A partir de 03 de maio, a EMBAÚBA PLAY, plataforma de streaming dedicada a exibir filmes brasileiros, com foco no cinema contemporâneo independente, inaugura uma nova etapa em sua história. Os recursos obtidos via Lei Paulo Gustavo serão investidos na ampliação de seu catálogo e do seu alcance, com lançamentos semanais, organização de programas específicos e investimento em medidas de acessibilidade. Para isso, sua equipe cresceu e passa a contar com profissionais dedicados à curadoria, produção e comunicação, preparados para oferecer aos seus usuários uma seleção qualificada de longas, curtas e médias-metragens nacionais recentes, de forte traço autoral, que contemplam uma ampla variedade estética e temática e que, na grande maioria, tiveram pouca circulação. 

“O cinema brasileiro evoluiu muito nas duas últimas décadas. Houve aumento não apenas da quantidade, mas também da qualidade dos filmes, que se tornaram cada vez mais presentes no circuito internacional de festivais de cinema, com reconhecimento da crítica especializada e da academia. Muitos desses filmes, no entanto, não estão disponíveis para o público ou não podem ser facilmente encontrados, após percorrerem o circuito de festivais”, conta Daniel Queiroz, idealizador e diretor da Embaúba Play.

Em 2021, Queiroz lançou a plataforma com aproximadamente 400 obras. Hoje, o catálogo conta com 550 títulos, sendo 138 longas e 412 curtas e médias-metragens. Em parceria com festivais online, a Embaúba Play já exibiu outros 200 filmes. O objetivo, atualmente, é ampliar o catálogo permanente com o lançamento de, no mínimo, 96 novos títulos no próximo ano, uma média de 8 filmes por mês ou 2 por semana.

“Nosso intuito é não apenas que os filmes sejam vistos, mas que sejam pensados em programas específicos, compostos por lançamentos articulados a obras do acervo”, afirma Carla Maia, convidada por Daniel a assumir a curadoria da plataforma nesta nova etapa. Além do trabalho de pesquisa, seleção e organização dos lançamentos, a curadora também pretende elaborar comentários a respeito de cada obra, notas que destaquem aspectos temáticos, estéticos e políticos para estimular o senso crítico e analítico, qualificando a experiência do espectador. “A ideia de cuidado está na raiz da palavra curadoria e cuidar de um filme é permitir que ele cresça no contato com o público, na relação com outras obras, pelo exercício reflexivo”, explica Maia, “e este é um dos grandes diferenciais da Embaúba, não apenas exibir mas cuidar dos filmes de seu catálogo. A base é firme e sólida, agora é fazer crescer”, completa.

Na inauguração de sua nova etapa, serão lançados 4 filmes: os curtas A máquina infernal (Francis Vogner dos Reis, 2021, 30min) e Japão (Henrique Borela, 2022, 20min) e os longas Mascarados (Marcela Borela e Henrique Borela, 2020, 66min) e Eu, empresa (Marcus Curvelo e Leon Sampaio, 2021, 92min). Em comum, além do fato de serem filmes de circulação praticamente restrita a festivais ou com breve passagem por salas de cinema, está o gesto de “Filmar o trabalho”, título do programa organizado por ocasião do dia do trabalhador, 1 de maio. Compõem o programa outros onze títulos do catálogo permanente da Embaúba, relacionados aos lançamentos, seja pelo tema, seja por articulações formais e de estilo. “Mascarados, por exemplo, foi montado por Affonso Uchôa, diretor de Arábia, importante obra do acervo que também está no programa. Assistir aos dois, lado a lado, permite sentir as ressonâncias de um filme a outro, a maneira como investem em artifícios de fabulação para abordar o real histórico, os conflitos de classe, a captura dos desejos”, exemplifica Maia. Os filmes serão anunciados em 01 de maio e lançados em 03 de maio, sexta-feira, data escolhida para os lançamentos semanais na plataforma.

A plataforma sempre operou de modo independente, sendo mantida pela Embaúba Filmes, distribuidora também sob direção de Daniel Queiroz, e por Fábio Savino, parceiro do projeto desde o início, que agora assume sua coordenação. “Sempre acreditei na relevância da plataforma, tenho afinidade de propósitos com o projeto. A distribuição e a exibição são um gargalo histórico para o cinema brasileiro e ações como a da Embaúba cumprem um papel fundamental para que os filmes possam alcançar maior público, de modo qualificado”, explica Savino. O coordenador destaca que a oferta gratuita da maior parte de seu conteúdo é um forte diferencial da Embaúba Play em relação às demais plataformas de streaming de caráter mais comercial. Atualmente, 70% do acervo da Play pode ser visto gratuitamente. As cópias em aluguel custam menos de 10 reais, valores bem abaixo dos praticados no mercado, a fim de facilitar o acesso ao público. “É uma importante ação de incentivo à formação e diversificação de público, responsabilidade que assumimos diante de um país tão desigual e elitizado no que diz respeito ao acesso à cultura,” diz Savino.

O time da Embaúba Play conta atualmente com Daniel Queiroz, Fábio Savino, Carla Maia, Caru dos Santos, Kelly Lima, Matheus Antunes e Rodrigo Camargos e anuncia a abertura de uma nova vaga em maio para assistente curatorial. Critérios de raça, gênero e classe serão considerados no processo seletivo. Voltada para estudantes da área do audiovisual, a função prevê o pagamento de uma bolsa mensal e treinamento específico de programação e produção de cópias, viabilizando o desenvolvimento do setor pela formação de novos profissionais.

com informações de assessoria