As dificuldades para conseguir patrocínio na área cultural no Brasil tendem a se agravar em um ano de crise econômica, avaliou hoje (4) o diretor do Cine Fest PE, Alfredo Bertini, em entrevista à Agência Brasil. “A gente está passando por um momento difícil, em função dessa crise econômica, que não se sabe o prazo de validade dela, mas no geral é muito difícil, ainda mais quando a gente não está nas áreas mais beneficiadas pelos patrocínios”, disse Bertini.

A 19ª edição do Cine Fest PE foi aberta no sábado (2) e tem o patrocínio do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura; do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); da Petrobras; do governo do estado de Pernambuco; da prefeitura do Recife; e da Ambev, além de instituições locais.

Bertini destacou a importância do Cine Fest PE para a capital e o estado de Pernambuco a realização. “Já são 19 anos. É uma história, uma trajetória a ser considerada”. Ele admitiu que, mesmo não sendo um protagonista do bom momento por que passa o setor audiovisual de Pernambuco, o festival é um fator indutor desse processo. “Nós ajudamos, contribuímos de alguma maneira”.

O diretor lembrou que, na época de criação do festival, não havia eventos dessa natureza no estado. Hoje, o Cine Fest PE é referência para o surgimento de importantes cineastas pernambucanos, alguns dos quais reconhecidos em premiações no Brasil e no exterior, como Cláudio Assis (A Febre do Rato e Baixio das Bestas), Kléber Mendonça Filho (O Som ao Redor) e Marcelo Gomes (Cinema, Aspirinas e Urubus).

“Teve gente que passou por nossas oficinas e se transformou em diretor, teve gente que frequentou e se tornou diretor, teve gente que foi influenciado de alguma maneira. Mas não somos protagonistas. Somos um fator catalisador a mais”. Segundo Bertini, o mais importante nesse processo de formação de novos cineastas é a força da política pública. “No estado de Pernambuco, o governo foi sempre muito presente nessa política a favor do audiovisual.”

A 19ª edição do Cine Fest PE homenageia a atriz de cinema e teatro Helena Ignez, a obra do escritor Ariano Suassuna e o ex-governador Eduardo Campos, que morreu em um acidente de helicóptero em agosto do ano passado. Também será homenageado o músico Alceu Valença, diretor do longa-metragem A Luneta do Tempo (2014), que será exibido pela primeira vez no estado.

O festival se estenderá até o dia 8. Ele engloba quatro mostras: Curtas Pernambucanos, Curtas Nacionais, Longas Documentários e Longas de Ficção. No evento, estão exibidos filmes inéditos, tanto de cineastas brasileiros quanto internacionais. O festival recebeu 720 inscrições e resultou na seleção de 27 filmes, sendo 12 de cineastas pernambucanos. Nesta edição, o evento retornou ao local de sua estreia, o Cinema São Luiz em Recife. Os vencedores das quatro categorias receberão o Troféu Calunga, em solenidade marcada para a próxima sexta-feira (8).

O festival envolve ainda oficinas e mostras itinerantes. O primeiro pacote de oficinas prevê trabalhar técnicas de animação com alunos da rede pública de ensino durante quatro meses, com o objetivo de fazer um curta-metragem, cuja exibição está garantida na programação da edição de 2016 do festival. Já as mostras itinerantes se estenderão até dezembro deste ano. “São contrapartidas sociais do projeto”. Ainda serão definidas as datas e os locais de exibição dos filmes.

da Agência Brasil