Quando os letreiros amarelos surgem na tela com a inesquecível trilha de John Williams, fica impossível não se envolver. Há aqueles que detestam, consideram uma grande bobagem, mais um escapismo do cinema de Hollywood. Por outro lado, milhões e milhões de pessoas, ao redor do mundo, criaram uma verdadeira paixão e adoração pelo universo trazido pela mente de George Lucas.

O retorno de “Star Wars” apenas confirma aquilo que já se sabia: trata-se de um fenômeno raro da cultura pop, resistente há três décadas, capaz de crescer com o tempo e adquirir novos fãs. E essa volta acontece no momento em que o mundo nerd e geek, do qual a saga é um dos representantes mais importantes, consegue um domínio e reconhecimento mundial com os avanços da tecnologia em todos os setores da sociedade.

Por tudo isso, é natural uma cobertura tão intensa do Cine Set sobre “Star Wars”. Desta vez, a equipe do site faz breves análises dos seis filmes da saga. Não perca no fim do post todas as notas.


Star Wars Episódio I – A Ameaça Fantasma

Foi o filme que parou o mundo. Na data de estreia, 19 de maio de 1999, as filas eram enormes nas portas do cinema. Fãs empolgados e ansiosos pelo novo capitulo da sua franquia favorita entraram nas salas de cinema ao redor do mundo.

Quando saíram, muitos desses fãs estavam diferentes. Demorou um pouco, mas eles aprenderam a processar seus sentimentos. Era apenas um filme, e nem era bom. Era Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma, uma aventura bonita de se ver, com figurinos espetaculares – notadamente os da rainha Amidala, vivida por uma jovem Natalie Portman – e direção de arte criativa, quando existe. Sim, porque na época, o cineasta George Lucas, o criador da saga, estava fascinado pela tecnologia digital e por isso insere efeitos de computação gráfica em praticamente todas as tomadas do filme, criando ambientes e personagens em frente à tela verde. O resultado é um abuso de efeitos que cansa o espectador, e paradoxalmente faz com que este novo filme pareça mais artificial que os antigos, feitos numa época de efeitos precários, mas que pareciam mais reais e orgânicos.

A trilha do maestro John Williams é sensacional, como sempre, e há algumas grandes cenas: o duelo final de sabres de luz entre Qui-Gon, Obi-Wan e o maligno Darth Maul é realmente empolgante. Mas tudo não passa realmente do impacto visual, porque não há nada de humano para sustentar a história. Do elenco, apenas Liam Neeson se salva graças ao carisma, e o filme se dá ao luxo de desperdiçar nomes como Samuel L. Jackson e Terence Stamp enquanto se foca no enfadonho Jar Jar Binks, que força a barra e não arranca uma risada o filme inteiro, e no fraquinho Jake Lloyd. Lucas se concentra apenas no visual do seu filme e se esquece de que foram os personagens e a história as principais razões para a sua saga ter se tornado um fenômeno da cultura pop.

As pessoas esperaram por mais de uma década por um novo Star Wars. Queriam uma grande refeição e receberam uma saladinha sem gosto. Ficou a lição: Hype e empolgação podem funcionar como um tiro pela culatra, uma lição útil ainda hoje, mas que muitos esquecem.

por Ivanildo Pereira


Star Wars Episódio II – Ataque dos Clones

As duas trilogias de Star Wars ilustram bem a sina de episódios intermediários: enquanto O Império Contra-Ataca é tenso, concentrado, e leva ao limite os conflitos de Luke Skywalker & companhia, O Ataque dos Clones se arrasta, dilui, perde o fôlego.

Como fã da saga original – e nem tanto da história de Anakin – confesso que O Ataque dos Clones é o episódio que menos me agrada. A rigor, tudo aqui é preparação para os eventos de A Vingança dos Sith, no pior sentido: a trama quase não avança em relação ao que foi apresentado em A Ameaça Fantasma (Anakin só mostra a verdadeira cara no terceiro filme) e ainda cozinha a esmo subtramas importantes, como o romance inócuo e artificial entre o futuro Darth Vader (agora, Hayden Christensen) e a rainha Amidala (Natalie Portman), ou a conquista do Senado por Lord Palpatine (Ian McDiarmid).

E o que mais me aborreceu na trilogia de Lucas sobra nesse filme: o exagero e a ridículo das cenas de ação, com aqueles duelos de sabre ultracoreografados (e tediosos) – o que é aquele Yoda girando como um ioiô no final? –, chuvas de laser no espaço e zilhões de figuras tendo o seu segundo de glória (e atrasando o filme). Se a magia das criações de Lucas está em algum lugar na saga recente, não é neste filme.

por Renildo Rodrigues


Star Wars Episódio III – A Vingança dos Sith

Depois de duas decepções na “nova trilogia”, o “Episódio III – A Vingança dos Sith” chega entregando (quase) tudo o que George Lucas prometera, mas não tinha conseguido cumprir: doses pequenas da subtrama política bem balanceadas com ação; finalmente, um vislumbre de como ocorreu a queda dos Jedi, a ascensão do Império e a transformação de Anakin Skywalker na mítica figura de Darth Vader; e, para finalizar, sem Jar Jar Binks.

