com apoio de João Bosco Soares

Sete livros publicados, uma novela, uma série da TV Globo, outra da Netflix e incursões cada vez mais intensas no cinema, seja com o elogiado roteiro de “Praça Paris”, dirigido por Lucia Murat, ou o aguardado projeto, com dois filmes em estreias simultâneas, sobre o caso Suzane von Richthofen. Para o futuro, planos de co-dirigir a adaptação de seu livro solo mais recente.

Isso tudo com apenas 29 anos. Para efeitos de comparação, mais profícuo que Stephen King com a mesma idade.

Este é Raphael Montes, que, em meio a essa avalanche criativa, ainda veio a Manaus para ministrar um curso e conversou com o Cine SET por meia hora sobre essas produções, além do atual cenário político no Brasil. Este bate-papo divertido você acompanha agora.

CINE SET: Você veio em Manaus uma outra vez a passeio e agora para o seu curso de escrita criativa…

Raphael Montes: Na verdade, eu vim a Manaus a “passeio”, mas nem tanto da outra vez, porque eu vim para participar de um evento chamado “Navegar é Preciso”, organizado pela Livraria da Vila – que são autores convidados para ir a um barco. E, nos dias que fiquei aqui, marquei um evento na Livraria Saraiva do Shopping Manauara. Eu fiz lá um evento e foi ótimo. Adorei ter vindo.

Desta vez, estou participando de um evento chamado “Arte da Palavra”, organizado pelo SESC, em que eu passo uma semana numa cidade dando uma oficina de escrita. Que, na verdade, é uma oficina de dramaturgia. Vale para literatura, mas também para cinema e televisão. Ou seja, a estrutura dramatúrgica, curva de personagem, enfim, esses assuntos. Estou aproveitando de manhã e à noite para conhecer a cidade.

CINE SET: Você já fez este projeto em outras cidades?

Raphael Montes: Eu já fui a Palmas (TO), Fortaleza (CE) e Garanhuns (PE). Agora vou a Porto Alegre (RS) e Maceió (AL).

CINE SET: O projeto que está com mais visibilidade agora é a produção da Suzane von Richthofen. Os seus livros já são bastante “cinematográficos”, descritivos e visuais, além de uma linguagem que parece que estamos dialogando com os personagens. Antes você fez outros projetos de roteiro, como “Praça Paris”. Como você transpôs isso para o cinema?

Raphael Montes: O filme da Suzane von Richthofen foi interessante não só por ter mais visibilidade pelo próprio caso, como foi minha primeira vez abordando uma história real. Eu sempre trabalhei com ficção. Minhas histórias, por mais violentas e chocantes que sejam, são de mentira, e essa era uma história de verdade.

A Ilana Casoy (co-roteirista e escritora especializada em criminologia) traz toda essa bagagem da realidade. Ela trabalhou no caso na época, acompanhou de perto. Segundo até ela diz, o lado que eu trazia de interessante é que eu tinha, 12 anos quando o caso aconteceu. Então, a visão foi através da imprensa, de criança escutar a história nos jornais. Mas, eu não tinha tanto conhecimento específico do caso.

De início, a pergunta que me fiz foi: por que contar essa história agora? Ou seja, se é só para reviver um evento chocante, eu acho que não tem o menor interesse. Porém, na medida que você entende que todo esse crime, e a própria repercussão, diz muito sobre nós – como sociedade, sobre as relações que a gente tem e a própria história deles, de uma menina de família rica e um menino de família pobre –, diz muito sobre a estrutura social do Brasil. É quando você começa a entender questões que vão além do próprio crime – e, volto a dizer não é um filme nem sobre a Suzane, é um filme sobre o crime.

CINE SET: A produção tem dois pontos de vista, certo?

Raphael Montes: Quando a gente foi chamado para fazer o filme, a ideia era totalmente outra. Era um filme sobre o crime, mas depois do crime. O que vinha depois. A gente chegou à conclusão que o que veio depois do crime todo mundo sabe, está no jornal. O interessante era investigar o que veio antes do crime.

