Após ‘Tudo Bem no Natal Que Vem’ ser a comédia nacional mais comentada na Netflix e ficar semanas em seu Top 10, o streaming lançou ‘Cabras da Peste’ voltado para popularizar a cultura nordestina mundo afora. Estrelado por Edmilson Filho (“Cine Holliúdy”) e Matheus Nachtergaele (“O Auto da Compadecida”), o elenco e o enfoque regional são os principais atrativos do filme já que a própria comédia fica em segundo plano: mesmo arrancando algumas risadas, o longa não consegue divertir como o pretendido e acaba sendo uma paródia brasileira de qualquer filme americano com dois parceiros policiais numa investigação.
A trama começa quando Bruceuilis (Edmilson Filho), um policial do interior do Ceará, perde Celestina, uma cabra considerada patrimônio da cidade, e precisa viajar até São Paulo para resgatar o animal. Nesta primeira parte, ‘Cabras da Peste’ faz a ótima ambientação do Nordeste brasileiro ao escolher não mostrar uma região de mazelas ou dificuldades estereotipadas, mas sim, um interior do Ceará colorido e aconchegante. Apesar de investir pesado nas cores vibrantes, a direção de arte mantém um cenário verossímil e prático para as primeiras sequências de ação no longa.
Na busca por Celestina, Bruceuilis conhece Trindade (Matheus Nachtergaele), um escrivão da polícia que resolve se aventurar em campo para resolver um antigo caso. Esse segundo momento é marcado majoritariamente pelas tentativas de fazer o humor funcionar, o que, mesmo com uma boa dupla de atores, não ocorre. Tanto pela obviedade das piadas, quanto pelo humor mal colocado em momentos importantes para o desenvolvimento da trama, o filme passa a impressão de repetição, de que as cenas e as piadas já foram feitas em outras produções (“Cine Holliúdy”, por exemplo”), sendo o resultado de diversas inspirações do diretor Vitor Brandt disfarçado em uma proposta original.
POUCAS RISADAS
Mesmo sem fazer rir ou possuir uma história surpreendente, ‘Cabras da Peste’ consegue ter boas cenas de ação. Desde a perseguição que abre o longa até o confronto de facções rivais, o nonsense toma conta do projeto, mas, possui um atributo essencial que é definir cada cena de ação com uma ambientação diferente, tornando cada luta única.
Já as piadas mais efetivas não são as detentoras de um amparo visual, e sim as presentes no próprio texto. Exemplo disso é que todos os trocadilhos com nomes são fáceis de serem identificados e se justificam bem como humor
Em linhas gerais, ‘Cabras da Peste’ poderia ser uma grande aposta, mas se torna uma comédia despretensiosa que arranca poucas risadas. Na realidade, a falta de humor, o timing ruim é o principal defeito, pois, mesmo com um roteiro bagunçado, o filme se propõe a ser uma comédia, sendo esperado ao menos que este consiga fazer rir.