A polêmica sobre os tabus e preconceitos dentro da indústria do cinema continuam vindo à tona e gerando novas discussões. Em entrevista à revista inglesa “Elle UK”, Ellen Page questionou o fato de que atores assumidamente homossexuais acabam sendo limitados a papeis de gays e lésbicas. Apesar de admitir que houve uma melhora em Hollywood nos últimos anos, a atriz considera que o problema está longe do fim e se disse capaz de interpretar qualquer personagem independente da sexualidade.

“Em todos os meus próximos quatro filmes, eu interpreto homossexuais. As pessoas me perguntam se fico preocupada em ficar rotulada. Ninguém me perguntava antes: Ellen, você fez sete héteros ao longo da sua carreira – você não deveria ter sacudido tudo e fazer algo esquisito?”, disse. “Ainda há esse olhar ambíguo. Já fiz diversas coisas em tantos projetos: já droguei e torturei uma pessoa, tornei-me uma estrela em uma noite. Mas, agora, sou gay. Não posso interpretar um hétero?”, questiona, lembrando que uma exceção à regra tem sido Zachary Quinto, intérprete de Spock nos novos filmes da franquia “Star Trek”.

O próximo filme da carreira de Ellen Page a ser lançado nos cinemas será o drama “Freeheld”. A atriz lutou seis anos para fazer o projeto sair do papel e disse que isso a motivou a falar publicamente que é homossexual. “Fez parte. O que fica na minha cabeça é como minha vida pessoal andou em paralelo com o filme. Parecia ser inapropriado interpretar esse personagem se escondendo. Veio como em um longo processo”, declarou.

Dirigido por Peter Sollett, “Freeheld” é baseado num documentário de mesmo nome, vencedor do Oscar de Melhor Documentário em Curta-metragem em 2007. No filme, Julianne Moore interpreta a policial Laurel Hester, que tem uma relação homoafetiva com Stacie Andree (Ellen Page). Ao ser diagnosticada com câncer por volta de 2005, Hester luta na justiça pelo direito de sua companheira receber os benefícios de sua pensão após sua morte.