Eu lembro que um dia eu perguntei para Ilana como era essa família von Richthofen. Ela respondeu que não tem uma resposta óbvia de que a família era “assim”. O que tem são as versões que cada um deles deu, a Suzane e o Daniel Cravinhos. Um dos meus filmes favoritos é um filme francês chamado “Bem me Quer, Mal me Quer” (2002), que é dividido em dois pontos de vista. Daí tivemos a ideia juntos, eu e a Ilana Casoy, de fazermos a história do que veio antes do crime da versão dela de o porquê fez o que fez e versão dele. As versões são absolutamente contraditórias.

Fizemos este roteiro e, felizmente, os produtores gostaram muito e, a partir daí, por uma decisão mercadológica, de distribuição, decidiram fazer algo totalmente inovador no mercado de cinema que é lançar dois filmes. Um com uma versão e um com outra; e parece que as versões serão alternadas nas sessões de cinema: uma às 13h, outra às 15h…

CINE SET: Serão sempre exibidas juntas?

Raphael Montes: Sempre exibidas juntas. Porque, a meu ver, a graça é ver as duas. Vendo uma só você fica de algum modo capenga, pois só vê um dos lados. É como ouvir o amigo reclamar do término do namoro só ouvindo o lado dele e não o outro lado.

CINE SET: Tem alguma versão que você ache melhor a gente assistir primeiro?

Raphael Montes: A versão dele, eu acho mais interessante ver primeiro.

CINE SET: A versão dele, a gente conhece menos, né?

Raphael Montes: A versão da Suzane a gente conhece menos.

CINE SET: A Ilana escreveu o livro Casos de Família que trata do caso Nardoni e deste. Ela teve muito acesso a coisas que não vieram a ser divulgadas, até porque ela trabalha neste caso há muito tempo. E você quando começou a estudar esse caso?

Raphael Montes: Eu comecei a estudar para o filme e eu tenho uma relação com violência, talvez, um tanto irônica. Eu não gosto de violência.

CINE SET: Sério?!

Raphael Montes: Da vida real. Quando é ficção, eu gosto.

CINE SET: Ah, tá. Ufa. Nem séries de crimes reais?

Raphael Montes: Tenho dificuldades, documentários de crimes reais não gosto tanto. A Ilana é uma pessoa muito mais deste universo e eu não sou tanto. Por exemplo, eu escrevi muito tempo o filme sem querer ver as fotos do casal assassinado na cama. É uma foto que eu tinha como ver, e preferi não ver. Eu escrevi boa parte do filme, junto com a Ilana, sem ter visto. Mas ela falou: “Rapha, você precisa ver”. E, aí, eu vi para fazer o filme.

Mas, volto a dizer, o que me interessa na história é o que transcende. Eu vejo na internet, por causa da repercussão do filme, “ah, vai fazer um filme defendendo a Suzane, vai homenagear a Suzane” e não será nada disso. Ela cometeu um ato brutal, não tem como defender, não tem como homenagear. Enfim, vale dizer, que o filme não almeja de maneira alguma mudar a sentença.

CINE SET: Vocês tiveram contato com ela?

Raphael Montes: Não tive nenhum contato com ela. A Ilana teve durante o Tribunal do Júri, mas à distância. A Suzane que interessa é quem ela era anos atrás, não agora.

CINE SET: Os seus livros também estão em processo de adaptação, eu queria saber como é que está este processo e se veremos versões internacionais?

Raphael Montes: Todos estão vendidos para o cinema. Em termos de adaptação, o mais avançado é o “Jantar Secreto”, que será dirigido pelo Fellipe Barbosa de “Gabriel e a Montanha” (2017) e “Casa Grande” (2014). Eu não estou envolvido no processo diretamente. Não sou eu que estou fazendo a adaptação. Porém, eu vou ler, comentar e ter diálogos com eles o tempo inteiro. Pelo o que eu sei, a história vai sofrer algumas mudanças, mas vai continuar se passando no Rio de Janeiro com os personagens principais do livro.

