Quem aprecia o bom cinema com certeza tem seus filmes preferidos, aqueles que marcaram por alguma razão nossas vidas, seja por tê-lo assistido ao lado de uma boa companhia – nossos pais ou uma paixão significativa-, seja os que formaram individualmente nosso caráter cinéfilo por diversas razões, moldando nossas ações e sentimentos. Afinal, um filme marcante tem a capacidade de mudar, repensar e até mesmo incentivar a pessoa a rever certos conceitos e comportamentos, não concorda?

Mesmo sendo um conceito subjetivo, é inegável que o filme de nossas vidas se torna marcante pela história envolvente que oferece, o roteiro que cria laços afetivos e as cenas que não saem da cabeça e transmitem diferentes emoções, sensações e percepções. O Cine Set conversou com dez pessoas e as apresentou um grande dilema: Afinal, qual é o filme da sua vida? Qual é aquele que mais marcou e te deixou nas nuvens cinematográficas? E quais as razões que o levaram a mexer tanto com suas emoções?

Deu para notar nesta conversa, uma diversidade de gêneros cinematográficos em relação ao filme da minha vida – que vale reforçar não é o novo trabalho do Selton Melo -, indo do mais pop ao cult. Em outras palavras, reforça a tese que quando se fala em cinema, temos uma verdadeira torre de babel cinematográfica, o que vale ressaltar, não é nada ruim já que permite um diálogo interessante dentro da sétima arte.


Ana Sena –  Como eu era antes de você

Entre o amor pelo jornalismo, profissão que exerce, Ana Sena é uma cinéfila de coração, sendo os filmes de tribunais e romances, os gêneros favoritos.  De acordo com ela, o filme da sua vida é Como Eu Era Antes de Você (2016), lançado ano passado, uma obra que a marcou pela história que mistura mudanças e tragédia.

O jeito como a mocinha muda sua forma de pensar e agir quando conhece o mocinho que ficou tetraplégico, me fez mudar a minha forma de ver as pessoas que se submetem a eutanásia e também a entender a dor de quem está passando pelo sofrimento”.

De acordo com Ana, os ensinamentos que o filme transmite sobre a importância de viver plenamente, e sair da zona de conforto é uma bela mensagem de reflexão“esse filme me fez, além de chorar muito, também a repensar as minhas ações e enxergar a dor do outro com mais empatiaÉ clichê, mas é de coração”.


Luciano Cruz  –
Nise – O Coração da Loucura

Assim como Ana Sena, o estudante Luciano Cruz escolheu uma outra produção lançada recentemente nos cinemas, o nacional Nise – O Coração da Loucura. Como afirmam vários estudiosos de cinema, que a sétima arte não é espaço para conformismos e normalidade, Luciano não tem dúvidas da sua escolha, mostrando que o trabalho protagonizado por Glória Pires acerta na ilustração da loucura “Nise marcou minha vida, por mostrar o quão louco somos em querer definir o que é loucura e subordinamos de loucos aqueles que não compreendemos com essa visão preguiçosa.


Gleice Caroline de Oliveira –  Harry Potter e a Pedra Filosofal

Formada em ciências contabéis, Gleice Caroline cita que o cinema e a literatura funcionam como ótimos momentos de lazer para enfrentar a cansativa vida profissional na qual lida precisa lidar diariamente com números, cálculos e fórmulas matemáticas. Ela se assume como discípula número um do bruxinho mais querido do cinema: Harry Potter. Não à toa, que escolheu o primeiro filme da saga, Harry Potter e a Pedra filosofal (2001) como filme da sua vida e justifica a escolha pela mensagem do filme

Por ser o início de uma saga que mostrou a importância e valor da palavra amor em relação a família. Como a construção e desenvolvimento de amizades verdadeiras marcam sua vida para sempre, o amor e respeito ao próximo. E, principalmente saber o real significado da palavra Casa/Lar.


Romulo Sousa –
Homem-Aranha 2

Para Romulo Sousa, o filme marcante da sua vida é Homem-Aranha 2 (2004), de Sam Raimi  “foi um dos primeiros filmes que assisti no cinema e, por isso, é também um dos mais marcantes. A minha geração começou a tomar gosto por filmes durante o boom dos DVDs, então filmes como Homem-Aranha 2 tinham aquele gostinho de ir à locadora.

Formado em comunicação social, Romulo trabalha como redator, além de exercer um grande hobby que é o amor pela fotografia, participando de alguns curtas amazonenses produzidos pela Lens Produções. Para ele,  o trabalho de Sam Raimi se destaca no filme.

“É uma história visualmente impactante, dinâmica e cheia de movimentos de câmera, coisas que marcaram muito essa época”.

Romulo não esquece também da mensagem do filme: “ela é marcante por tratar o conflito de um super-herói que tem a responsabilidade de cuidar de uma cidade, mas que, ao mesmo tempo, não consegue dar jeito na própria vida pessoal.


