De John Wayne e Richard Dreyfuss, Caio Pimenta apresenta o TOP 10 dos vencedores do Oscar de Melhor Ator nos anos 1970. 

10. RICHARD DREYFUSS, por “A GAROTA DO ADEUS” 

Ator preferido do Steven Spielberg no início da carreira, o Richard Dreyfuss levou o Oscar em 1978 por “A Garota do Adeus”. 

Nesta comédia romântica, ele interpreta um ator chegando a Nova York para interpretar o clássico Ricardo III em uma peça problemática. No entanto, ele vai ter que dividir a casa com uma mulher e a filha dela. É um trabalho, no máximo, agradável, simpático. Apesar de exagerar com pequenos tiques de um personagem que passa do ponto por diversas vezes, o Dreyfuss tem, pelo menos, uma boa química com a Marsha Mason, formando um casal convincente.  

Se era para premiar um trabalho de comédia, era melhor ter dado o prêmio para o Woody Allen, indicado por “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”. 

9. JOHN WAYNE, por “BRAVURA INDÔMITA” 

Nenhum Oscar nos anos 1970 foi mais pelo conjunto da obra do que esse aqui: o prêmio de Melhor Ator para o John Wayne, de “Bravura Indômita”. 

Nem o herói mítico de “No Tempo das Diligências” muito menos o reflexivo de “Rastros de Ódio”: o John Wayne de “Bravura Indômita” aposta em uma composição marcada na figura do anti-herói, ou seja, um sujeito que passa longe das convenções morais e do politicamente correto, mas, que na hora decisiva, fica do lado certo. A sintonia dele com Kim Darby completa o bom trabalho. 

Chega a ser curioso pensar que o John Wayne, mesmo sendo um ícone do cinema americano, do western, só foi indicado duas vezes ao Oscar, sendo uma delas justo com “Bravura Indômita”. Independente disso, a imagem dele perante o público americano segue viva até hoje. 

8. ART CARNEY, por “HARRY, O AMIGO DE TONTO” 

Gigante do rádio e da televisão americana, Art Carney foi fazer cinema só nos anos 1960. Mas, não demorou muito para ele vencer o Oscar. 

A estatueta veio com “Harry, o Amigo de Tonto”, segundo longa da carreira dele nos cinemas. No filme, ele interpreta um idoso viúvo despejado da própria casa. Após ir morar com o filho mais velho, ele embarca em uma viagem de carro pelos EUA. A doçura do personagem aliada o carisma do Art Carney conquista o espectador facilmente, fazendo passar rápido as duas horas de filme. 

Por mais que seja também uma homenagem de Hollywood a um gigante das artes dos EUA, na boa, ele vencer o Al Pacino, por “O Poderoso Chefão 2”, e o Jack Nicholson, de “Chinatown”, é algo inexplicável. 

7. JON VOIGHT, por “AMARGO REGRESSO” 

O pai da Angelina Jolie ganhou o Oscar de Melhor Ator em 1979 por “Amargo Regresso”. 

No melancólico drama dirigido pelo ótimo Hal Ashby, o Jon Voight faz um ex-soldado do Vietnã paraplégico se apaixonando pela personagem da Jane Fonda, uma mulher casada. A jovialidade do ator casa bem com o discurso de uma guerra inútil com consequências terríveis para soldados com uma vida inteira pela frente. O Jon Voight joga para fora isso muito bem ao exalar frustração com suas limitações e carregando diversos arrependimentos ao mesmo tempo em que sobra resistência para seguir vivendo e poder alertar outros jovens. 

6. JACK LEMMON, por “SONHOS DO PASSADO” 

O segundo Oscar do maravilhoso Jack Lemmon veio pelo drama “Sonhos do Passado”, na cerimônia de 1974. 

Esqueça o Jack Lemmon divertido dos principais filmes da carreira; aqui, a gente vê um ator encarando um personagem vendo tudo o que construiu e o mundo de ideais pelo qual lutou ruir. Nesse misto de desespero e angústia, a cena do discurso é um auge de um grande trabalho.  

