O Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro encerrou a retrospectiva da obra de Heitor dos Prazeres – compositor, sambista, desenhista de moda, marceneiro, pintor – na última segunda-feira (18/9) e provavelmente estamos esquecendo alguma de suas ocupações. Os cariocas que tiveram o prazer de ver de perto o trabalho de um dos mais importantes artistas brasileiros da história se lembrarão que, na última sala da exposição, o visitante se deparava com a projeção de um filme.

Tratava-se de um curta de Antônio Carlos da Fontoura em que Heitor se explica e performa sua obra. Em se tratando da relação entre o cinema brasileiro e outras artes, o documentário em curta-metragem merece destaque pela quantidade de trabalhos notáveis que tem rendido.

Seja como uma polaroid de algum artista ou meditação sobre esta ou aquela obra em específico, aqui vai uma lista com alguns dos títulos que, apesar da duração pequena, ficarão impressos na memória do espectador por um bom tempo.

1. Nelson Cavaquinho (1969)

No chão de terra batido, o rei vadio da Mangueira caminha tristemente, com o olhar enterrado em alguma saudade que só Deus conhece. O documentário de Leon Hirszman é um breve retrato de uma tarde com Nelson, o nosso Lord Byron tropical, com direito a palhinha acompanhada pelo seu violão único.

2. O Poeta do Castelo (1959)

Joaquim Pedro de Andrade filma o cotidiano solitário de Manuel Bandeira no Castelo, no Centro do Rio. A cidade parece algo como uma zona de guerra enquanto o poeta caminha de volta para seu apartamento, onde, entre outras miudezas, prepara seu café e, é claro, escreve. Se Bandeira retirava sua matéria poética do cotidiano e do prosaico, o curta de Pedro de Andrade também vasculha o feio e o insignificante para encontrar sua poesia.

3. Partido Alto (1976)

O mundo musical, especialmente o do samba, foi de particular interesse para nossos cineastas. O próprio Leon Hirszman subiu o morro uma segunda vez em 1976 para registrar uma roda de partido alto comandada por Candeia. Já a narração ficou a cargo de ninguém menos que Paulinho da Viola.

4. Brasil (1981)

Provavelmente o filme mais bonito da lista, é também significativo da fase arquivista da carreira de Rogério Sganzerla, que mais tarde resultaria em “É Tudo Brasil”. Mais importante, durante esse período o cineasta se debruçou sobre os arquivos para responder a uma simples questão: “o que é o Brasil?”. A resposta está aí, no encontro entre João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil para a gravação do seminal álbum de João.

5. Di Glauber (1977)

Glauber Rocha tomou o Museu de Arte Moderna do Rio de assalto quando decidiu aparecer no funeral de Di Cavalcanti com uma equipe de filmagem. Do escândalo gerado, Glauber criou uma estranha eulogia, algo como uma tentativa de tirar o trabalho do pintor das igrejas engessadas da intelectualidade e dá-lo de volta ao povo através do cinema. O resultado: o filme foi censurado pela família de Di.