulgências, Aquarius foi o filme pontual e cantártico que, ainda que um tanto quanto enamorado pelo que representa, mais mexeu com a plateia em 2016, para o bem ou para o mal.
Toda a polêmica política que envolveu o filme encontra paralelo com a polêmica moral trazida pelo francês Elle – perturbador e envolvente na medida. O Abraço da Serpente, por sua vez, permite um olhar fresco sobre a Amazônia, que pode parecer estranho mesmo para os que nela residem e merece destaque.
No campo narrativo, no entanto, tampouco faltaram opções no cinema americano, que vão desde a saga de vingança meticulosamente fotografada O Regresso desde o pancadão do super-herói mais sujo a aparecer nas telonas em 2016, Deadpool, enquanto no campo europeu, filmes de gênero tiveram em O Lagosta (uma comédia irônica) e Boa Noite, Mamãe (terror) grandes expoentes.
Pâmela Eurídice
- Animais Noturnos
- Aquarius
- A Comunidade
- A Grande Aposta
- Elle
- A Chegada
- O Regresso
- Capitão Fantástico
- Boi Neon
- A 13ª emenda
Comentário
Tivemos bons filmes em 2016, principalmente nesta reta final. Mas é difícil pensar em cinema e não surgirem primeiramente esses nomes a mente. O cinema brasileiro gritou a nossa realidade e representou com maestria nosso sertão e lutas. Aquarius e Boi Neon nos situam no Brasil de várias caras e perspectivas.
Todo o trabalho da equipe de O Regresso recompensa com aquele que se tornou um estudo meio que obrigatório para os apaixonados por fotografia cinematográfica. A parceria entre Lubezki e Iñarritu permanece como um dos casamentos mais satisfatórios dos últimos tempos. Outro time que marcou foi o de Capitão Fantástico. Com uma história simples, cativante e um elenco integrado, que oferta uma das melhores histórias do ano.
E por boas histórias, A Grande Aposta mirou alto e alcançou o voo pleno dando simplificações e dinamismo ao mercado financeiro. Elle veio como um furacão, trazendo reflexões sobre atitudes, consequências e uma visão ampla de como a sociedade tem se moldado. Vinterberg se aproximou de sua infância e entregou um perfil familiar diferente do que estamos habituados no novo continente, gerando percepções de um drama familiar gerado pelo próprio meio de maneira inquietante.
A Chegada traz o alerta sobre a comunicação e é excessivamente humano e tudo aquilo que nos faz animais diferentes, colocando-o no hall das grandes ficções científicas.
Em 13ª Emenda, temos um documentário forte nem tanto pelo seu valor imagético, mas pelos seus depoimentos, produção gráfica e trilha sonora. A repulsão e indignação fluem imperceptivelmente.
Mas a grande surpresa, já esperada, foi Animais Noturnos. A direção precisa de Tom Ford, estética, cenografia e, especialmente, roteiro e as atuações de Jake Gyllenhal, Amy Adams e o surpreendente Aaron Johnson tornam Animais Noturnos um daqueles filmes que permanecem na mente por um tempo indeterminado e levantam discussões e reflexões atemporais.
Renildo Rodrigues
- A Grande Aposta
- Destino Especial
- Julieta
- Os Oito Odiados
- O Regresso
- A Chegada
- Boi Neon
- Ave, César!
- A Bruxa
- Rogue One: Uma História Star Wars
Comentário
Diante da lista recém-feita, 2016 desponta, ao menos para mim, como o ano dos gêneros: ficção científica (dois filmes – ou três, se contarmos o fantástico novo Star Wars, que redimiu o ano dos blockbusters), western (Os Oito Odiados, mais um tour de force roteirístico – mas não só – de Quentin Tarantino, bem como O Regresso, um dos exemplares mais deslumbrantes do gênero), terror (A Bruxa, do novato Robert Eggers) e um filme que é uma grande homenagem aos gêneros clássicos de Hollywood, Ave, César!, dos irmãos Joel e Ethan Coen.
Mas o que mais me falou ao coração é de sua própria espécie. A Grande Aposta, de Adam McKay, tem a aparência de uma grande sátira, mas rigorosamente tudo o que aparece no filme deriva da tragédia real do crash imobiliário americano em 2008. É cinema nascido da perplexidade, da paixão, da fúria: o humor corrosivo, o elenco atilado, o roteiro virtuosístico do diretor se combinam para instilar no espectador a mesma revolta contra o poder do dinheiro, o alheamento dos ricos e poderosos à miséria na base da pirâmide.
Um mestre do cinema também voltou à melhor forma nesse ano: Pedro Almodóvar, que não estava exatamente em baixa (gosto muito do despretensioso Os Amantes Passageiros, de 2013), constrói uma maravilha de sutileza, complexidade e elegância em Julieta, e no processo consegue algumas das melhores atuações do ano. Por fim, Gabriel Mascaro, com o sensível Boi Neon, garantiu um lugar para o Brasil no pódio.
Susy Freitas
- Boi neon
- Aquarius
- Elle
- Tangerine
- Jovens, Loucos e Mais Rebeldes
- O abraço da serpente
- Destino Especial
- Amor & amizade
- Mais forte que bombas
- Docinho da América
Comentário
“Boi neon” ganha o topo da minha lista pela sua estranheza hipnótica e pelo equilíbrio entre proximidade e distância que ele promove a todo instante para um espectador que, em sua maioria, não se sente tão próximo da realidade que vê na tela, mas não consegue não se envolver por aquele universo e personagens. Essa é a sensação gerada, ainda que por caminhos bem diversos, no belíssimo “O abraço da serpente”.
Bem mais simples de digerir é “Aquarius”, que dialogou com o Brasil de 2016 de uma maneira única e ganhou, com isso, a segunda posição d ranking. Em seguida, “Elle” se coloca como impressionante pelo seu caráter dúbio, problemático ou empoderador, dependendo da leitura que se faça dele, e pelo espaço que abre para Huppert brilhar como protagonista.
“Tangerine”, “Everybody wants some!!” e “American honey” entram na lista pela sensação de frescor, liberdade e possibilidade que seus personagens, repletos de sentimentos de “gente como a gente”, emanam a todo instante. No setor dos “filmes que fazem a gente sofrer”, o drama familiar de “Mais forte que bombas” mostra que não é preciso exame de DNA para associarmos o diretor Joaquim Trier ao tio Lars, basta ver o gosto por desgraça dos dois. Fechando a lista de melhores do ano, dois filmes que trabalharam de forma inteligente gêneros cinematográficos que, em mãos menos habilidosas, descambariam para clichês com facilidade: o filme de extraterrestres “Midnight special” e o drama de época “Amor & amizade”.
COMO FUNCIONA O SISTEMA DE PONTUAÇÃO DO CINE SET:
Cada um dos nove críticos do Cine SET elege o seu ‘TOP 10’. Critério leva em conta filmes lançados nos cinemas, streaming ou televisão no Brasil entre 1o de Janeiro e 31 de Dezembro de 2016.
Para cada lista, fizemos a pontuação semelhante à da Fórmula 1:
1º lugar – 25 pontos
2º lugar – 18 pontos
3º lugar – 15 pontos
4º lugar – 12 pontos
5º lugar – 10 pontos
6º lugar – 8 pontos
7º lugar – 6 pontos
8º lugar – 4 pontos
9º lugar – 2 pontos
10º lugar – 1 ponto
Depois, tudo é somado e chegamos ao resultado final!
*Texto original alterado para substituir a equivocada expressão humor negro.
Parabéns pelo top 10