De “Toy Story 4” e “Parasita” a “Zona de Interesse” e “O Menino e a Garça”, Caio Pimenta traz um ranking dos ganhadores do Oscar de Melhor Animação e Filme Internacional dos anos 2020.

5. ‘TOY STORY 4’ e ‘NADA DE NOVO NO FRONT’

Inicio a lista com o quinto lugar em que tivemos uma continuação sem graça e um drama de guerra mais do mesmo. 

Após o desfecho perfeito do terceiro filme, “Toy Story 4” era uma ideia ruim que virou uma obra sem a força dos antecessores.

A animação até busca caminhos interessantes para os adoráveis personagens, mas, não soa mais tão criativo como já foi.

Longe de ser brilhante, “Klaus” era uma opção bem melhor. 

“Nada de Novo no Front” levou a estatueta de Filme Internacional no ano passado.

Mesmo com inegável excelência técnica da equipe do diretor Edward Berger, o drama não sai muito do discurso de que a guerra é ruim e desumaniza o homem, o básico de obras do gênero.

O discurso político praticamente inexiste, especialmente, se comparado ao vencedor do Oscar de Melhor Filme de 1930 dirigido pelo Lewis Milestone.

Sinceramente, não é um filme que me empolga. 

4. “ENCANTO” E “DRUK”

Subindo um pouco mais o sarrafo, mas, nem tanto, “Encanto” vem logo em seguida.

Passa longe de ser o filme mais original, mas, as cores, a latinidade e canções como “We Don’t Talk About Bruno” valem a animação.

Ainda assim, preferia a vitória de “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas”, mais ousado e inteligente. 

A quarta posição entre os internacionais é de “Druk”.

O ponto de partida da história – um grupo que simplesmente gosta de beber – ser colocado sem moralismos ou condenações já joga a favor da comédia dinamarquesa.

Com isso, o Thomas Vintenberg cria uma história deliciosa de acompanhar e com uma atuação excelente do Mads Mikkelsen. 

3. “PINÓQUIO” e “ZONA DE INTERESSE”

Medalha de bronze em animação vai para “Pinóquio”: o Guillermo Del Toro contou com o apoio da Netflix para realizar a sua versão do boneco de madeira que queria virar um garoto de carne e osso.

O mexicano empresta melancolia à fantasia em uma história que consegue trazer bastante maturidade para abordar a dores e belezas da vida, respeitando a sensibilidade e inteligência infantil. 

“Zona de Interesse” ocupa a mesma posição em Filme Internacional. Jonathan Glazer explora visual e sonoramente o conceito de banalidade do mal, expandindo o ponto de vista inicial.

Quem vai esperando apenas um filme sobre o Holocausto, se depara como a monstruosidade tapada convenientemente pelos muros obedece a uma lógica vista a cada esquina deste planeta nos dias de hoje.

Trabalho sublime de som. 

2. “O MENINO E A GARÇA” e “PARASITA”

“O Menino e a Garça” está em segundo lugar no ranking das animações: a animação do Studio Ghibli faz poesia ao falar de luto e a necessidade de seguir em frente a partir de alegorias visuais belíssimas.

Isso tudo ainda colocado em multiversos em um aceno à ficção científica.

E olha que nem é dos melhores do Hayao Miyazaki. 

Se você estava esperando “Parasita” em primeirão na lista de Filme Internacional, sinto muito, mas, ele fica na segunda colocação.

E dizer isso não diminui em nada o filmaço do Bong Joon-Ho, uma obra irônica entre a tragédia e o cômico sobre o abismo das classes sociais e a exploração entre elas.

Não à toa levou merecidamente os Oscars de Filme, Direção e Roteiro Original. 

1. “SOUL” e “DRIVE MY CAR”

Soul foi o melhor vencedor de animação nesta primeira metade dos anos 2020.

O belo filme do Pete Docter e Kemp Powers remete aos melhores momentos, cada vez mais esquecidos, da Pixar.

Uma obra nada simples partindo de um campo metafísico e de figuras abstratas que consegue emocionar e divertir o público a partir de um roteiro impecável e uma execução que explora ao máximo a criatividade possível daquele universo. 

“Drive My Car” é o meu favorito das produções de língua não-inglesa.

Cabem um mundo infinito nas três horas do épico intimista do Ryusuke Hamaguchi: oluto, a criação artística, a performance, o acolhimento, a superação, o cinismo, o domínio.

A obra japonesa premiada em 2022 é um filme que se mostra grandioso para àqueles que driblam preconceitos para assisti-lo.

No fim, se torna inesquecível.