Dentre sucessos como ‘Beasts of No Nation’, ‘Okja’ e a popular ‘Stranger Things’, a Netflix também comete erros em seu catálogo de originais. Se a proposta do streaming é produzir 700 peças nesta categoria até final de 2018, possivelmente a meta será cumprida. Porém a qualidade, como sempre, ainda é bem questionável e o resultado disto são inúmeras produções que persistem em vagar por seu catálogo. A seguir, estão cinco originais que são um verdadeiro alerta para a Netflix rever o que está produzindo.


10. Blockbuster*

Há uma ideia que tudo vindo da França no cinema seja o tal ‘filme de arte’.

Esquecem, porém, como o país de Napoleão, Truffaut, Godard e Zidane faz comédias românticas ruins.

Esta produção é uma delas.

Tem o colorido de Amelie Poulain, a pretensa fofura dos filmes indies e a criatividade de um blockbuster (péssimo trocadilho, eu sei).

Dica: assista “Ela”.


9. Castelo de Areia*

É chato colocar a estreia do diretor brasileiro Fernando Coimbra no cinema americano, mas, “Castelo de Areia” não tem como perdoar. É somente mais um drama sobre a Guerra no Iraque, soldados americanos com suas angústias e medo, muita areia e explosões eventuais. Nada traz de novo.

Fique mil vezes com o excelente “O Lobo Atrás da Porta” e a atuação magnífica de Leandra Leal.



8. Dia da Namorada*

Coitado do Bob Odenkirk.

Devia estar pagando alguma dívida com a Netflix por conta de “Better Call Saul” ou está vivendo dias de tédio em casa. Só isso para explicar porque aceitar fazer um escritor de cartões comemorativos em uma produção que não diz a que veio.

Será que alguém assistiu este filme?



7. Todas as comédias do Adam Sandler*

Por que fugir?
O tempo é precioso demais



6. Marco Luque: Tamo Junto*

A Netflix despeja uma centena de stand-up comedies a cada semana. Se é possível encontrar gente do naipe de Chris Rock e Rick Gervais, em outras ocasiões, nos deparamos com Danilo Gentili, Felipe Neto (sim, ele está catalogado assim) e Murilo Couto. Agora, Marco Luque?

Não bastasse não conseguir nos constranger todos os sábados à noite no Altas Horas, a Netflix ainda nos brinda com um stand-up de um dos maiores mistérios da história do humor mundial.

Pelo menos, vale o desafio com o amigo de quem ri primeiro – talvez, acabe empatado no final.



5. 13 Reasons Why

Possuindo uma notória popularidade, ’13 Reasons Why’ é uma série que merece estar nessa lista por diferentes motivos. O destaque desta produção em meio a tantas da Netflix não ocorreu apenas por boa estima, ao tratar temas densos direcionados ao público jovem, a produção logo se tornou alvo de duras críticas. Sua abordagem, direcionamento e público-alvo são três porquês ela deveria ficar de fora das maratonas.

Para além dos acontecimentos inéditos, ’13 Reasons Why’ não retrata nada muito diferente do drama adolescente presente em inúmeros filmes e séries do próprio serviço de streaming (vale lembrar de ‘The End of The F***ing World’ com a proposta parecida e bem melhor aproveitada). A segunda temporada promete explorar a história de seus personagens secundários, com uma narrativa exclusiva para o formato audiovisual.

Com as mudanças de roteiro na adaptação do livro para a série, esta continuação se tornou necessária, porém, o que diz respeito à uma terceira temporada, se torna um desafio para os roteiristas e para o público encontrar novas possibilidades dentro desta série, sendo assim, melhor ficar longe.

LEIA A CRÍTICA DE “13 REASONS WHY”



4. Os Defensores

Se por um lado Jessica Jones e o Demolidor conseguiam se manter como séries populares e medianas, juntar Luke Cage e o desvalorizado Punho de Ferro à equação não salvou o grupo de heróis. Este seriado, assim como qualquer ‘Guerra Infinita’ e ‘Liga da Justiça’, possui o principal apelo de mostrar personagens importantes interagindo entre si. No entanto, este acaba sendo o maior erro de ‘Os Defensores’, pois suas personalidades não possuíam apelo sozinhos, ao uni-los isto apenas se confirma.

Talvez por influência do seriado, Jessica Jones também tenha dado seus tropeços neste segundo ano. Porém a heroína ainda adiciona originalidade ao grupo de defensores, assim como a boa história de Matt Murdock, o Demolidor. Sem previsão para uma próxima temporada, ‘Os Defensores’ se tornou um risco calculado na produtora e, apesar dos pesares, devo dizer que a adição do Justiceiro na história talvez amenizasse os percalços negativos vistos até então.

LEIA A CRÍTICA DE “OS DEFENSORES”



3. Bright

‘Bright’ com todos esforços publicitários da Netflix, conseguiu cair no gosto do grande público e logo emplacou uma continuação. O filme, entretanto, apresenta uma narrativa de dar pena, a influência forte de Senhor dos Aneis e do universo Tolkien não salva esta produção dos clichês e dos personagens superficiais.

Com aproximadamente duas horas, o filme é uma grande mistura entre a pretensão de abordar o preconceito e representação com qualquer fator fantasioso. Uma das únicas coisas boas é a apropriação do nonsense, em determinado momento você sente que qualquer coisa a mais colocada em tela é completamente cabível no filme. A Netflix insiste em indicar esta produção para seus assinantes, minha dica, entretanto, é para passar longe.

LEIA A CRÍTICA DE “BRIGHT”



2. O Mecanismo

“Fácil de assistir, difícil de ajudar no debate político”. Este título utilizado na crítica de ‘O Mecanismo’ aqui no site define realmente a cerne desta produção. Em meio ao cenário político já conhecido (ou não) por seu público, a série se apropria de recursos narrativos comuns para realizar um panorama de como a corrupção vem ocorrendo no Brasil.

Talvez, para um espectador de outro país, esta série seja interessante e até mesmo uma referência sobre a política no “país do futebol”. Entretanto, para o público-alvo da obra de Padilha, o que é colocado ou não em tela, possui outros significados. Em um ano de eleições e inúmeros acontecimentos envolvendo política e politicagem, não indico este seriado para espectadores passivos que não realizam um consumo crítico do que assistem, principalmente em uma obra tão tênue entre a ficção e realidade.

LEIA A CRÍTICA DE “O MECANISMO”


1. The Cloverfield Paradox

Quando se trata de filmes sobre o espaço a impressão é que qualquer nova proposta pode brilhar com a infinidade de possibilidades apresentada por este cenário. Ao que parece, ‘The Cloverfield Paradox’ utilizou desta premissa para criar mais uma obra sem grandes destaques (positivos), misturando ficção científica com terror.

O argumento é batido, os personagens clichês e o absurdo ultrapassa o nível do aceitável ao ignorar, até mesmo, questões físicas sobre o próprio cenário. Além de todos estes erros, o pior é seu título, apresentado como o terceiro filme da série ‘Cloverfield’, que, até então, seguia com elogios. Para quem não gosta deste gênero, melhor investir em algum filme com maior qualidade, para quem gosta, melhor poupar o tempo e a paciência.

LEIA A CRÍTICA DE “CLOVERFIELD PARADOX”

*colaborações de Caio Pimenta