O Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), um dos mais importantes do mundo, chega à 42ª edição com um formato mais reduzido para se adaptar aos novos gostos do público, que poderá conferir o evento de 7 a 17 de setembro.

No ano passado, ao longo de 11 dias, o festival exibiu 397 filmes, dos quais 296 foram longas-metragens e 101 curtas, divididos em 16 mostras. Mas, após vários anos de críticas pelo tamanho do evento, os organizadores anunciaram que reduziriam em 20% o número de filmes para esta edição.

O novo número ainda não foi anunciado oficialmente, mas a expectativa é que neste ano sejam exibidos cerca de 300 filmes, entre longas e curtas.

A redução do número de filmes coincide com a queda no público registrada em 2016 e com o aumento no preço dos ingressos, outra das críticas recebidas nos últimos anos.

A última edição do evento contou com 381.185 pessoas, enquanto no ano anterior o público foi de 383.970. A queda foi um claro sinal de que o festival, que sempre aumentou o público de forma regular ao longo dos 42 anos de existência, precisava se reorganizar.

Em fevereiro, o diretor artístico do Festival de Toronto, Cameron Bailey, justificou a eliminação de programas e filmes para satisfazer o público e críticos de cinema e manter a qualidade do evento.

“Temos o desafio de proporcionar uma generosa escolha de filmes às mais de 400 mil pessoas que comparecem ao festival ao mesmo tempo que mantemos um forte enfoque na seleção de filmes”, afirmou.

Neste ano, o evento cobrará um preço reduzido de entrada para menores de 25 anos que queiram comparecer ao festival em dias de semana. Este ingresso, chamado “Audience First”, foi fixado entre US$ 8 (R$ 25) e US$ 14,50 (R$ 45), consideravelmente mais baixo que os US$ 15,50 (R$ 49) e US$ 20 (R$ 63) que custarão ao restante do público.

Mesmo assim, comparecer a esta edição significa um investimento. O preço regular de um ingresso para as sessões à noite ou aos fins de semana varia entre US$ 22,50 (R$ 71) e US$ 28 (R$ 88), sendo que esse valor pode chegar aos US$ 47 (R$ 147) para os filmes mais procurados devido à premiação.

Mas a transformação do Festival de Toronto, que é considerado no setor como um dos três principais do mundo e o preferido por muitos dos estúdios de Hollywood para lançar os filmes com os quais querem concorrer ao Oscar, não se limita ao número de filmes ou ao preço das entradas.

Em um plano estratégico elaborado pelo evento para o período 2018-2022 e informado na semana passada é dito que o “principal produto costumava ser os filmes”. “Agora, o nosso principal serviço deve ser experiências transformadoras através dos filmes”, esclareceram os organizadores.

Em declarações ao jornal “The Toronto Star”, o diretor do festival, Piers Handling, e Bailey, os dois cérebros por trás do evento há anos, explicaram que o objetivo é adaptar-se à nova realidade de audiências deslocando-se ao mundo online.

Handling e Bailey não se referem apenas ao festival de cinema que administram. O Festival de Toronto passou de ser um evento para exibir a cinematografia que não chegava às salas de cinema de Toronto dos anos 70 a um mundo que gira em torno de sua espetacular sede, o TIFF Bell Lightbox, na região mais “chique” da cidade.

A organização do festival agora conta com uma crescente oferta de atividades online, desde séries de vídeo até podcasts que se tornam cada vez mais populares.

Mas, voltando ao festival, e concretamente ao deste ano, o evento prestará uma grande atenção às produções para a televisão com a exibição de episódios de populares séries online ou televisivas.

Esta iniciativa começou há três anos e nesta ocasião, o festival exibirá “The Deuce”, uma série da “HBO” criada por David Simon e George Pelecanos e interpretada por James Franco e Maggie Gyllenhaal.

Outra exibição na mostra Primetime será “Dark”, o primeiro drama em alemão da Netflix. O Festival de Toronto adiantará os dois primeiros episódios da série que só deve estrear no fim do ano. Na mesma mostra também será exibida “The Girlfriend Experience Season 2”, da emissora “Starz”.

da Agência EFE