Nesta semana, a gigante dos jogos eletrônicos Nintendo anunciou que pretende entrar no mundo do cinema, desenvolvendo filmes baseados em seus personagens para o mercado internacional. De um ponto de vista estratégico, isso coloca a empresa numa posição invejável de gerar franquias e universos expandidos bem à moda que Hollywood gosta, justamente em um momento em que parte do cinema mais mainstream americano bebe muito da estética dos videogames (e vice-versa).
Claro, não vai ser a primeira vez que a japonesa faz isso: ela teve uma experiência má-sucedida com uma adaptação altamente trash de seu clássico Super Mario Bros. em 1993, que deixou seus planos cinematográficos dormentes no Ocidente até agora. No Japão, a empresa, através de uma companhia que é parcialmente de sua propriedade, já emplacou dezoito filmes da franquia Pokémon, com o 19º previsto para estrear por lá em julho deste ano.
Para evitar o “flop” de 1993, a Nintendo, como a Marvel antes dela, quer tomar a dianteira da produção dos filmes, acertando apenas a parte da distribuição com os estúdios. Além disso, ainda que filmes “live-action” não estejam fora de questão, a prioridade na fase inicial de desenvolvimento deverá ser filmes de animação 3D.
A Nintendo tem sua dose de personagens clássicos e bons jogos em todos os seus anos de atividades, então o Cine Set separou alguns que adoraríamos ver na telona:
- Donkey Kong
A Nintendo tem um histórico de lançar jogos para todas as idades e o cinema, muitas vezes precisando de um público amplo e uma censura baixa para dar certo, pode ser um meio muito amigável às franquias mais serelepes da companhia, como a do gorila Donkey Kong. Alguém aposta em uma história de origem que lotaria salas no verão americano?
Poderia ser parecido com: Mogli – O Menino Lobo
O novo lançamento da Disney colocou o ambiente da selva de volta no imaginário de crianças e adultos, tirando um pouco o foco dos heróis Marvel e DC que lotam os cinemas de hoje em dia.
Quem gostaríamos de ver no comando: Brad Bird
Bird é um dos poucos diretores que ficaram famosos na Pixar a ter vários hits fora da produtora. No seu currículo, temos tanto a emocionante animação tradicional “O Gigante de Ferro” quanto o hipercinético “Os Incríveis”, provando que o cineasta é capaz de tocar seus espectadores sem deixar de lado o ritmo das aventuras dos dias de hoje.
- Star Fox
Mantendo a censura livre e investindo em uma saga intergaláctica, a Nintendo pode apostar suas fichas em Star Fox. As aventuras de Fox McCloud e companhia renderiam um espetáculo visual com direito a muitas batalhas com efeitos especiais e mundos a serem explorados.
Poderia ser parecido com: saga Star Wars
Star Fox se beneficiaria com um mercado reaquecido para ficção científica, com a saga Star Wars provando que aventuras espaciais rendem plateia se os personagens forem conhecidos.
Quem gostaríamos de ver no comando: Joe Cornish
O inglês conseguiu fazer uma das ficções científicas B mais queridas da última década (“Ataque ao Bloco”). Star Fox poderia ser sua porta de entrada para a série A do gênero.
- F-Zero
Se a Nintendo quisesse investir em um cinema mais de ação e topasse uma censura mais alta, o jogo de corridas F-Zero também poderia ser uma boa. Cenários futuristas, temas distópicos e veículos ultratunados poderiam cativar em cheio o público com sede de adrenalina.
Poderia ser parecido com: série Velozes e Furiosos
Imagine a série de ação mais rentável da atualidade ambientada no espaço? Com um bom roteiro explorando as diferentes personalidades dos pilotos, F-Zero poderia gerar uma franquia similar à altura.
Quem gostaríamos de ver no comando: George Miller
Enquanto à frente da série “Mad Max”, o diretor gosta de fazer uma ficção-científica bastante madura, tátil e distópica, sem falar que suas cenas de corrida são algumas das melhores já filmadas na história do cinema. Sua mão poderia trazer a humanidade e a técnica fundamentais para o filme da Nintendo.
- Metroid
Um terror com uma forte protagonista feminina poderia dar a Nintendo algo para concorrer pela fatia de mercado cativada pela série Resident Evil (que, inclusive, está perto do fim e deverá deixar esse vácuo). Metroid abre espaço para termos uma heroína de games nada sexualizada na tela grande e pode mostrar que a desenvolvedora nipônica não está presa na censura livre.
Poderia ser parecido com: franquia Alien
Alien é uma referência óbvia na série Metroid, não só pela sua personagem principal: ambos partilham de planetas mortos, extraterrestres predadores e um clima eterno de suspense.
Quem gostaríamos de ver no comando: Alejandro Amenábar
O espanhol já provou que consegue criar desconforto com tramas tecnológicas em seus primeiros filmes “Morte ao Vivo” e “Preso na Escuridão” e aterrorizou plateias do mundo inteiro com “Os Outros”. Metroid poderia lhe dar a chance de explorar essa faceta num filme de grande orçamento.
- Mario
O mascote da Nintendo já viveu uma grande decepção na telona, mas uma nova tentativa, com um roteiro plausível e feita em animação, pode dar certo. O personagem é carismático e conta com uma icônica galeria de parceiros, vilões e mundos.
Poderia ser parecido com: O Universo Cinematográfio Marvel
Com tantos personagens, a série Mario poderia dar margem a vários spin-offs diferentes, com a opção de algum evento que junte todos os personagens. Se bem trabalhadas, adaptações da série de lutas multiplayer Super Smash Bros. (cujos direitos, inclusive, a Sony já quis comprar) podem servir para a turma da Nintendo como os filmes dos Vingadores servem a Marvel.
Quem gostaríamos de ver no comando: Joe Johnston
Joe chegou a participar do UCM e da franquia Jurassic Park, de maneira que ele consegue estar dentro de uma franquia sem pesar a mão em um estilo próprio. Seus filmes tendem para a censura livre (à exceção de “Hidalgo”, “O Lobisomem” e “Negócios Mortais”), o que é um bônus para um filme do Mario.
- The Legend of Zelda
Simplesmente, o jogo mais “adaptável” da companhia. História épica, mundo complexo, personagens clássicos, escopo cinematográfico: Zelda tem tudo isso, e ainda atinge em cheio os fãs de fantasia.
Poderia ser parecido com: O Senhor dos Aneis
Sem exageros, mas as sagas de Link no mundo de Hyrule não deixam a desejar se comparadas com o mito de Tolkien. Com grande potencial de expansão, essa franquia pode render vários hits para a Nintendo.
Quem gostaríamos de ver no comando: Guillermo del Toro
O diretor ama a estética dos quadrinhos, dos games e da literatura fantástica clássica e não tem medo em ir diretamente ao lado escuro da alma quando o momento pede, de maneira que ele pode ser capaz de trazer Hyrule à vida. Ele já teve experiências com grandes orçamentos e adora criar imagens inesquecíveis. Vai que cola.