É uma pena, porém, que ele precisou ir para o drama para voltar a vencer o Oscar. Dava para ele ter conquistado a estatueta facilmente ou por “Quanto Mais Quente Melhor” ou por “Se Meu Apartamento Falasse”. 

5. GENE HACKMAN, por “OPERAÇÃO FRANÇA” 

O Gene Hackman ganhou o primeiro Oscar da carreira pelo icônico detetive Jimmy Popeye de “Operação França”. 

Ser um grande trabalho com uma atuação excelente de um dos maiores atores da história do cinema americano por si só já bastaria para entrar para história. Porém, o Jimmy Popeye de Gene Hackman representou a chegada do policial amoral nas telonas, utilizando métodos para lá questionáveis para conseguir o que pretende. Morria ali a figura do policial idealizado de Hollywood. 

Há quem questione isso por glamourizar a violência policial; até compreendo esse ponto de vista, porém, eu já considero que isso foi mais um reflexo das ruas que passou para o cinema e a Nova Hollywood, com seu olhar transgressor, foi capaz de observar isso. 

4. GEORGE C. SCOTT, por “PATTON – REBELDE OU HERÓI” 

A quarta posição deste TOP 10 é do George C. Scott, protagonista de “Patton – Rebelde ou Herói”. 

Interpretando o general responsável por liderar as tropas americanas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, o George Scott consegue fugir da idealização de figuras heroicas retratadas em 90% das cinebiografias. Com o auxílio dos diálogos brilhantes do Edmund North e do Francis Ford Coppola, o ator cria um personagem excêntrico, brilhante como estrategista de guerra, mas, também uma pessoa bélica em todos os sentidos sem dourar a pílula. Tudo com muito palavrão, que não faz mal a ninguém. 

3. JACK NICHOLSON, por “UM ESTRANHO NO NINHO” 

O primeiro dos três Oscars vencidos pelo Jack Nicholson em 1976 com “Um Estranho no Ninho”. 

Neste filmaço do Milos Forman, o Nicholson esbanja as marcas da carreira: uma energia impressionante, carisma de sobrar para liderar dentro e fora da tela, e uma sensibilidade para transitar como poucos entre drama e humor.  

Duas curiosidades rápidas sobre o Jack Nicholson em “Um Estranho no Ninho”: ele não foi a primeira opção para ser o protagonista; o Marlon Brando e o Gene Hackman foram convidados, mas, acabaram recusando. Segundo que o Jack Nicholson, após ser aprovado, disse que não podia fazer o filme porque já tinha assinado contrato para outra produção. Foi, então, que o Milos Forman disse que esperaria o tempo que fosse preciso para contar com ele. Esse tempo durou sete meses e o resto todo mundo já sabe. 

2. PETER FINCH, por “REDE DE INTRIGAS” 

O Peter Finch venceu com justiça o Oscar de Melhor Ator em 1977 por “Rede de Intrigas”. 

Concorrendo com pesos-pesados como Sylvester Stallone, de “Rocky”, e Robert De Niro, por “Taxi Driver”, o Peter Finch apresenta um trabalho excepcional no drama jornalístico dirigido pelo Sydney Lumet. Cada aparição dele em seus discursos furiosos são de tirar o fôlego. Mesmo com uma história e elenco ótimos, “Rede de Intrigas” é um clássico muito devido à atuação inesquecível do Finch. 

Uma pena que ele não pode receber o Oscar em mãos: infelizmente, o Peter Finch morreu dois meses antes da cerimônia. Esse o primeiro prêmio póstumo para um ator na história da Academia: isso só voltou a acontecer em 2009 com o Heath Ledger. 

1. MARLON BRANDO, por “O PODEROSO CHEFÃO”

Essa aqui era barbada: o primeiro lugar deste TOP 10 é do Marlon Brando pelo desempenho como Don Corloene em “O Poderoso Chefão”. 

Vencedor do Oscar de Melhor Ator em 1972, o Marlon Brando construiu um dos personagens mais lembrados e amados da história do cinema. Do jeito de falar ao gestual até a desconstrução da imagem de galã repleto de vitalidade, Brando realiza a passagem de bastão simbólica para uma nova geração de astros como Al Pacino mantendo a aura, o respeito e a grandeza de um símbolo de Hollywood. 

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