Pena que nem só de batalhas épicas vive o filme: os diálogos rasos e constrangedores do roteiro continuam à toda, além de soluções rápidas e meio contraditórias. Sério que a justificativa toda para transformação do Anakin é um amor tão sem sal – com uma Padmé tão maltratada pelo roteiro, ficando basicamente sem função na história? Falando em transformação, mesmo que ela tenha sido sendo aguardada e enfim mostrada, não dá pra não notar na rapidez de como o processo se dá: de uma hora pra outra, em apenas um dia, Anakin passa de jovem Jedi confuso a exterminador impiedoso de criancinhas.

No fim das contas, porém, apesar do seu bom saldo de problemas, “A Vingança dos Sith” ainda consegue proporcionar alguns dos maiores momentos da mitologia de Star Wars, e por isso vale a (re)visita.

por Lucas Jardim


Star Wars Episódio IV – Uma Nova Esperança

Há muito tempo, numa galáxia muito muito distante…”, foi a frase de abertura de um filme de aventura despretensioso – ninguém acreditava muito nele – que não apenas marcou o imaginário cinéfilo, como toda a cultura, desde a pop até a clássica.  O primeiro filme da saga espacial assinada por George Lucas, Guerra nas Estrelas – Uma Nova Esperança é um daqueles filmes de poderes mágicos, um tipo de cinema feito para massas, que conserva um enredo simples bebendo diretamente na fonte da filosofia oriental – no caso os filmes de samurai de Kurosawa na qual A Fortaleza Escondida é sem dúvida a maior influência –  e na eternaSci-fi B clássica que remete a Flash Gordon.

 Por isso, o universo criado por Lucas é fascinante, muito por reunir diversas características do imaginário coletivo cultural. É a historia universal do bem contra o mal, a famosa jornada do herói marcada pela superação e crescimento pessoal, ambas misturadas a um discurso motivacional (que a força esteja com você ou confie em você mesmo) criando toda uma mitologia, que trafega entre os temas do fantástico e do religioso com uma simplicidade rara de se encontrar.

 Sem dúvida, essa é grande qualidade de Lucas. Procura não inventar a roda e sim oferecer ao público uma trama humana, feita para pessoas comuns que sonham viver momentos fantásticos. Para completar, ele cria personagens fascinantes como o grande vilão Darth Vader e o cínico Han Solo, além de outros. Não é o melhor da franquia até porque apresenta problemas no ritmo e diálogos, mas possui diversas qualidades de uma aventura fantástica que uma grande saga merece. Em resumo, Uma Nova esperança é uma formula simples e ao mesmo tempo complexa que desperta a força da nossa imaginação.

por Danilo Areosa


Star Wars Episódio V – O Império Contra-Ataca

Segundo filme da saga a ser lançado nos cinemas, “O Império Contra-Ataca” é o favorito de muitos fãs do universo de “Star Wars”. A produção representa uma evolução natural do estilo e da trama de “Uma Nova Esperança”: sem George Lucas no comando (ele só voltaria a dirigir um filme em 1999, com ‘Ameaça Fantasma’), a película trabalha de forma mais densa as relações e os conflitos entre o trio principal ao mesmo tempo em que equilibra misticismo e um tom mais sombrio que o ‘episódio 4’.

Se Darth Vader é considerado um dos maiores vilões do cinema, um dos motivos principais é a forma que ele é desenvolvido em “O Império…”, da Marcha Imperial (apresentada pela primeira vez neste filme) ao fim vitorioso com direito ao spoiler mais conhecido de todos os tempos. Além disso, o filme é importante por mostrar um Yoda com tanta presença de cena quanto os personagens de carne e osso.

por Camila Henriques


Star Wars Episódio VI – O Retorno de Jedi

Para fazer um comparativo atual, em retrospecto, “O Retorno de Jedi” foi um “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” da saga criada por George Lucas. Um filme um tanto quanto irregular, que falha em superar em seu antecessor, mas que, de maneira geral, consegue amarrar a maior parte das pontas soltas e fechar a trilogia de forma bem-sucedida.

Ao mesmo tempo que tivemos que lidar com os infames Ewoks e talvez a mais estapafúrdia ideia reciclada da série até então (a “Estrela da Morte II”), tivemos um Luke atormentado e sombrio, milhas distante de sua introdução em “Uma Nova Esperança”, completando seu arco dramático trágico ao duelar com Darth Vader. Este também encontra redenção (e aparece sem máscara) em uma das cenas mais marcantes da saga. Impactante e satisfatório.

por Gabriel Oliveira