Em 2016 dois dos maiores diretores em atividade no momento lançam seus novos projetos. Martin Scorsese tem programado para o final do ano “Silêncio”, um longa que está sendo desenvolvido há anos sobre um grupo de padres jesuítas portugueses que viaja ao Japão feudal para encontrar seu mentor. Enquanto isso, Pedro Almodóvar já reúne críticas bastante positivas sobre seu novo filme, “Julieta”, que acaba de ser lançado na Espanha e conta a história de um mesma mulher em dois momentos bem distintos da sua vida.

O que estes dois projetos tem em comum? Bom, hoje em dia praticamente nada, mas alguns meses atrás ambos possuíam o mesmo título: “Silêncio”. O diretor espanhol, porém, preferiu alterar o nome do seu filme justamente para evitar que as pessoas o confundissem com o longa de Scorsese.

Esta não é uma atitude comum no mundo do cinema, já que há vários exemplos de filmes que compartilham o mesmo nome. Pensando nisso, o Cine Set preparou uma pequena lista com outras longas estão nesta situação. Verdade seja dita, na maioria dos casos a culpa é dos tradutores brasileiros que escolhem títulos genéricos para a versão nacional. Mas em outros a coincidência realmente ocorreu desde a origem. Vamos lá:


Os Vingadores (The Avengers, 2012) x Os Vingadores (The Avengers, 1998)

Quando você escuta este título o primeiro filme que vem à sua mente deve ser provavelmente a saga que juntou os super-hérois da Marvel, certo? Mas a verdade é que alguns anos antes, em 1998, foi lançado um outro filme com o mesmo título. Baseado numa série de televisão britânica exibida na década de 60, o filme contava a história de uma dupla de espiões (Ralph Fiennes e Uma Thurman) que se juntam para enfrentar um vilão (Sean Connery) com a habilidade de controlar o clima. Apesar do elenco de estrelas, o filme foi um fracasso de crítica e público tão grande que fez Sean Connery considerar a aposentadoria do cinema, algo que ele realizou após o lançamento de outra bomba chamada “A Liga Extraordinária”. Um destino bem diferente do filme da Marvel, que ultrapassou a barreira do 1 bilhão de dólares arrecadados e hoje ocupa a posição de quinta maior bilheteria de todos os tempos.


Possuídos (Fallen, 1998) x Possuídos (Bug, 2006)

Filmes de suspense costumam possuir títulos genéricos na tradução para o português, mesmo quando eles são estrelados por atores do nível de Denzel Washinton e Ashley Judd. Assim, o suspense psicológico lançado em 2006, dirigido por William Friedkin (de “O Exorcista”), recebeu o mesmo título do suspense sobrenatural estrelado por Denzel Washington em 1998. No caso deste último, o título em português ainda pode ser justificado, já que o filme mostra o espírito de um assassino serial que, mesmo após a morte, continua sua sucessão de homicídios ao se apossar do corpo das pessoas através do toque. Já no filme de 2006 a única possessão é a loucura e paranoia dos protagonistas, isolados em uma casa. Aqui vale à pena conferir ambos os filmes, que são ótimos exemplares dentro do gênero.


Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013) x Círculo de Fogo (Enemy at the Gates, 2001)

O filme mais conhecido por este título é o longa dirigido por Guillermo Del Toro e lançado em 2013, uma homenagem aos clássicos animes japoneses que conta a história de um grupo de soldados que operam robôs gigantes para combater monstros que surgiram das profundezas dos oceanos e estão destruindo o planeta. Porém, em 2001, já havia sido lançado outro “Círculo de Fogo”, um belo filme de guerra dirigido pelo francês Jean-Jacques Annaud e estrelado por Jude Law, Joseph Fiennes e Rachel Weisz. Contando com uma das melhores cenas de batalha já filmadas (a invasão da cidade de Stalingrado), o filme mostra a ascensão de um atirador de elite russo que é utilizado pela União Soviética como ferramenta de propaganda durante a segunda guerra mundial. Aqui é mais um caso em que vale à pena conferir ambos os filmes.


Nine (idem, 2009) x 9 (idem, 2009)

2009 foi um ano interessante, já que os produtores de Hollywood acharam que seria uma divertida coincidência lançar na mesma época dois filmes que levavam o número 9 no título. A confusão não chegou ao Brasil, pois um deles manteve o título original em inglês, mas nos EUA deve ter sido engraçado ver como as pessoas faziam para diferenciar um filme do outro nas suas conversas. Um era o musical “Nine”, dirigido por Rob Marshall (de “Chicago”) e inspirado no clássico “8 1/2”, de Federico Fellini, enquanto o outro foi a animação “9”, que mostrava um mundo pós-apocalíptico habitado por bonecos de pano. O interessante é que em ambos os filmes sobra estilo e apuro estético, mas falta substância e emoção.


Meu Passado Me Condena (idem, 2013) x Meu Passado Me Condena (Victim, 1961)

Geralmente filmes que recebem o mesmo nome na tradução não possuem nada a ver um com o outro. Mas neste caso as diferenças entre eles são ainda maiores. O exemplar mais conhecido é a comédia brasileira baseada no programa do Multishow e estrelada por Fábio Porchat. O que muita gente não sabe é que este é o mesmo título de um filme clássico do cinema britânico, lançado em 1961, e que mostra a história de um advogado em busca do homem que, de maneira anônima, está chantageando e ameaçando as pessoas sobre expor que elas são homossexuais (na época, a homossexualidade era crime na Grã-Bretanha). O risco do advogado é ainda maior, já que ele próprio é homossexual. Enquanto um filme foi responsável por ajudar na descriminalização da homossexualidade em um país inteiro, o outro… bem, mostra que algumas comédias não tem mais graça depois de 30 minutos de projeção. Quanta diferença!