O cinegrafista Emmanuel Lubezki estava terminando a filmagem complexa de “Gravidade” quando o diretor Alejandro G. Iñárritu o abordou com uma proposta intimidante: filmar “Birdman” como se o filme fosse uma única tomada.

Em entrevista à Reuters, Lubezki disse que seu primeiro pensamento foi “‘espero não chegar a fazer isso’, porque era um desafio muito grande e não queria que ficasse artificial”.

Conhecido popularmente como “Chivo” (bode, em espanhol), Lubezki é o favorito ao Oscar de melhor fotografia em 22 de fevereiro, um ano depois de o mexicano ter conquistado sua primeira estatueta pelo suspense espacial “Gravidade”.

“Birdman” também lidera as apostas para o prêmio de melhor filme.

Indicado sete vezes ao Oscar, Lubezki, de 50 anos, tem o que Iñárritu descreve como “um talento maravilhoso e um gosto requintado”, e juntos eles criaram um “processo espetacular”. Agora já trabalham em seu segundo filme.

Quando Iñárritu conquistou o prêmio do sindicato de diretores dos Estados Unidos no fim de semana passado, brincou com o compatriota mexicano Alfonso Cuarón, diretor de “Gravidade”, sobre a “arma secreta que compartilham”.

Mesmo assim, Lubezki dá todo o crédito a Iñárritu pela ideia da longa tomada sem cortes: desde o início, o diretor quis mergulhar a plateia em Riggan Thomson, vivido por Michael Keaton, e no desmoronamento de sua vida como ex-intérprete de um super-herói que tenta reconquistar a fama com uma peça de sua autoria na Broadway.

“Ele queria que essa única tomada não fosse completamente objetiva, e isso dificultou muito”, confessou Lubezki. “A tomada é muito subjetiva às vezes, então você sente o que ele sente e vê o que ele vê, e depois volta para revelar o ambiente.”

A empreitada teria sido muito mais exigente para Lubezki se Iñárritu tivesse conseguido realizar seu desejo de realmente fazer o filme numa tomada num teatro que tivesse tudo que ele precisava.

“Eu tive sorte por não termos achado um teatro para filmar todos os bastidores e passagens e camarins”, disse ele. “Por causa disso, tivemos que fazer cortes.”

da Agência Reuters