Olivia de Havilland, uma das últimas estrelas ainda vivas da Hollywood clássica, perdeu nesta segunda-feira (26) o processo que moveu contra a série “Feud”, pela forma “depreciativa” como foi retratada na produção para televisão da FX.

A Corte de Apelações do Segundo Distrito da Califórnia deu razão à emissora por considerar que, neste caso, a Primeira Emenda da Constituição, que protege a liberdade de expressão, prevalece sobre as reivindicações da atriz.

“Nestas obras expressivas, seja a pessoa retratada uma estrela do cinema mundialmente conhecida – uma ‘lenda viva’- ou uma pessoa que ninguém conhece, ela ou ele não possui a história. Nem tem o direito legal a controlar, ditar, aprovar, desaprovar ou vetar a representação de pessoas reais feita pelo criador”, afirmou a decisão judicial.

A corte reverteu assim a vitória inicial alcançada pela atriz em setembro do ano passado, quando a juíza do Tribunal Superior de Los Angeles, Holly Kendig, decidiu contra os argumentos da FX para rejeitar a denúncia.

Joan Crawford vs. Bette Davis

Olivia de Havilland, de 101 anos, processou “Feud” em junho de 2017 porque não gostou da forma como foi retratada na série. A trama é sobre a famosa rivalidade entre Joan Crawford e Bette Davis.

Havilland é a única pessoa ainda vida das que aparecem retratadas na história, e seu papel foi interpretado pela atriz Catherine Zeta-Jones.

“Feud”, uma obra do produtor e roteirista Ryan Murphy (“American horror story”, “Glee”), tem como protagonistas Jessica Lange (Joan Crawford) e Susan Sarandon (Bette Davis).

Concretamente, Havilland acusou os responsáveis da série de pôr em sua boca frases que nunca disse e de inventar situações que nunca aconteceram, sem contar com sua autorização e sob a alegação de que são fatos reais.

O processo se refere, por exemplo, a uma cena em que a personagem de Havilland aparece comentando, em uma entrevista, a rixa entre as duas divas hollywoodianas.

Muito conhecida por sua participação em “…E o vento levou” (1939), Havilland especializou em papéis de mulheres doces e amáveis. Ela tem dois prêmios Oscar de melhor atriz por “Só resta uma lágrima” (1946) e “Tarde demais” (1949).

A atriz também não é uma novata quanto a litígios legais, uma vez que foi uma das primeiras atrizes a desafiar e derrotar o todo-poderoso sistema dos grandes estúdios pelas abusivas condições trabalhistas às quais estavam submetidos os artistas da Hollywood clássica.