O Festival de Gramado voltou a consagrar o cinema do Norte do Brasil. Na edição deste ano, a categoria de curtas-metragens rendeu cinco Kikitos para obras da região: o rondoniense “Ela Mora Logo Ali” venceu três categorias – Melhor Roteiro com Fabiano Barros e Rafael Rogante, Melhor Atriz com Agrael de Jesus e Melhor Filme pelo Júri Popular -, enquanto o roraimense “Mãri-Hi – A árvore do Sonho”, de Morzanel Iramari, ganhou Direção de Fotografia e o Prêmio Especial do Júri.

“Ela Mora Logo Ali” acompanha uma humilde vendedora ambulante de chips de bananas, que tem sua rotina alterada ao conhecer uma jovem leitora no ônibus no caminho de volta para casa. A partir desse momento, a vendedora inicia uma nova jornada de descobertas, sonhos e o desafio de encontrar o livro preferido do seu filho. O elenco conta com Agrael de Jesus, Marcela Bonfim, Rafaela Oliveira e João Victor Alves de Oliveira.

Já no documentário “Mãri Hi – A Árvore do Sonho”, as palavras de um grande xamã conduzem uma experiência onírica através da sinergia entre cinema e sonho yanomami, apresentando poéticas e ensinamentos dos povos da floresta. Morzaniel Ɨramari é um cineasta Yanomami, nascido em 1980 na aldeia Watorikɨ, no estado do Amazonas. Seus filmes anteriores, “Casa dos espíritos” (2010) e “Urihi Haromatimapë – Curadores da terra-floresta” (2014), circularam e foram premiados em diversos festivais e mostras no Brasil e no Mundo. Já Davi Kopenawa Yanomami é um escritor, ator, xamã e importante líder político yanomami e, atualmente, presidente da Hutukara Associação Yanomami, uma entidade indígena de ajuda mútua e etnodesenvolvimento.

O grande ganhador de Melhor Filme entre os curtas brasileiros foi “Remendo”, de Roger Ghil. Curiosamente, este foi o único Kikito conquistado pela produção. O candidato capixaba trazia a história de Zé, um sujeito que carrega um fardo. Daí, surge a pergunta principal da obra: por que você insiste em remendar esse monte de coisa que não tem mais jeito?

Nos últimos anos, o Festival de Gramado vem dando atenção ao cinema da Região Norte do Brasil: o amazonense “O Barco e o Rio” venceu cinco Kikitos nas categorias de curtas-metragens em 2020, enquanto o acreano “Noites Alienígenas” foi consagrado no ano passado entre os longas.

CONHEÇA OS VENCEDORES DA MOSTRA DE CURTAS BRASILEIROS

Melhor Desenho de Som: Kiko Ferraz, por “Sabão Líquido”
Melhor Trilha Musical: Mano Teko e Aquahertz, por “Yãmî-Pá”
Melhor Direção de Arte: Felipe Spooka e Jacksciene Guedes, por “Casa de Bonecas”
Melhor Montagem: Luiza Garcia, por “Camaco”
Melhor Roteiro: Fabiano Barros e Rafael Rogante, por “Ela Mora Logo Ali”
Melhor Fotografia: Morzanel Iramari, por “Mãri-Hi – A árvore do Sonho”
Melhor Atriz: Agrael de Jesus, por “Ela Mora Logo Ali”
Melhor Ator: Phillipe Coutinho, por “Sabão Líquido”
Prêmio Especial do Júri: “Mãri-Hi – A Árvore do Sonho”
Menção Honrosa: “Cama Vazia”, de Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet
Melhor Curta Júri da Crítica: “Camaco”, de Breno Alvarenga
Melhor Filme pelo Júri Popular:  “Ela Mora Logo Ali’, de Fabiano Barros e Rafael Rogante
Melhor Direção: Mariana Jaspe, por “Deixa”
Melhor Filme: “Remendo”, de Roger Ghil