Manoel Brandão Neto – Titanic

Formado em psicologia, Manoel Brandão faz parte da comunidade Coração Cinéfilo Amazonense, grupo de cinéfilos que se reune na cidade para debater filmes, além de trocar opiniões sobre a sétima arte. Por isso, escolher um único filme que marcou a sua vida é tão difícil. Mas, com a certeza de um bom psicólogo, Neto não tem dúvida quanto ao número uma da sua lista: Titanic (1997), do Rei do Mundo, James Cameron

É um filme que me traz um mix de sensações, lembranças, sentimentos nostálgicos. Foi a 1a vez que fui ao cinema, lembro da adolescência, do colegial. É um filme que marca meu amor platônico por Kate Winslet.”


Wilsa Freire –  
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa

Se realidade tem se mostrado cada vez mais dura, a arte cinematográfica é uma alternativa de distrair as pessoas dos problemas do mundo real. E nada mais adequado que uma comédia de Woody Allen para nos entreter através do seu humor ácido e genial. A jornalista e consultora em marketing digital, Wilsa Freire escolheu o clássico do cinesta, “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” como filme de cabeceira.

É um trabalho que guarda um valor sentimental na minha vida ainda na época da faculdade. Eram momentos de buscas, de encontros e despedidas e de minha maior aproximação com o cinema”.

Wilsa cita o quanto a narrativa única, não-linear, as cenas antológicas e os diálogos impagáveis entre Diane Keaton e Woody Allen a marcaram “o roteiro fala de uma maneira leve e com o humor característico de Allen, das idealizações amorosas e de toda a complexidade, e também angústias, de nossos relacionamentos”.


Henrique Filho –  Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros

Como as HQs de super-herói, Henrique Filho tem uma identidade secreta: durante o dia é design e após às 17h assume sua persona fã da cultura nerd. Aos 30 anos, Henrique relata que tem vários filmes na sua vida, porém Jurassic Park – Parque dos Dinossauros (1993) de Steven Spielberg foi aquele que o marcou.

“Foi o primeiro filme a realmente me espantar, os efeitos, a escala (tinha 7 anos na época) e cenas icônicas, o filme realmente me empolgou e me fez querer saber mais sobre esses animais pré-históricos e com certeza contribuiu na minha paixão por cinema. Para Henrique o filme o estimulou a ler sobre dinossauros, além de se emocionar com a trilha sonora do filme “a trilha do John Williams é inesquecível… assisto hoje em dia e vejo toda a trama de espionagem e suspense nele contida, tudo construído de maneira a empolgar quem está assistindo”.


Erica Vidal RotondanoComer, Rezar e Amar

A professora universitária e psicóloga, Erica Vidal Rotondano quando pensa no “filme da minha vida”, um nome aparece num letreiro reluzente da sua memória: Comer, Rezar e Amar (2010).

Assisti ele, antes da leitura do livro (que, de fato, é bem melhor que o filme), mas a jornada interior de Liz nas telas, traduzia um momento que foi um divisor de águas na minha existência!”. Para Érica, a identificação com a heroína foi inevitável e através da obra, ela sentiu na pele o quanto o cinema também pode ser terapêutico! “a crise da personagem me inspirou a tomar decisões importantes, romper laços que já não faziam crescer e atravessar em busca do desconhecido mais forte e mais leve”. 


Jimmy Christian – O Selvagem da Motocicleta

Formado em ciência sociais, Jimmy Christian equilibra o amor pela fotografia com a devoção pelos filmes clássicos, sendo uma verdadeira bíblia cinematográfica quando o assunto são filmes da Hollywood de ouro. Quando perguntado qual o filme da sua vida, Jimmy não titubeou, revelando sua idolatria por O Selvagem da Motocicleta, dirigido na década de 80 pelo mestre Francis Ford Coppola

É um filme que me marcou porque representou um momento importante da minha juventude, passei a compreender um pouco melhor essa fase de adolescente e toda essa transformação, sem dúvidas esse filme me influencia até hoje porque ensina sobre solidão, família, amizade e companheirismo”.


Bruna Guimarães –
Um Caminho Para Dois 

A publicitária Bruna Guimarães cita que na sua adolescência passou por uma fase que não é aquela que muitos chamam de “aborrecente” e sim a cinéfila de “vou ver todos os filmes da Audrey Hepburn”. E entre as várias obras da musa, se destaca o melodrama Um Caminho Para Dois (1967), de Stanley Donen.

Comecei vendo despretensiosamente, mas logo me apaixonei pelo enredo, pelos diálogos ricos e pelas atuações. Esse filme é marcante para mim porque foi o 1o que vi do que hoje é meu estilo favorito de filme”. Para Bruna, o roteiros simples, mas com diálogo afiado e focados em dramas e relacionamentos de personagem permitiram o grande apreço pelo filme, abrindo portas para conhecer outros dentro do gênero “Foi graças a esse filme que conheci Manhattan, Annie Hall, a Trilogia Before (Antes do Amanhecer, do Pôr do Sol e da Meia Noite) e tantos outros que também falam bem do cotidiano a dois. Não é uma superprodução (nem se propõe a ser), mas tem um lugar especial no meu coração.

E vocês, caro leitores, qual é o filme da sua vida? Cite e justifique aqui nos comentários.