A Agência Nacional do Cinema (Ancine) considerou histórica a participação brasileira no 65º  Festival Internacional de Cinema de Berlim, ocorrido entre os dias 5 e 15 deste mês na capital alemã. O país teve 14 títulos exibidos na seleção oficial e o longa-metragem Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, ganhou dois prêmios: o do público da Mostra Panorama, onde concorreu com outros 34 filmes de 29 países, e também o da Confederação Internacional dos Cinemas de Arte e Experimentais (Cicae) que reúne mais de 3 mil salas em cerca de 30 países.

Além disso, 13 brasileiros participaram do programa de residência Berlinale Talents e cerca de 90 estiveram no European Film Market.  O país voltou de Berlim com acordos fechados e negócios feitos, entre eles um protocolo de cooperação audiovisual com o Instituto Mexicano de Cinematografia (Imcine).

“O Festival de Cinema de Berlim é hoje um dos três mais importantes festivais de cinema do mundo. O cinema brasileiro tem força e talento para romper a dicotomia entre o mercado e a arte. E quando os curadores dos festivais internacionais têm curiosidade e olhos pra ver, encontram um Brasil novo que pulsa e emerge”, disse o diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel, ao avaliar hoje (20) a participação brasileira no evento. Rangel esteve em Berlim, acompanhado de Eduardo Valente, assessor Internacional da agência.

Sobre o filme Que Horas Ela Volta?, estrelado pelas atrizes Regina Casé e Camila Márdila, o presidente da Ancine considerou a produção “absolutamente conectado com o Brasil de hoje”. Segundo ele, “estão em cena a herança escravocrata brasileira no ambiente doméstico e a emancipação, com humor, acidez e ternura no olhar sobre homens e mulheres”.

Produzido pela Gullane Filmes, associada ao programa de promoção Cinema do Brasil, da Ancine, Que Horas Ela Volta? foi vendido para os Estados Unidos, a França, Espanha, Bélgica e Luxemburgo e a Suíça. O longa Beira-Mar, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher foi outro que voltou da Alemanha com acordos fechados: produzido pela Avante Filmes, também associada ao Cinema do Brasil, o filme foi comprado por distribuidoras para exibição na Alemanha, Áustria, Suíça, França, em Portugal, nos Estados Unidos e no Canadá.

O protocolo assinado por Rangel com o diretor-geral do Imcine, Jorge Geraldo Sánchez Sosa, prevê o lançamento anual de editais simultâneos nos dois países para a seleção de projetos de longas em regime de coprodução e o apoio à distribuição de filmes brasileiros no mercado mexicano e de filmes mexicanos nos cinemas brasileiros. “Este protocolo representa uma reaproximação em nível institucional entre as duas maiores indústrias audiovisuais da América Latina. Por muitos anos, o Brasil e México estiveram mais distantes, apenas com coproduções eventuais em pequeno número. Esperamos, a partir de agora, um novo patamar de aproximação entre os produtores dos dois países”, avaliou o diretor-presidente da Ancine.

por Paulo Virgílio
da Agência Brasil