A expectativa em torno de “Aquarius” acabou frustrada. Apesar da ótima repercussão do filme junto à crítica internacional, o representante brasileiro saiu sem prêmios da cerimônia final do Festival de Cannes 2016, na tarde deste domingo (22). “I, Daniel Blake”, de Ken Loach, recebeu a Palma de Ouro, o prêmio máximo do evento francês.
“A política neoliberal trouxe a miséria, da Grécia a Portugal, com um pequeno número de pessoas que enriquecem com isso. Defendo um cinema de protesto, que coloca os fracos contra os poderosos. Um outro mundo não é só possível, mas necessário”, disse Loach durante o discurso. O cineasta já vencera a Palma de Ouro em 2006 por “Ventos da Liberdade”, sendo, assim, o oitavo diretor a ser bicampeão em Cannes (Alf Sjoberg, Francis Ford Coppola, Bille August, Emir Kusturica, Shonei Imamura, Luc e Jean-Pierre Dardenne e Michael Haneke).
Em “I, Daniel Blake”, após sofrer um ataque cardíaco e ser desaconselhado pelos médicos a retornar ao trabalho, o personagem-título vivido por Dave Johns busca receber os benefícios concedidos pelo governo a todos que estão nesta situação. Entretanto, ele esbarra na extrema burocracia instalada pelo governo, amplificada pelo fato dele ser um analfabeto digital. Numa de suas várias idas a departamentos governamentais, ele conhece Katie (Hayley Squires), a mãe solteira de duas crianças, que se mudou recentemente para a cidade e também não possui condições financeiras para se manter. Após defendê-la, Daniel se aproxima de Katie e passa a ajudá-la.
A filipina Jaclyn Jose, por ‘Ma’Rosa’, acabou com as esperanças brasileiras de ver Sônia Braga, em “Aquarius”, receber a estatueta de Melhor Atriz. Shahab Hosseini, por “The Salesman”, recebeu o prêmio de melhor desempenho masculino.
O prêmio de Melhor Direção ficou com o romeno Cristian Mungiu, pelo trabalho em “Bacalaureat”, e o francês Olivier Assayas, que superou a péssima repercussão de “Personal Shopper” junto à crítica. O cineasta iraniano Asghar Farhadi recebeu a estatueta de Melhor Roteiro.
“American Honey” recebeu o Grande Prêmio do Júri, enquanto o jovem Xavier Dolan comprova ser um verdadeira fenômeno e, com apenas 27 anos, recebeu o Grand Prix pelo trabalho em “It’s Only the End of the World”.
O júri de longas-metragens do Festival de Cannes foi presidido por George Miller e teve Kirsten Dunst (“Homem-Aranha”), Mads Mikkelsen (“A Caça”), Donald Sutherland (“Jogos Vorazes”), Laszlo Nemes, (“O Filho de Saul”), Arnaud Desplechin (“Três Lembranças da Minha Juventude”), a atriz e diretora italiana Valeria Golino (“Como o Vento”), a cantora e atriz francesa Vanessa Paradis (“O Que as Mulheres Querem”) e o produtor iraniano Katayoon Shahabi.
Vencedores do Festival de Cannes 2016
Palma de Ouro: ‘I, Daniel Blake’, de Ken Loach
Grand Prix: “It’s Only the End of the World”, de Xavier Dolan (prêmio voltado para contribuições artísticas)
Melhor Direção: Cristian Mungiu, por “Bacalaureat” e Olivier Assayas, por “Personal Shopper”
Melhor Ator: Shahab Hosseini, por “The Salesman”
Melhor Atriz: Jaclyn Jose, por ‘Ma’Rosa’
Melhor Roteiro: Asghar Farhadi, por “The Salesman”
Grande Prêmio do Júri: “American Honey”