O diretor americano Martin Scorsese confessou nesta segunda-feira (4) que com a gravação de “Silêncio”, um filme baseado no livro do mesmo título do japonês Shusaku Endo, realiza um sonho de mais de 20 anos.

Scorsese lembrou hoje em Taipé – a maior parte da filmagem foi realizado em Taiwan – que em 1998 o arcebispo Paul Moore lhe recomendou o livro de Endo, sobre a perseguição de dois sacerdotes jesuítas no Japão do século 17, e desde o primeiro momento quis levá-lo ao cinema.

“O tema deste livro e as questões de fé foram parte da minha vida desde a infância”, disse hoje, em entrevista coletiva, o diretor conhecido por seu interesse em temas religiosos católicos, que levou ao cinema em filmes como “A Última Tentação de Cristo” (1988).

A primeira tentativa de Scorsese, de 72 anos, de escrever um roteiro para “Silêncio” na década de 1990 “não foi muito bem-sucedida” e teve que esperar cerca de 15 anos até “encontrar o caminho correto”, explicou o diretor.

O protagonista do filme, o ator americano Andrew Garfield, que encarna no filme o padre Rodríguez, um dos dois sacerdotes, disse que se sentiu muito atraído pela história, que considera “atemporal” e de “grande impacto e emotividade”, já que seu personagem enfrenta situações muito decisivas e duras.

“Meu personagem enfrenta questões de como viver uma vida de fé, uma vida com sentido”, disse o ator, conhecido por protagonizar as duas últimas sagas de Homem-Aranha.

Outros atores do filme são o norte-irlandês Liam Neeson, que interpreta o padre Ferreira, e o ator americano Adam Driver, que dá vida ao companheiro de Rodríguez, o padre Francisco Garrpe. Os atores japoneses Yosuke Kubozuka, Issei Ogata e Tadanobu Asano também participam do filme.

O prefeito de Taipé, Ko Wen-je, presente na entrevista coletiva, expressou seu agradecimento ao diretor taiuanês Ang Lee por ter convencido Scorsese de filmar este filme em Taiwan. Mais de 350 técnicos e 3 mil extras participaram da filmagem de “Silêncio” na ilha.

“Silêncio” desencadeou uma ampla polêmica no Japão, após sua publicação em 1966, e é considerado o romance mais importante de Endo.

Narra o trabalho dos jesuítas no Japão, enfrentando duras provas, perseguições e torturas, e é baseado na vida de um missionário que chegou ao Japão na época dos cristãos ocultos depois da derrota da rebelião de Shimabara de 1637.

da Agência EFE