Ao anunciar esta semana que vai investir em filmes, a Amazon, gigante do varejo da Internet, causou comoção no cenário independente de Hollywood, onde os grandes estúdios já não se aventuram muito e projetos ficam parados durante anos por falta de financiamento. Mas desse cenário também surgem muitos filmes aclamados, incluindo os indicados a melhor filme no Oscar deste ano “Selma” e “Whiplash”, e vários sucessos comerciais.

Com planos de produzir 12 filmes por ano e orçamentos entre US$ 5 milhões e US$ 25 milhões para lançamentos nos cinemas e no serviço de streaming Amazon Prime de 4 a 8 semanas depois, a empresa digital está criando um novo estúdio de filmes de arte e levando as produções para os consumidores mais rápido.

“É um ótimo negócio”, disse Mark Gordon, produtor veterano de televisão e de cinema de Hollywood por trás de filmes como “O Resgate do Soldado Ryan” e a nova cinebiografia de Steve Jobs. “Ao financiarem um filme no qual acreditam, e sabendo onde estará sua segunda janela (de exibição), há uma enorme oportunidade para eles e o resto da comunidade de criadores”, disse.

O anúncio da Amazon surpreendeu, mas a empresa sediada na cidade norte-americana de Seattle já havia melhorado sua credibilidade entre os artistas de Hollywood, especialmente por sua série “Transparent”, que conquistou dois Globos de Ouro na semana passada, seus primeiros grandes prêmios desde que estreou o Amazon Studios em 2010.

“Ficou claro que eles conseguiram dar conta no quesito série, não vejo motivo para que não o façam no quesito filme”, afirmou Franklin Leonard, fundador do Black List, site onde roteiros inéditos são compartilhados com cineastas e produtores. “O verdadeiro desafio será atrair cineastas que queiram fazer filmes para a Amazon e dar a eles a liberdade de fazer filmes que se tornem um ‘12 Anos de Escravidão’ ou ‘Birdman’”, afirmou.

A Amazon já convenceu Woody Allen a escrever uma nova série de televisão, a primeira investida do diretor na telinha. A maioria dos grandes estúdios de Hollywood abandonou as produções dramáticas para se dedicar a sucessos de ação e sequências, nas quais há menos risco de desagradar, graças às legiões de fãs leais, e mais retorno financeiro.

Notícias sobre um investidor endinheirado entrando na cena independente sempre são bem-vindas, mas a decisão da Amazon de escalar um nome de peso deste mundo para comandar a divisão Amazon Original Movies foi particularmente elogiada.

“É empolgante, especialmente por ser dirigida por Ted Hope, que tem um histórico brilhante em termos de filmagem e de projetos nos quais se envolveu”, disse Ned Benson, que estreou na direção no ano passado em “Dois Lados do Amor”. Hope produziu “Comer Beber Viver” e “Anti-Herói Americano”, este último vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Sundance.

Ao anunciar a novidade, o vice-presidente da Amazon Studios, Roy Price, disse: “Esperamos que este programa também beneficie cineastas, que com muita frequência lutam para montar histórias originais e ousadas que merecem um público”. A produção começa no final deste ano.

da Reuters