CINE SET: Quando você escreve um livro muito descritivo, gráfico, você já consegue imaginar ele sendo adaptado?

Raphael Montes: Eu não sei se eu penso nisso quando escrevo, não. Acho que não. Meus livros, como você disse, são muitos visuais, são todos adaptáveis ao cinema. Mas eu tenho uma impressão que eles quase enganam neste sentido. Porque eles também têm coisas que são inadaptáveis. Nos “Dias Perfeitos” é basicamente inadaptável o fato de que a história é contada da visão dele, a menos que você coloque um voice over na adaptação o tempo inteiro. O filtro através do qual a história é contada é muito literário.

CINE SET: Porque é “uma linda história de amor”…

Raphael Montes: Então, é muito irônico. Esta ironia é difícil de transpor. Dá para transpor usando mecanismos do cinema, e não da literatura. A mesma coisa para o “Jantar Secreto”, que tem uma história que, eu concordo, é muito visual. Mas ele tem elementos que são claramente literários: a receita, o capítulo do WhatsApp – que é tudo muito divertido e é uma questão formal que só funciona no livro. E, também, a própria trama mesmo que é bem urdida e tem um ser misterioso que ninguém sabe quem é. Toda essa trilha é muito literária. Muito difícil de ter transposta para o cinema.

CINE SET: “Suicidas”, mesmo, pode abrir para que pessoas que não entenderam o livro falem que faz apologia, quando se trata de outra questão…

Raphael Montes: O próprio “Suicidas”, também na estrutura de três linhas narrativas, tem desafios escondidos que as pessoas só percebem quando sentam para adaptar.

CINE SET: Aquele último capítulo de “Suicidas”…

Raphael Montes: É dificílimo, como você faz aquilo no cinema?

CINE SET: Eu fico imaginando, talvez, um Tarantino fazendo…

Raphael Montes: Eu vou ligar pra ele!

CINE SET: Você já foi comparado com ele e os Irmãos Coen pelo The Guardian, e seus livros estão sendo muito distribuídos lá fora. Estamos em um momento em que a cultura no Brasil é considerada supérflua. Mas a gente nota que você e, por exemplo, “Bacurau”, do Kleber Mendonça Filho, além de outros nomes nossos, estão muito bem lá fora. E parece haver um cenário de só existir valorização aqui quando é valorizado no exterior. Como é que você vê isso?

Raphael Montes: Eu acho que, infelizmente, quando um nome em qualquer das áreas da cultura alcança uma pertinência internacional duas coisas acontecem: alguns começam a valorizar e outros começam a menosprezar também. É a velha frase… “No Brasil, fazer sucesso é ofensa pessoal”.

Tem esses dois lados, mas eu acredito que a arte é uma forma de resistência em vários sentidos. Não só no sentido de resistência política, resistência social, mas também a arte resiste porque um livro nunca deixa de ser publicado. Ele pode ser censurado. Mas, eventualmente, quando acabar quem o censura, ele volta e continua a ser um retrato daquele momento, daquele país. A arte persiste enquanto nós mesmo não persistimos. Porque a gente morre. Eu acho que, sem dúvida, a cultura vem sido violentada nos últimos tempos. Eu acredito que isso que está acontecendo vá atrapalhar, o que infelizmente é o objetivo. Mas não vai terminar. De maneira inevitável, as criações vão vir a partir disso. Agora, por exemplo, estou escrevendo um livro de terror que é uma metáfora do que é o Brasil hoje.

CINE SET: Você lança livros a cada dois anos, certo?

Raphael Montes: Mais ou menos, minha ideia é fazer para o final do ano que vem.

CINE SET: E o filme da Suzane?

