O filme “Padmaavat” estreou nesta quinta-feira (25) com um reforço policial na frente dos cinemas na Índia, depois que hindus radicais protestaram e protagonizaram atos de vandalismo por causa da produção.

O longa conta a história (ou lenda) da rainha rajapute do século XIII, Rani Padmavati, que se suicidou para proteger a sua honra e a da família depois de o marido, o rei Ratnasimha, ser morto pelo sultão muçulmano Alauddin Khalji.

A polêmica surgiu por causa de uma cena em que o rei muçulmano sonha em ter uma noite com a rainha, o que indignou os rajaputes e setores hindus radicais. A produção garante que a cena não existe.

O diretor-geral da Polícia de Haryana, B.S. Sandhu, anunciou nesta quinta, em coletiva de imprensa, que prendeu 18 pessoas envolvidas em um ataque nesta quarta-feira (24) contra um ônibus escolar e um ônibus urbano perto de Gurgaon, nos arredores de Nova Délhi.

“Se descobrirmos alguém envolvido em atividades ilegais, a pessoa será imediatamente detida”, afirmou Sandhu.

Imagens de crianças agachadas dentro da condução escolar para se proteger do assédio dos radicais repercutiram nesta quinta em vários jornais indianos, indignados pela aparente passividade das autoridades. Em vários pontos do norte da Índia foram registrados, ao longo da semana, protestos que acabaram com carros e mobiliários urbanos queimados.

Em Jaipur, capital do Rajastão e onde o filme não foi lançado, membros do Shri Rajput Karni Sena, grupo extremista que lidera os protestos, fizeram uma moto carreata. Na cidade de Lucknow, capital de Uttar Pradesh, simpatizantes desta mesma formação foram para a porta dos cinemas para convocar um boicote ao filme.

O longa, baseado em um poema, devia ter sido lançado em novembro, mas foi suspenso por conta dos protestos e depois que Surajpal Amu, então coordenador de imprensa do partido BJP em Haryana, ofereceu US$ 1,5 milhão pelas cabeças do diretor do filme, Sanjay Leela Bhansali, e da atriz Deepika Padukone.

Agora, após receber o aval da nada flexível censura indiana e o respaldo do Tribunal Supremo, o filme, inicialmente chamado “Padmavati”, foi lançado com o título “Padmaavat”, entre fortes medidas de segurança.

Na frente da sala Delite Diamond, na capital, 60 policiais faziam a guarda, enquanto alguns curiosos se aproximavam para tirar fotos e um pequeno grupo tentava entrar para assistir.

“O produtor e o diretor também são indianos. Por que iam desonrar a própria religião?”, disse Mohammed Zaid, de 18 anos, logo após comprar os ingressos.

Os políticos também não fugiram da polêmica. O chefe de governo de Delhi, Arvind Kejriwal, declarou que o ataque ao ônibus escolar é “vergonhoso”.

Já o vice-ministro de Relações Exteriores, Vijay Kumar Singh, disse hoje que a “liberdade de expressão não dá o direito de falsificar a história”.

O Tribunal Supremo anunciou que ouvirá uma demanda de desacato contra as autoridades de Haryana, Rajastão, Gujarat e Madhya Pradesh, todos governados pelo partido nacionalista BJP do primeiro-ministro, Narendra Modi, que foram advertidos pelo máximo tribunal esta semana de que deviam garantir a ordem público.

da Agência EFE