Depois de fazer sua estreia no Festival É Tudo Verdade, o documentário “O Contato”, produzido pela Bang Filmes, de Juliana de Carvalho, com direção de Vicente Ferraz (“Soy Cuba – O Mamute Siberiano” e “A Estrada 47”), foi selecionado para o Festival Internacional do Novo Cine Latinoamericano, que vai acontecer em Havana (Cuba) entre os dias 08 e 17 de dezembro. Tendo a Amazônia como plano de fundo, a narrativa acompanha os personagens que circulam no município de São Gabriel da Cachoeira, onde convivem 23 etnias e 18 idiomas indígenas. 

São Gabriel da Cachoeira é um dos municípios com maior extensão do mundo, com 109.184,996 km². Localizado na região da Cabeça do Cachorro, que faz fronteira com Brasil, Venezuela e Colômbia, 95% da sua população é composta por indígenas. Toda essa diversidade de culturas e tradições ancestrais está refletida em misticismo, sonhos, compartilhamento, busca por novos conhecimentos e caminhos de sobrevivência. O documentário cobre cerca de 3.000 quilômetros no entorno do Rio Negro e mergulha na visão de mundo desses povos originários, que há séculos lutam para manter seus direitos, seus modos de vida e a floresta de pé.

Juliana de Carvalho explica como surgiu a motivação de fazer o filme: “Estive em São Gabriel pela primeira vez em 2017 para pesquisas iniciais, porém sem ter a certeza de que eu faria um filme. Num reencontro com antigas amigas com os mesmos interesses, em três meses organizamos a primeira expedição para a grande reserva indígena. Eu cheguei a São Gabriel com muito respeito. Nunca tinha tido contato com indígenas. Minha ideia inicial foi fazer entrevistas para me apresentar, falar da proposta de fazer um filme sobre a região e escutar o que os indígenas teriam interesse em contar. ‘O Contato’ parte do princípio de que a fala é indígena, apenas a transportamos para o formato de cinema. A ideia foi dar voz aos habitantes para que eles falassem o que pensam das próprias histórias e desafios sociais”.

Convidado por Juliana para dirigir o filme, o cineasta Vicente Ferraz conta como se deu o processo que levou ao roteiro, assinado por ele e por Juliana: “Gosto de abordar essas  histórias com uma visão humanista. Para chegar a São Gabriel, nós viajamos de barco durante quatro três dias pelo Rio Negro. No barco, encontramos Ianomâmi, daí já surgiu uma história: que era a do grupo indígena levando um filme que foi feito na nossa pesquisa para ser visto na aldeia deles. A partir de histórias pessoais tentamos mostrar a diversidade do lugar e de seus povos nativos, destaca.

Este é um filme com narrativas paralelas, um espelho do Brasil. Procura oferecer uma visão diferente sobre a Amazônia da que se tem na região sudeste e no restante do Brasil, menos pré-concebida e maniqueísta. Foi realizado também vencendo muitos desafios, de ordem logística, de produção e no trato das relações humanas, conclui Juliana.

A sessão de “O Contato” no festival de Havana acontece em 16 de dezembro. No início de 2024, o filme será exibido na cidade de São Gabriel da Cachoeira e em comunidades que participaram — as opiniões dos indígenas sobre o filme serão gravadas. Em fevereiro, será lançado “Línguas da Floresta”, um spin-off do documentário, no Canal Cine Brasil TV e com exibições especiais.

A estreia comercial de “O Contato” nas salas de cinema será em abril, no mês do protagonismo indígena. O patrocínio do longa é assinado por Austral, Valid, Civil Master e CSP Consultoria e Informática, com a complementação do Fundo Setorial do Audiovisual / ANCINE / BRDE.

com informações de assessoria