Após 11 anos e 21 filmes, o Universo Cinematográfico da Marvel finalmente vai se despedir de heróis que marcaram as primeiras fases do estúdio nas adaptações de HQs em longas-metragens. Nomes como Thor, Capitão América e Homem de Ferro foram protagonistas essenciais para a construção de um universo bem estruturado e coerente, porém, suas histórias devem ser encerradas em detrimento de uma renovação narrativa necessária após tanto tempo.

Apesar de ser um dos grandes nomes do cinema atual, a Marvel também tropeçou muitas vezes ao trilhar este caminho. A criação de uma fórmula no roteiro com o objetivo de unir ação e comédia, por exemplo, foi uma escolha segura, totalmente aproveitável em muitos momentos, mas, depois de 21 produções, se torna dispensável e obsoleta.

Aqui, a máxima “quantidade não equivale a qualidade” é totalmente válida: não são todos filmes da Marvel que possuem um visual notório ou articulações de roteiro primorosas. Entretanto, mesmo cinéfilos e amantes da sétima arte que renegam este gênero precisam observar os personagens denominados como heróis e vilões e questionar como estes dialogam com a realidade vivida fora das telas.

Para celebrar esta trajetória, encontrei a difícil tarefa de listar todos os filmes da Marvel até “Vingadores: Ultimato”, do pior ao melhor. É claro que o julgamento sobre a qualidade de uma obra, mesmo com análise de sua proposta e elementos, continua sempre sendo subjetiva, por isso, considerei nesta lista não apenas filmes que dialogam bem dentro do MCU, mas, principalmente, o quanto estas obras são válidas individualmente. Então, vamos lá!


21 – O Incrível Hulk (2008)

Infelizmente, este longa antes mesmo de sua estreia já carregava o estigma negativo sobre o aproveitamento do Hulk nos cinemas. É uma pena pensar que toda carga dramática de um cientista o qual se transforma em um monstro verde nunca vai ser realmente explorada da maneira devida. Neste caso, nem Edward Norton conseguiu salvar a trama de clichês superficialidades.



20 – Thor: O Mundo Sombrio (2013)

Em algum momento a mitologia nórdica se perdeu ao entrar na Marvel e este segundo filme de Thor foi a grande confirmação disso. Tudo bem, o personagem já apresentava dificuldades em se estabelecer no MCU desde o primeiro longa, mas esta continuação foi o que deixou de vez na geladeira no estúdio.



19 – Homem de Ferro 3 (2013)

A história do Homem de Ferro é uma saga bem aproveitável, porém três filmes com tramas parecidas cansaram totalmente o público. E para nossa total infelicidade, os momentos mais ousados deste terceiro capítulo não foram bem aproveitados.

Leia: Crítica – “Homem de Ferro 3”



18 – Thor (2011)

Novamente, com exceção do Hulk, Thor foi o herói que mais enfrentou dificuldades de se consolidar em uma franquia solo. Este primeiro filme consegue aproveitar alguns momentos para mostrar uma mínima evolução do personagem-título, algo que se mostrou bem complicado para o asgardiano.



17 – Vingadores: Era de Ultron (2015)

O projeto dos Vingadores realmente foi um passo ousado e necessário para o estúdio, com uma criação coerente do primeiro filme, “Era de Ultron” precisaria apenas dar continuidade à boa combinação apresentada. Infelizmente, a trama se perde em suas ambições, não corresponde às expectativas deixadas por seu antecessor e o pior: é tedioso.

Leia: Crítica Com Spoilers – “Vingadores: Era de Ultron”



16 – Homem de Ferro 2 (2010)

A continuação da história de Tony Stark não mostra nada muito diferente do que o primeiro filme apresentou. Foi a clássica produção da Marvel a qual é feita apenas para dar continuidade ao MCU, nada mais.



15 – Homem-Formiga (2015)

Afinal, em um filme com Paul Rudd o que poderia dar errado? Definitivamente o carisma do ator foi um fator diferencial neste longa: ele é o primeiro a abraçar o humor e deixar a ação um pouco de lado. Esta estratégia cria uma atração mais interessante para o público e bem menos cansativa.

Leia – Crítica com Spoilers: “Homem-Formiga”



14 – Thor: Ragnarok (2017)

Tudo bem, podem xingar, mas simplesmente não é bom. A verdade é que a história de Thor estava tão mal vista no MCU que o fato de “Ragnarok” não ser um total desastre foi um grande alívio. Entretanto, isto apenas evidenciou o quanto o herói se perdeu na adaptação para os cinemas, mudando as características e carga dramática do personagem sem maiores preocupações.

