Foram muitos os contras que apontavam “Homem-Formiga” como provável primeiro revés do Universo Cinemático da Marvel: um herói com poderes não muito impressionantes para o mundo atual, troca de diretor, atrasos nas gravações… mas no final das contas, o que importa ao público é o produto final, e o filme mostra que contornou graciosamente todas as adversidades.

“Homem-Formiga” traz novos ares ao UCM depois da irregularidade de “Vingadores: Era de Ultron“, ao apostar no frescor de sua forma narrativa, a começar pela forma de apresentação do protagonista. O herói Scott Lang (Paul Rudd) tem na filha pequena a motivação para assumir o uniforme que o catapulta ao status de “super”, e é introduzido na trama em meio ao dilema de usar ou não seus conhecimentos (que o levaram à cadeia) novamente. Ele, ao contrário de seus agora colegas de UCM, não é um super-herói nato, mas assume a posição de um outro, o Homem-Formiga original, Hank Pym (Michael Douglas).

O roteiro foi criativo o suficiente para trabalhar com os elementos básicos da narrativa do herói, mas reinventando cada um deles. O aprendizado para o uso do uniforme de Homem-Formiga, o primeiro confronto (que não é com um vilão!), a inserção orgânica muito bem sucedida de personagens de apoio com viés cômico e o fato da grande missão de Lang envolver a recuperação de um artefato para derrotar o vilão Darren Cross/Jaqueta Amarela (Corey Stoll), e não travar uma luta com ele (o que obviamente não dá certo…) mostram que sim, é possível trabalhar de forma criativa e divertida coisas que já vimos infinitas vezes num blockbuster.

O uso do 3D pode ser apontado como grande ponto negativo de “Homem-Formiga”, e aqui me permito um adendo pessoal. Retirei os óculos 3D várias vezes durante a sessão e descobri que poderia assistir a inúmeras cenas do filme sem ele, pois apenas as legendas estavam em profundidade a ponto de prejudicar a visão sem os tais óculos. Mesmo na mais bela cena do filme, que envolve um certo assunto subatômico que não vamos entrar em detalhes para não dar spoiler, pouco se percebia do efeito. Verdade seja dita: o filme tem poucas (mas legais) cenas de ação e a Marvel caprichou na concepção estética dos efeitos especiais da mudança de tamanho do Homem-Formiga. Não precisa de 3D para se divertir bastante com esse despretensioso, porém nunca desleixado, novo filme de super-herói.