Entre fórmulas, erros e acertos durante 10 anos de universo cinematográfico, a Marvel entregou esta semana, um filme não apenas para culminar sua temporalidade como também para homenagear o trabalho de todo esse tempo e colher os frutos de um grande planejamento. “Os Vingadores: Guerra Infinita” trouxe a tradição Vingadores junto com muita emoção para os fãs, além de deixar pistas sobre sua próxima fase nos cinemas.
Aqui estão listados os principais pontos negativos e positivos do longa.
Acerto 1: Referências
Depois de tanto tempo construindo imagens, diálogos e um estilo próprio, as famosas referências são quase obrigatórias no filme.
E pode acreditar: elas acontecem muito bem!
Existem muitas informações sobre os recentes acontecimentos na história Vingadores que nem todos heróis têm conhecimento, como os acontecimentos de Guerra Civil explicados rapidamente para Bruce Banner no início do filme.
Tantos as referências aos filmes quanto aos quadrinhos funcionam mesmo se tratando de entendimentos diferentes.
Seja a roupa do Aranha de Ferro ou a denominação Lobo Branco para o antigo Soldado Invernal, os easter eggs que lembram as HQ’s são atração pura mesmo para quem não está familiarizado com outras histórias.
O equilíbrio entre ser fiel aos quadrinhos e criar originalidade cinematográfica parece, finalmente, ter sido cumprido.
Acerto 2: Thanos
Para muitas pessoas era incompreensível como um vilão tão ausente fisicamente da trama Vingadores poderia ser o centro deste filme e o principal antagonista de todo universo Marvel.
Esta estratégia, entretanto, foi muito bem aproveitada em “Os Vingadores: Guerra Infinita”. Grande parte do filme envolve o vilão, sua história e interação com o restante do elenco.
Mesmo se tratando de um abuso do CGI, os planos da fotografia e a trilha sonora são inteligentes ao acertar de que forma o vilão é visto por cada personagem.
Isso faz com que o Thanos do ponto de vista do Loki no início do filme não seja o mesmo Thanos observado por Gamora ou Homem de Ferro, considerando as diferentes relações que os personagens possuem com o vilão.
Acerto 3: Power Up dos heróis
Sabendo que o público já conhece os personagens, seus poderes e personalidades, os irmãos Russo se apropriam disso para elevar o nível de várias figuras.
Em “Os Vingadores: Guerra Infinita”, a maioria dos Vingadores apresenta o desenvolvimento de outras características, tanto para enfrentar Thanos quanto para mostrar efetivos avanços na narrativa.
As melhorias de Thor e do Homem-Aranha são mais do que necessárias para suas evoluções entre os Vingadores, principalmente, no caso do asgardiano que, durante seus filmes e dos próprios Vingadores, sempre ficou em segundo plano.
Claro que a aquisição destas melhorias não funcionaria para qualquer personagem: Bruce Banner e Hulk não conseguem se acertar durante o filme, resultado da sequência de acontecimentos anteriores ao filme.
Erro 1 – Jóias do Infinito
Talvez o maior problema de “Os Vingadores: Guerra Infinita” seja a aquisição das jóias por Thanos.
O timing e desenvolvimento neste quesito acabaram sem conseguir desenvolver bem as narrativas em seu primeiro ato.
A impressão dada é que das duas uma: ou a trama se arrasta durante várias cenas ou é a sequência mais rápida do longa.
No primeiro caso, a tão especulada jóia da alma se enrola durante a trama chegando a um resultado decepcionante e praticamente sem nenhuma relação com os Vingadores, isso tirando a aparição épica de um famoso vilão.
Assim, a jóia que funciona diferente das outras, como é descrita no filme, estava em um não mencionado e desconhecido pelos espectadores, o que poderia ter sido utilizado perfeitamente como um bom plot twist.
Por outro lado, a aquisição da jóia da realidade acontece na cara do público em menos de um segundo sem mostrar como Thanos a conseguiu.
Erro 2: Furos e timing
Apesar de explicar os momentos mais decorrentes e complicados, pequenos furos passam quase que despercebidos por “Os Vingadores: Guerra Infinita” em função de uma ação maior ocorrendo em cena.
Destaque para a reação de Ned, amigo do Aranha, no início do filme onde ele fala sobre a nave sem nem ao menos ter olhado para ela.
O timing do alivio cômico funciona na maior parte das vezes, porém em conjunto com as cenas realmente sérias ele acaba quebrando a capacidade de imersão do filme ao desperdiçar um conteúdo tão denso emocionalmente com uma risada vindo do espectador.
O uso da jóia da realidade por Thanos em conflito com o Star Lord é exemplo principal disso.
Erro 3: Uma realidade inverossímil
Depois do engajado ‘Pantera Negra’, a tendência esperada por muitos filmes de super-herói, tanto da Marvel quanto da DC, é a semelhança entre narrativas ficcionais com o mundo real.
Em “Os Vingadores: Guerra Infinita”, o discurso social pouco aparece e muitos exemplos de representatividade que apresentavam potencial são deixados de lado.
Não chega a ser exatamente um defeito do filme, mas um deslize que a Marvel não pode se dar ao luxo de apresentar.
Talvez a principal cena de representação feminina é praticamente uma autodescrição que os roteiristas colocaram de quatro personagens femininas lutando juntas.
Rebeca… olha… muito legal sua análise. Quanto aos erros, eu preciso assistir de novo para “catalogá-los” de maneira mais precisa (uma única vez só, no cinema, não é suficiente pela primeira imersão), mas existem muitos mais, inclusive diálogos que beiram o ridículo. Isso só demonstra que V:GI não é tão perfeito quanto muitos estão dizendo por aí. É um ótimo entretenimento, mas não é a obra prima que querem pintar.
Não quero parecer o chato aqui apontando erros, mas pelo que tenho lido, alguns estão falando até que o filme deveria estar no Oscar do ano que vem!! Aí, não dá. Até pela antipatia dos acadêmicos de Hollywood por filmes de heróis. O único que chegou lá (sem especificar a categoria) ainda é, na minha humilde opinião, o melhor do gênero até hoje: “O Cavaleiro das Trevas”.
Se é DC ou Marvel, isso eu não discuto. É um papo bobo e inútil. Ambos estão usando boas fórmulas, cada um com seu público fiel. O ufanismo, no entanto, é uma venda difícil de tirar quando tentamos analisar qualquer coisa, em qualquer segmento.
No Twitter, eu dei nota 7 (escala de 0 a 10) para o filme e fui esculachado. Enfim… parabéns mais uma vez por sua análise.
Um abraço…
Joe Santos
Coluna Livre