As autoridades do Quênia proibiram a exibição de um filme que conta a história de amor entre duas mulheres alegando que o longa incentiva o lesbianismo. Ativistas, porém, disseram que a proibição só despertará interesse pela produção.

“Rafiki”, palavra que significa amigo no idioma suaíli, foi convidado nesta semana para estrear na mostra “Um certo olhar” do Festival Cannes no mês que vem. Trata-se do primeiro filme queniano a receber tal convite.

O Conselho de Classificação Cinematográfica do Quênia anunciou o veto nesta sexta-feira (27) e informou em um tuíte: “Qualquer um que seja encontrado com sua posse estará violando a lei”.

É uma referência a uma lei dos tempos coloniais segundo a qual o sexo homossexual é punível com até 14 anos de prisão.

A porta-voz do conselho, Nelly Muluka, tuitou: “Nossa cultura e leis reconhecem a família como a unidade básica da sociedade. O [conselho] não pode, portanto, permitir que conteúdo lésbico seja acessado por crianças no Quênia”.

A diretora de “Rafiki”, Wanuri Kahiu, disse:

“Estou realmente decepcionada, porque os quenianos já têm acesso a filmes com conteúdo LGBTQ na Netflix e em filmes internacionais exibidos no Quênia e permitidos pelo próprio conselho de classificação”.

“Então proibir só um filme queniano porque ele lida com algo que já acontece na sociedade parece simplesmente uma contradição”, disse ela à Reuters.

A interdição representa uma reversão de posição do conselho, cujo presidente, Ezekiel Mutua, havia elogiado o filme no início deste mês.

“É uma história sobre as realidades de nosso tempo e os desafios que nossas crianças estão enfrentando, especialmente com sua sexualidade”, disse ele à rádio comercial HOT 96 FM.

da Agência Reuters