27a Mostra de Cinema de Tiradentes acontece entre os dias 19 e 27 de janeiro na cidade histórica mineira abrindo o calendário audiovisual do país. Referência na exibição do cinema brasileiro contemporâneo e conectada às tendências e discussões do momento, a Mostra tem como temática para 2024 “As formas do tempo”. Pensado pela curadoria, sob coordenação do crítico Francis Vogner dos Reis, o tema surgiu a partir da preocupação do evento em compreender os movimentos do audiovisual no país, especialmente, em seus pontos de ruptura. 

As duas homenagens na 27a Mostra de Cinema de Tiradentes se relacionam fortemente ao conceito da temática “As formas do tempo”. Em 2024, o evento celebra as trajetórias do cineasta mineiro André Novais Oliveira e da atriz Bárbara Colen. Ele nasceu em Contagem há 39 anos, e ela, em Belo Horizonte, há 37 anos. Suas trajetórias se cruzam em diversos momentos e, vindos de uma mesma geração mineira, são também considerados figuras-chave do momento especial que vive a produção no estado. 

André e Bárbara chamaram atenção na cena audiovisual brasileira quase simultaneamente. Tiveram um elo em comum: a produtora Filmes de Plástico. Em 2010, André, um dos fundadores da FdP, lançou o curta-metragem “Fantasmas” na Mostra Foco, em Tiradentes, e foi de imediato apontado como um dos novos criadores mais interessantes do evento. No mesmo ano, no Festival de Brasília, Bárbara surgiu como uma das protagonistas do curta “Contagem”, de Maurílio Martins e Gabriel Martins, também produzido pela FdP. A atriz encantou a plateia especialmente numa cena em que, ao conversar com outro personagem, sua performance fazia uma variação sutil entre o jogo cênico instaurado por todo o diálogo. 

Nos anos seguintes, tanto André Novais quanto Bárbara Colen se consolidaram como duas potências criativas – ele, seguidamente por longas e curtas premiados, como “Pouco Mais de um Mês” (2013), “Ela Volta na Quinta” (2014), “Temporada” (2018) e “O Dia em que te Conheci” (2023); ela, como atriz em “Aquarius” (2016) e “Bacurau” (2019), ambos de Kleber Mendonça Filho, em “Baixo Centro” (2018), de Ewerton Belico e Samuel Marotta, e em telenovelas na Globo.

“Os dois homenageados são alguns dos artistas responsáveis pela discreta radicalidade poética do cinema feito em Minas Gerais, tanto que suas presenças e influências estão para além do cinema do estado e possuem reconhecimento internacional”, diz Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial. “Esse celeiro criativo que nos deu cineastas, atrizes, atores e técnicos de fino talento rodou e ainda roda o mundo. O cinema de Bárbara Colen e André Novais nos aponta o que de melhor temos da cultura brasileira contemporânea”. 

A celebração à dupla é, por extensão, uma celebração ao cinema de Minas Gerais, considerado um dos mais inovadores dos últimos 20 anos no Brasil. “Da videoarte dos anos 1990 aos coletivos e produtoras, do sertão mineiro à grande Belo Horizonte, o cinema de Minas nas últimas duas décadas foi parte incontornável de uma renovação decisiva no audiovisual brasileiro em termos de assunto e estilo, de modulação do tempo e da linguagem falada”, destaca Francis.

com informações de assessoria