O cantor e compositor Carlos Varela, apelidado de “O Poeta de Havana”, andou numa corda bamba cultural em Cuba durante décadas, questionando o governo comunista da ilha em sua letras e, ao mesmo tempo, criticando o embargo de cinco décadas de Washington.

Apesar das barreiras da Guerra Fria, suas canções conquistaram seguidores dos dois lados do estreito da Flórida. Agora, os artistas têm esperança de que o restabelecimento das relações e um documentário sobre Varela possam aproximar as plateias dos dois países.

“O Poeta de Havana”, do diretor Ron Chapman, que vive em Toronto, no Canadá, mostra Varela como símbolo de uma geração de artistas cubanos nascidos pouco depois da revolução de 1959 que optaram por ficar em Cuba em vez de emigrar. Embora tenham se desiludido com o sistema comunista da ilha, eles não se empenharam ativamente em derrubá-lo.

O documentário, que estreou no mês passado no Festival Internacional de Cinema de Gasparilla, em Tampa, na Flórida, será exibido nos Estados Unidos, Cuba e Inglaterra e conta com entrevistas com o ator Benicio Del Toro e o músico norte-americano Jackson Browne, assim como depoimentos de críticos de música e músicos cubanos.

“Há uma percepção equivocada sobre Cuba e a música cubana no mundo como um todo, e mais ainda nos Estados Unidos, por causa do embargo”, disse Chapman em entrevista.

Sucesso de Varela em 1989, a canção “Guillermo Tell” reconta a fábula de Guilherme Tell com o filho trocando de papel com pai. Ela foi interpretada por muitos como uma metáfora para cubanos mais jovens se dirigindo a Fidel Castro e à liderança cada vez mais envelhecida do país.

da Agência Reuters