Além da discussão sobre política e dos efeitos especiais, outro legado incontestável da saga “Star Wars” é a presença de uma personagem feminina forte. Fugindo do clichê da mocinha em perigo e cuja função na trama é apenas ser escada para o galã heróico, os filmes criados por George Lucas são responsáveis por ter introduzido uma das personagens femininas mais marcantes do cinema, a princesa Leia.

Mais de 30 anos depois de Carrie Fisher aparecer procurando Ben Kenobi, a personagem está de volta em “O Despertar da Força“. Junto a ela, um novo ícone feminino aparece no filme dirigido por J.J Abrams. Em um ano que vibramos com a Furiosa de “Mad Max” e que nos despedimos de Katniss Everdeen, “Star Wars” resolve apostar em uma protagonista mulher e chutar a bunda dos machistas e misóginos mundo afora. Com isso em mente, o Cine Set fala um pouco sobre as três mulheres mais importantes do universo criado por George Lucas.


Leia Organa  (Episódios 4, 5, 6 e 7)

Se Luke foi o centro emocional da trilogia original, Leia emprestou um misto de delicadeza e personalidade forte à trama criada por George Lucas. De princesa, a irmã gêmea do Jedi só tem o título: uma espécie de pré-Katniss, ela corre, luta e enfrenta até o nojento Jabba The Hut sem precisar que Han Solo apareça em um cavalo branco para salvá-la.

A evolução da personagem nos três filmes é bem construída. Acompanhamos Leia enquanto ela aprende a se virar sozinha ao mesmo tempo em que vemos a tensão entre ela e Han Solo crescer a cada momento. Graças à química entre Carrie Fisher e Harrison Ford, a princesa sai do óbvio da heroína romântica (que condenou a sua mãe na trilogia recente) e se torna o sinônimo de “bad ass”.


Padmé Amidala (Episódios 1, 2 e 3)

Mãe de Leia, Padmé é introduzida como uma prodigiosa chefe de estado em “A Ameaça Fantasma”. Infelizmente, todo o seu potencial é jogado pela janela, já que o que vemos é uma jovem relegada ao romance mais sem-sal da galáxia e aos piores diálogos já escritos por George Lucas. Única personagem feminina importante da segunda trilogia, a personagem de Natalie Portman é uma síntese da sina desses filmes lançados entre 1999 e 2005: potencial altíssimo, execução fracassada.


Rey, (Episódio 7*)

Fruto da era pós-Katniss Everdeen e outras heroínas do século XXI como as princesas de ‘Frozen’, Rey é um dos personagens mais bem construídos dessa nova leva de filmes de “Star Wars”.

Destemida como Leia e vulnerável como Padmé, ela carrega a história nas costas e, com o carisma e o talento de Daisy Ridley, nunca parece pequena, mesmo frente ao novo vilão da saga. Agora, com mais alguns filmes pela frente, resta ver se a equipe de J.J Abrams continuará na construção de Rey como uma personagem forte, leal e merecedora de ser a herdeira da princesa Leia.

* o filme novo tem ainda as figuras de Maz Kanata (Lupita Nyong´o), uma espécie de versão nova do Yoda, e a da Capitã Phasma (Gwendolyne Christie), integrante da Primeira Ordem. No entanto, a história é de Rey e, por isso, resolvi focar o texto nela.