A mais recente adição ao filão do found footage é este “Late Night With the Devil”. Claramente inspirado pelo clássico britânico do gênero, “Ghostwatch”, o filme dos irmãos Cameron e Colin Cairnes, dupla australiana trabalhando no horror independente desde a última década, faz exatamente o que seu título indica – nem mais, nem menos. 

O found footage, enquanto subgênero, tem uma série de muletas já familiares. Por exemplo, aquelas cenas em que para dar conta de informações importantes para o público, os personagens inexplicavelmente seguem filmando, contrariando todo bom senso. Aqui, como boa parte do filme se trata de uma suposta gravação de um talk-show setentista, os realizadores precisam criar o artifício de uma câmera de bastidores gravando tudo durante os intervalos comerciais. É bobo, mas serve. A gente compra a coisa e segue em frente. 

O problema é que, assim como em “Ghostwatch”, em que um programa de TV exibe um especial de Halloween que acaba servindo de conduíte para aparições sobrenaturais, a ação demora a engatar. Quando o caldo entorna de vez, os Cairnes demonstram todo seu amor pelo gênero com alguns efeitos práticos dos mais divertidos. O resultado não é assustador per se; a balança pende mais para o lúdico. 

Mas não há nada de realmente imperdível aqui. Em “Ghostwatch”, se a coisa demora a engrenar, ao menos alguns bons sustos transcorrem uma vez que a investigação paranormal toma seu rumo. “Late Night With the Devil”, por sua vez, está preso demais às engrenagens do próprio gênero, aos limites do artifício que estabelece para si mesmo, ao mesmo tempo em que não consegue elaborar cenários imaginativos o suficiente a partir de sua premissa.