A crítica cinematográfica faz a pessoa ver filmes dos mais variados. Esse é um trabalho que não se limita a gostos particulares e a méritos artísticos reconhecidos das produções. Por isso, como parte dos “ossos do ofício”, muitas vezes precisa-se escrever sobre filmes que não são de seu interesse.
Por causa do compromisso com o Cine Set, assisti “G.I. Joe – Retaliação”, baseado nos bonecos que ficaram conhecidos no Brasil como “Comandos em Ação”. Apesar de ter tido uma infância marcada por esses brinquedos que, com o tempo, dificilmente viriam a ter os polegares opositores, não tive a menor vontade de ver o filme, isso porque a minha intuição de que ele seria uma bomba era grande. De fato, “Retaliação” tortura o espectador com sua ruindade. É como pegar “Transformers” e tirar os robôs gigantes.
A franquia está no seu segundo título. Retaliação começa de onde “A Origem de Cobra” terminou. O esquadrão Cobra, fragmentado, pretende voltar à ativa com estilo. Para tal, planeja dominar o mundo subjugando as potências nucleares. O maior empecilho dos seus planos é o esquadrão G.I. Joe. Os Cobras, então, procuram desqualificá-los. O vilão Zartan (Arnold Vosloo), na pele do presidente americano (Jonathan Price), manda executá-los na sua base. Apenas três deles sobreviveram ao massacre. Liderados por Roadblock (Dwayne “The Rock” Johnson) e com a ajuda do criador do grupo, general Joe Colton (Bruce Willis), os G.I. Joe’s remanescentes precisam lavar sua honra e, de quebra, salvar o mundo da hecatombe nuclear.
O maior erro de “Retaliação”, seguramente, fica por conta da direção de Jon M. Chu. Seguindo a escola de Michael Bay, o diretor aposta em uma montagem onde planos de cinco segundos são longos, praticamente iranianos. Com seus cortes e movimentos de câmera rápidos, ela cria um ritmo que confunde e cansa em vez de evidenciar a tensão dos momentos. O ritmo frenético também dá dores-de-cabeça, e limita os atores quando eles procuram fazer o mínimo de atuação. Isso fica claro no primeiro ato. The Rock discursa dentro de um avião. Dá de perceber seu esforço para falar o texto com convicção. Depois de quatro segundos, quando o ator ia engatando na atuação, o diretor corta para outro plano, em que Flint (D.J. Cotrona) faz um cacoete com a boca.
Para piorar, Chu usa a seriedade em cenas que, hoje, são abordadas com humor. Heróis lutando contra o exército gigantesco sem levar um arranhão há tempos não eram tão anos oitenta, no pior sentido dessa expressão.
O roteiro contribui substancialmente para as falhas do filme. Ele omite convenientemente informações dos desdobramentos da história. Ainda por cima, pede a nossa boa vontade para acreditar em certas situações. Por exemplo, a narrativa não mostra como os G.I. Joe’s, depois de virarem figuras non gratas, conseguem voltar de boa do Oriente Médio para os Estados Unidos. Também é difícil de engolir como o trio principal sobrevive a uma rajada de metralhadora enquanto se escondia submerso num poço ou como o vilão Firefly (Ray Stevenson) consegue sobreviver sem nenhum dano a um atropelamento que o faz voar metros acima do chão.
É triste saber que uma bomba como essa lidera bilheterias mundo afora. Por isso, sua continuação está mais do que garantida. Mesmo assim, é importante olhar a vida com amor no coração.
Filmes como esse são importantes para a nossa educação cinematográfica. Graças a eles, vemos com clareza o que não funciona numa narrativa. Dessa forma, valorizamos ainda mais os filmes que julgamos ter qualidade.
Uma produção como essa também ajuda a reciclar a humildade do caboco. Isso porque filmes que consideramos bons, artísticos, podem nos deixar esnobes. Sermos obrigados a ver um Retaliação da vida nos põe de volta ao chão.
Obrigado, Caio Pimenta, editor-geral do Cine SET.
brinquei muito com os bonecos joe quando eu era apenas um menino. Hoje eu os vejo com outros olhos.
…soldados de filme
Se eu tivesse lido esta crítica antes não teria visto este filme horrível no cinema.
Ele é uma afronta à inteligência humana. O roteiro foi muito mal escrito e a participação do B.Willis é muito mal aproveitada.
Os planos e a edição dão nojo e tornam o filme “sem pé nem cabeça”. O que é aquela cena dos ninjas lutando pendurados nas montanhas senão uma galhofa.
Entendo que é um filme de ação, mas não precisava ser para imbecis.
Quem espera uma obra de arte de filme de ação “hollywoodiano” com certeza não entende de filme, agora quem fica limitando em não assistir baseado em criticas, esse só tem a perder, pois o interessante é provar e tirar sua própria conclusão.