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13 – Doutor Estranho (2017)

Em questões de roteiro é um filme que se assemelha MUITO a “Homem de Ferro”, então é difícil aproveitar bons aspectos da trama de Stephen Strange. O ponto alto aqui é realmente os efeitos visuais bem executados que não são apenas bonitos, mas também tornam a produção mais interessante.

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12. “HOMEM DE FERRO” (2008)

Começar o MCU pelo personagem de Robert Downey Jr permitiu ao estúdio apresentar um herói “fabricado”, longe das ideias de mutações genéticas ou seres totalmente superiores (vide franquia X-Men). Mesmo possuindo recursos para se tornar o Homem de Ferro, a principal motivação para sua ascensão como herói parte de convicções pessoais e de uma construção do personagem que avançou muito em relação aos outros filmes de sua franquia.



11 – Capitão América: O Primeiro Vingador (2011)

Provavelmente, o melhor filme de origem produzido pela Marvel. Aqui temos um personagem bem apresentado, uma história boa o suficiente para ressaltar as características do Capitão e um longa que permite o espectador conhecer um herói mais humano.



10 – Homem-Formiga e a Vespa (2018)

É igualmente engraçado e cativante como seu antecessor da história de Scott Lang. A melhor escolha aqui é evidenciar a personagem da Vespa, principalmente devido a trama pretendida. Mesmo com essa decisão, ainda é possível identificar o Homem-Formiga como protagonista, apesar de não existir um aprimoramento do personagem entre seus dois filmes solo, o que geralmente é esperado de uma continuação.

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9 – Guardiões da Galáxia 2 (2017)

Mesmo com um grande problema de ritmo, parecendo ser mais longo e cansativo do que realmente é, “Guardiões 2” é um filme com muitos aspectos bons e consideráveis a seu favor. Além de possuir um ótimo humor e trilha sonora, personagens novos são apresentados com sucesso assim como a trama a qual, apesar de interessante, não anula os acontecimentos anteriores. Em outras palavras: é um ótimo exemplo do que uma continuação deve apresentar.

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8 – Capitão América: Soldado Invernal (2014)

Como já mencionei, a franquia de Steve Rogers é uma das mais coerentes dentro do MCU e “Soldado Invernal” contribui bastante para a continuidade desta coesão. Sim, este é um filme mais sério se compararmos ao que normalmente as produções da Marvel propõem, mas os esforços para a narrativa não se tornar tão densa são facilmente notados. Existem muitos fatores que tornam esta história coerente com o universo Marvel, os quais conseguem destacar a constante evolução do protagonista.

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7 – Capitã Marvel (2019)

A verdadeira prova de como a fórmula da Marvel se tornou batida e tediosa. Este era um filme que tinha tudo para ser grandioso em sua narrativa e o momento certo para o estúdio finalmente arriscar (melhor fase da Marvel e estreia próxima de “Ultimato”). Utilizar um roteiro nada pretensioso para apresentar uma personagem tão importante dentro e fora das telas resultou em mais um filme aproveitável dentro do MCU, porém com muitas limitações narrativas quando pensado individualmente. Definitivamente, “Capitã Marvel” poderia figurar o top 5 desta lista com facilidade, mas a falta de coragem de seus realizadores repassada ao longa é muito difícil de não ser notada.

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6 – Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2018)

Mesmo com um histórico de evidenciar heróis e não deixar os vilões se sobressaírem nos filmes, “De Volta ao Lar” é exatamente a quebra de padrão que o público necessitava. Com uma história contada em outras duas franquias, o Peter de Tom Holland precisava de algo além dos padrões Marvel para emplacar, acontecendo exatamente desta forma com a entrada de Michael Keaton no elenco. “De Volta ao Lar” é, acima de tudo, um filme eficiente em atingir seu principal objetivo logo no primeiro ato: apresentar um herói carismático.

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5 – Capitão América: Guerra Civil (2016)

Escolher entre “Soldado Invernal” e “Guerra Civil” é igualmente escolher o filho favorito: não importa a decisão, sempre parece ser errado. Mas, entre os dois, decidi que o último filme do Capitão deveria entrar na seleção de cinco melhores da Marvel, devido ao conjunto da obra. Afinal, se vemos um Steve Rogers cada vez mais duvidando sobre seu papel e objetivos em outros filmes, neste presenciamos uma total ruptura em seus princípios, com o soldado americano estrela de campanhas patriotas se voltando contra o próprio governo por suas convicções pessoais.