Raphael Montes: O roteiro já está pronto há muito tempo. Está tudo filmado. Agora só está montando. E eu não vi nada.

CINE SET: Você está receoso em relação à repercussão?

Raphael Montes: Eu aprendi muito com a Ilana, acostumada a lidar com esses casos reais, que, quando lidamos com esses casos, lidamos com a emoção de muita gente. Muita gente que não quer saber a informação, ela quer só emitir sua própria opinião. E são opiniões que, às vezes, não vale a pena ouvir. São pessoas que gritam sem sequer saber do que estão gritando.

CINE SET: Você acredita que possa haver alguma reação política contra ele?

Raphael Montes: O próprio presidente da República já se manifestou dizendo que acha um absurdo se fazer um filme sobre a Suzane von Richthofen. Sendo que não é o filme da Suzane von Richthofen, volto a dizer, é um filme sobre um crime. Um crime de repercussão nacional!

CINE SET: Ele também já falou sobre o filme da Bruna Surfistinha…

Raphael Montes: Uma coisa chocante é que a censura nunca é dita. Nunca é declarada. Porque eu vejo algumas pessoas falando: “poxa, que exagero! Não está acontecendo nada”. Aí, eu até brinco: “quando é que vocês entendem que é censura? É aparecer na TV e falar – está tudo censurado!”. Não é assim que se institui uma censura. Ela é tida quando se tira o incentivo de programas de cultura, quando determinados assuntos não passam a ser mais pautas de programas culturais do governo; assim que é feito uma censura, de maneira velada. E isso, de algum modo, já está acontecendo sim.

Por exemplo: projetos que são enviados aos governos sobre personagens transexuais não passam. Na literatura ainda não chegou, porque a literatura não requer incentivo do governo. A literatura é bancada por uma editora e vende em uma livraria. Aí, um nível maior de censura é quando se fecha uma editora o que, felizmente, não aconteceu e espero que não aconteça.

CINE SET: O filme do caso von Richtofen foi financiado como?

Raphael Montes: Dinheiro privado. Teve até a oportunidade de financiar por dinheiro público, mas os produtores não quiseram. Até por uma questão, acho, política.

CINE SET: As outras produções têm alguma data?

Raphael Montes: “Jantar Secreto” está sendo escrito o roteiro. “Dias Perfeitos” e “Suicidas” estão sutilmente parados. Até avançaram, mas tiveram alguns imprevistos de caminho e voltaram à estaca zero. “A Mulher no Escuro” estou fechando a negociação para fazer um filme que eu vou co-dirigir.

CINE SET: E o Bom “Dia, Verônica”?

Raphael Montes: Será uma série da Netflix ainda sem data para o ano que vem. Acaba de filmar em poucas semanas, com um super elenco! Está ficando muito legal, nós temos ido no set de filmagem – eu e a Ilana somos produtores executivos e escrevemos a série. Assim como o livro, que foi realmente escrito por nós dois.

A gente se reuniu e decidiu fazer uma história. Juntos, pensamos essa história. Então, a gente criou tudo o que acontecia e todos os personagens juntos. Tem a curiosidade que eu sou do Rio de Janeiro e ela de São Paulo. Eu ia para lá e passava a semana na casa dela. Ela vinha para o Rio e ficava na minha casa. E, assim, a gente criava juntos.

Na hora de escrever a história, ela escrevia a primeira versão – na verdade, “escreve”; pois estamos a gente está escrevendo o “Boa Tarde, Verônica” agora. Ela escreve a primeira a versão do capítulo e eu a segunda. Ela depois escreve a terceira, eu a quarta, ela a quinta… E, assim, vai. Até que a gente acabe.

CINE SET: Por que o primeiro livro foi assinado com pseudônimo?

Raphael Montes: Ela tinha um cuidado por ser a primeira obra de ficção dela, e eu tinha o desafio de saber se o livro daria certo sem meu nome na capa. Ela queria começar de novo, e eu queria recomeçar!

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