Com foco no cinema amazonense, a revista “Cinéfilo” venceu a categoria Revista Customizada na última edição do Intercom Norte, evento destino a estudantes e professores de Comunicação Social do Brasil. Nesta semana, a equipe da revista formada pelos alunos de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas, Arthur Charles, Maria Cecília Costa e Pâmela Eurídice, participa da disputa nacional em Curitiba.

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“Cinéfilo” traz críticas dos curtas “Caboré – A Lenda”, de José Augusto Pedroza e Orange Cavalcante, “Amém”, de Bernardo Ale Abinader, além de matérias especiais sobre “Criminosos”, de Sérgio Andrade, e “Aquela Estrada”, de Rafael Ramos. Por fim, há uma entrevista com o CEO da Lens Produções, Lucas Simões, uma análise de “La La Land – Cantando Estações” e do cinema autoral de Sofia Coppola.

“A revista é totalmente voltada para os cinéfilos – um público especializado que cresce cada vez mais na cidade, mas que não encontra opções em outros meios comunicativos para consumir um mercado alternativo do cinema na capital. A ideia é justamente trazer esse público para um ambiente segmentado das revistas e dessa forma contribuir para criar mais um espaço para os criadores e realizadores divulgarem e conhecerem o que está sendo produzido atualmente na cidade”, declarou Arthur Charles.

O processo e homenagem

Surgida durante a disciplina de Planejamento Gráfico em Jornalismo na Ufam, o projeto passou por várias etapas, incluindo desde a definição do público que deveria consumir a revista até a veiculação. Para Arthur Charles, a finalização do projeto gráfico foi um dos caminhos mais complicados pelo fato de não ser designer.

“Sempre fui muito inclinado às artes no geral. Eu tinha uma ideia de como eu queria que a revista fosse, principalmente, em questão de cor, diagramação e estilo. Eu já tinha feito algumas oficinas sobre diagramação e editoração gráfica, em que fiz algumas outras experiências. Mas, botar a mão na massa durante a criação da Cinéfilo, foi difícil porque de fato foi a minha primeira experiência nesse mundo – em que tive que pensar desde o público-alvo até o formato. Lógico que eu não quero comparar ao trabalho de um designer, que nesse sentido, seria muito mais completo, mas acho que a experiência foi boa e o projeto final foi algo satisfatório”, declarou.

O título da revista remete a um projeto homônimo ocorrido em Manaus: a revista Cinéfilo feita por José Gaspar. Segundo Arthur, apesar de declarar não ter sido uma inspiração direta, a escolha do nome foi uma forma “homenagear e uma tentativa de trazer de volta esse ambiente rico em produções culturais dos anos 60. É uma forma de olhar para trás e refletir sobre como podemos contribuir para que a indústria artística como um todo cresça na região”.

Novo olhar e futuro

Para Maria Cecília, a experiência de produzir a revista contribuiu para um novo olhar dela sobre a relevância do debate sobre o cinema no Amazonas e em locais periféricos. “São os movimentos desses lugares que conhecem e, portanto, têm plena noção para apropriar-se do ambiente e contar uma história baseado nisso. E discuti-los traz heterogeneidade, embora não se possa esquecer que tais lugares também estão inseridos em uma lógica global”, afirmou.

“Produzir esse material foi algo muito enriquecedor porque abre os nossos olhos para um mundo onde acontece muita coisa, mas que não está sendo divulgado. Um mundo rico de cultura e experimentações que segue à margem do cinema comercial blockbuster que carrega milhões de admiradores para os cinemas locais. O conhecimento que podemos tirar dessa produção é que aqui se faz coisa boa e que merece ter uma atenção especial”, afirma Arthur.

O futuro da revista ainda é incerto quanto a novas edições. Apesar da vontade de se produzir uma edição mensal, a falta de incentivos ainda se coloca como a principal barreira. “Acho que a revista ainda tem muito o que contribuir para o cinema atual do Amazonas”, completa Arthur Charles.