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Além desta evolução pessoal, o longa também é um ótimo encontro de várias histórias que, até então, estavam soltas no MCU. Mesmo ainda longe da perfeição, as escolhas inteligentes realizadas pelo roteiro permitiram a criação de uma boa dinâmica entre personagens, uma lição levada para produções posteriores.



4 – Vingadores: Guerra Infinita (2018)

Falando da boa relação entre personagens por que não abordar uma trama que investe totalmente nestes vínculos? Tudo bem, “é o cross-over mais ambicioso da história”, eu sei, tornando-o um forte candidato a melhor filme até então, todavia, ainda existem outros que merecem ser considerados à sua frente.

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Meu principal argumento para dar a quarta posição a “Guerra Infinita” é devido ao seu alcance de público, este é um filme para quem conhece o universo da Marvel. Mesmo com a explicação didática de muitos fatores importantes, a sua grande força é ver a interação de personagens já conhecidos que nunca se encontraram e encarar a iminência de seus desaparecimentos após nos acompanharem durante tantos anos.

Ou seja, é uma produção muito boa, a qual condecora os feitos da Marvel até então, mas não deixa de ser um filme voltado a um público em específico – o que não é um defeito, mas uma forma de delimitar melhor esta lista.


3 – Vingadores (2012)

Este é, muito provavelmente, o filme mais determinante para a Marvel ter se tornado o que é hoje. Foi a primeira obra a chamar atenção de outros públicos além do usual fandom e devido a este risco, de ser visto e aceito por uma audiência que não é sua, “Vingadores” possui escolhas certeiras no roteiro, com uma construção muito cuidadosa: as piadas possuem o timing certo, cenas de ação são bem coreografadas e, principalmente, a boa relação entre os personagens e o futuro da franquia é estabelecida.

Leia – Crítica: “Vingadores”

Estes fatores tornaram possível a qualquer pessoa assisti-lo e sair do cinema sabendo quem são os personagens e seus nomes. Uma combinação de boas características e importância para o estúdio.



2 – Pantera Negra (2018)

“Pantera Negra”. Este é o nome que qualquer filme de super-herói desde 2018 deveria se inspirar. O primeiro do gênero a apresentar um negro como protagonista realizou tantos feitos quanto o merecido pelo excelente trabalho de Ryan Coogler (amém!) na direção. Para além de nomeações e títulos “Pantera Negra” é um filme que exige ser assistido, independentemente de ser sobre um super-herói.

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Claro, como tantos outros filmes de origem aqui listados ele cumpre muito os requisitos exigidos pela Marvel em sua história. Mas, por outro lado, o aproveitamento de outros recursos cinematográficos para construir uma trama diferente do que havia sido visto em dez anos foi totalmente notável. Este filme somente não leva o primeiro lugar porque acredito que seu detentor tenha muito para ser explorado, porém, eu considero “Pantera Negra” o número um em muitos aspectos quando falamos de Marvel.



1 – Guardiões da Galáxia (2014)

Mais do que retratar um deus nórdico, um soldado americano ou o “playboy filantropo”, em “Guardiões da Galáxia” a Marvel nos apresenta um grupo improvável capaz de protagonizar uma ótima história a qual aborda, sobretudo, relações interpessoais. Mesmo se tratando de uma aventura espacial com direito a efeitos especiais e lutas numerosas, o filme não deixa de lado a importância da construção de seus personagens, o que é essencial para o funcionamento da história.

Leia: Crítica – “Guardiões da Galáxia”

Para além de boas motivações e a dinâmica entre o grupo, o filme ainda possui a famosa e excelente trilha sonora, um toque cômico e cenas dramáticas bem adequadas. É até estranho nomear “Guardiões da Galáxia” como um filme de super-herói já que ele é famoso por suas subversões ao gênero. Esta, inclusive, é uma característica primordial para que a trama funcione: abandonar a definição de herói.

Assim, o filme é apropriado tanto dentro do MCU quanto individualmente, sem cair em numerosos clichês ou abandonar totalmente o seu universo. Com tantos fatores diferenciais e significativos, eu, particularmente, considero “Guardiões” uma verdadeira joia do infinito.